"Minha igreja não oferece nenhum tipo de perdão,
Ela diz para adorá-la no quarto.
O único paraíso para o qual eu vou ser enviado
É quando estou sozinho com você.".
Take Me To Church, Hozier.
Na noite de terça-feira, Jongin fechava a porta da igreja, pronto para procurar o seu próprio descanso. Ele tinha celebrado alguns batismos pela manhã e agora, estava cansado. Ele não usava a costumeira casula verde com a qual celebrava as missas, mas sim uma batina preta, a que ele vestia para ir a qualquer lugar e que o identificava-o como um fiel servo de Deus. Ele sempre trancava a porta por dentro e ia para a casa cural onde morava, e que era ao lado do templo.
— Bela bata preta — ouviu uma voz de dentro da igreja, exatamente depois de tê-la trancado.
— Merda! — Jongin sobressaltou-se, e Kyungsoo saiu de entre os bancos, rindo com satisfação. — Perdoe-me, Senhor Jesus! Às vezes a pessoa perde a paciência. — Jongin orou, fazendo o sinal da cruz em si mesmo.
— Com certeza você vai para o inferno por fazer uma alusão por defecar na casa de Deus.
— O que faz aqui? Abençoado, você me deu um enorme susto!
— Você está me abençoando, Jongin?
— É o mínimo que eu posso fazer depois de você testar a força do meu coração — Kyungsoo imaginou algo como sete jeitos mais interessantes de se testar a força do coração do sacerdote, e por isso lhe deu um sorriso torto, nascido de seus pensamentos retorcidos. — Eu já estava fechando. Você precisa ir embora. — Disse Jongin quando recuperou o fôlego.
— A casa é sua? Não. É a casa de Deus. Por que você está me expulsando da casa de Deus? Eu não sou bom o suficiente para estar aqui? É porque eu não uso vestidos pretos bonitos como os outros? — Kyungsoo o olhou de soslaio.
— Pela milésima vez, eles se chamam batinas, Kyungsoo. E eu não estou te expulsando, só estou fechando a igreja.
A única luz acesa era a que estava sobre o altar. Eles estavam um pouco longe, Kyungsoo na nave central e Jongin perto da porta da frente, observando o jovem se aproximar em meio aquele clima sombrio.
— A casa de Deus deveria estar aberta para a comunidade em todos os horários. Nunca se sabe quando você poderia abrigar uma alma sem teto...
— Se eu fizer isso, é possível que os ladrões roubem as coisas...
Kyungsoo preguiçosamente corria seus dedos travessos pelos bancos que estavam em seu caminho até Jongin.
— Ah, vamos lá, Jongin, o Vaticano tem muito dinheiro, eles podem repor um ou outro banco roubado... — sorriu.
— Poderia, mas não precisa fazer isso toda semana no mundo inteiro. — Kyungsoo parou e riu.
— Imagine, Jongin, que você é convencido pelas minhas palavras, deixa a porta aberta e num belo dia, alguém rouba um banco!
— Desça daí! — Jongin o interrompeu quando viu Kyungsoo subir em um dos bancos e começar a andar ao longo deles; mas o jovem o ignorou e continuou falando.
— Imagine ser chamado para confessar uma pessoa doente da comunidade e quando você chegar na casa, descobre nela o banco que foi roubado! — riu. Jongin estava a ponto de pegar Kyungsoo, mas este pulou para o banco da frente e, logo para outro e outro, rindo como uma criança enquanto o sacerdote o seguia num ritmo mais rápido com o qual podia conservar a sua dignidade. — O que você faria, Jongin?
— Eu teria que denunciá-lo por roubo — ele respondeu agarrando o ar enquanto Kyungsoo escapava de novo e de novo.
— Mas espere! Você percebe um detalhe: não há mais móveis na casa, o longo banco do templo é o único lugar onde o doente pode descansar... O que você faria, Jongin?
O clérigo parou sua perseguição. Ele estava em um dilema ético.
Demônios! Quer dizer! Deus me ajude!
— Nesse caso, eu não denunciaria... Seria uma questão de Deus julgá-lo.
— Então, daqui pra frente, deixe a porta aberta.
— Roubariam as coisas, Kyungsoo!! — Jongin resmungou parando com a perseguição e cruzando os braços.
— Ninguém com muito dinheiro roubaria um desses bancos horríveis... Você pode ter certeza de que eles seriam usados por pessoas com grande necessidade.
Jongin baixou os braços.
Santo céu! Que prova mais difícil é esse Kyungsoo!
Jongin tampouco ia contar à Kyungsoo que havia coisas mais valiosas na igreja do que aqueles bancos. Ele não queria dar mais ideias ao jovem.,
O jovem soube que havia ganhado e riu tão abertamente que o som retumbou por todos os cantos do templo e um belo coro foi reproduzido. Esse som quebrou a escuridão e a calma daquele lugar sacrossanto. O padre se sentiu extasiado, observou-o pular de um lado para o outro, enquanto que, em vez de pará-lo, ele apenas sorriu timidamente, como se observasse um querubim brincando... Apesar de que, Kyungsoo estivesse muito longe de ser um querubim, Jongin soube no momento em que o viu correr até o tabernáculo e pegar a vela vermelha que simbolizava exatamente que a presença do Senhor estava bem ali.
— Pare com isso, criança blasfema! — Jongin se apressou.
— Está muito escuro aqui, Jongin, essa caixinha não precisa de luz como eu.
— "Essa caixinha" é o Tabernáculo. Você deve ser mais respeitoso — Jongin o instruiu enquanto o alcançava e o puxava pelo braço, fazendo com que a cera pingasse em sua mão causando-lhe dor. Kyungsoo jogou a vela no chão, a qual se apagou no mesmo instante enquanto se dedicava a examinar a mão de Jongin. O ar cheirava levemente a fumaça.
— Me desculpe, Jongin, eu não queria te machucar. Você está bem?
— Estou bem — respondeu muito perto.
Kyungsoo levantou a cabeça para encontrar com os olhos do padre, com o olhar inocente de alguém que havia se tornado o objeto de suas fantasias proibidas. Kyungsoo agarrou-o pelo rosto e apoiou-se nas pontas dos pés para agarrar o lábio inferior de Jongin entre os seus. O mesmo que ele tinha tocado há alguns dias antes, o mesmo que ele sonhava todas as noites em seu pescoço, fazendo-o acordar banhado em suor.
Então era assim... O sabor do proibido... Suave, doce, úmido, quente... E Kyungsoo queria mais.
A partir dessa noite, a porta do templo ficava fechada, mas não trancada. Por quê? Porque Jongin não sabia quando aquele lugar poderia servir para abrigar uma alma dolorida.
Fonte: neqx.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PecaminoSoo - Religare I [Tradução PT-BR]
FanficKim Jongin respondeu ao chamado da fé, e é por isso que agora ele é um sacerdote cristão apostólico recém-saído do seminário. Depois da sua segunda missa na província na qual foi chamado para servir, ele recebe o pedido de uma de suas paroquianas: "...