Two Ghosts

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Two Ghosts

Os mesmos lábios vermelhos, os mesmos olhos azuis
A mesma camisa branca, algumas tatuagens a mais
Mas não é você e não sou eu
É tão doce, parece tão real
Soa como algo que eu costumava sentir
Mas não consigo tocar o que vejo
Não somos quem costumávamos ser
Não somos quem costumávamos ser
Somos apenas dois fantasmas no lugar de você e eu
Tentando nos lembrar de como é sentir o coração bater

A luz da geladeira deixa este quarto branco
A Lua dança sobre seu lado bom
Era tudo o que costumávamos precisar
Calados como se não nos conhecêssemos
Contando aquelas histórias que já contamos
Porque não dizemos o que realmente queremos dizer

Não somos quem costumávamos ser
Não somos quem costumávamos ser
Somos apenas dois fantasmas no lugar de você e eu

Nãos somos quem costumávamos ser
Não somos quem costumávamos ser
Somos apenas dois fantasmas nadando em um copo meio vazio
Tentando nos lembrar de como é sentir o coração bater

Não somos quem costumávamos ser
Não somos quem costumávamos ser
Somos apenas dois fantasmas no lugar de você e eu

Não somos quem costumávamos ser
Não vemos o que costumávamos ver
Somos apenas dois fantasmas nadando em um copo meio vazio
Tentando nos lembrar de como é sentir o coração bater

Tentando nos lembrar de como é sentir o coração bater
Estou tentando me lembrar de como é sentir o coração bater

° ° °

Os mesmos lábios vermelhos, os mesmos olhos azuis. Ela ainda era a mesma garota por quem ele havia se apaixonado anos atrás, agora com algumas tatuagens a mais. Mas ele podia ver sua essência, sua personalidade doce e gentil. Ele entendia porque havia se entregado àquela relação, porque havia lutado por ela.

Era quase como se pudesse tocar o sentimento antigo, mas não era mais sólido. Não como antes. Ele se perguntava onde haviam errado. Em que ponto da relação haviam parado de tentar?

Tudo parecia o mesmo. E talvez esse fosse o problema. Eles não eram mais quem costumavam ser. Mesmo ele sendo o homem por quem ela havia se apaixonado e ela a mulher por quem ele havia oferecido todo o seu coração.

Lutaram e brigaram para conquistar o que queriam. E conseguiram. Ele deveria estar feliz, deveria conseguir sorrir honestamente. Mas seu coração não achava que era certo. Não quando a relação deles era bonita, mas como uma fotografia antiga da memória do que havia sido. Continuavam na mesma página enquanto eles mesmos mudavam. E agora eram apenas dois fantasmas nadando em um copo meio vazio, tentando se lembrar de como é sentir o coração bater.

Ele encarava o teto enquanto ouvia o bater e fechar da porta. Subitamente, o aroma dela, de rosas e algo cítrico, invadia o quarto. Ela passou por ele e beijou seu rosto. Murmuraram uma saudação.

"Como foi o trabalho?", perguntou ele, como sempre.

"O de sempre. E o seu dia?", respondeu ela.

"Normal", disse ele, dando de ombros.

O barulho da porta do banheiro; roupas caindo no chão de mármore; o chuveiro sendo ligado. Era sempre assim. A mesma rápida conversa, o mesmo sentimento vazio. Depois, o silêncio. Permaneciam calados como se não se interessassem mais. Não realmente. Não como antes.

Two Ghosts - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora