6o Pecado

1.5K 231 133
                                    

"Minha igreja não oferece nenhum tipo de perdão,

Ela diz para adorá-la no quarto.

O único paraíso para o qual eu vou ser enviado

É quando estou sozinho com você.".

Take Me To Church, Hozier.

Take Me To Church, Hozier

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.




Na noite de terça-feira, Jongin fechava a porta da igreja, pronto para procurar o seu próprio descanso. Ele tinha celebrado alguns batismos pela manhã e agora, estava cansado. Ele não usava a costumeira casula verde com a qual celebrava as missas, mas sim uma batina preta, a que ele vestia para ir a qualquer lugar e que o identificava-o como um fiel servo de Deus. Ele sempre trancava a porta por dentro e ia para a casa cural onde morava, e que era ao lado do templo.

— Bela bata preta — ouviu uma voz de dentro da igreja, exatamente depois de tê-la trancado.

— Merda! — Jongin sobressaltou-se, e Kyungsoo saiu de entre os bancos, rindo com satisfação. — Perdoe-me, Senhor Jesus! Às vezes a pessoa perde a paciência. — Jongin orou, fazendo o sinal da cruz em si mesmo.

— Com certeza você vai para o inferno por fazer uma alusão por defecar na casa de Deus.

— O que faz aqui? Abençoado, você me deu um enorme susto!

— Você está me abençoando, Jongin?

— É o mínimo que eu posso fazer depois de você testar a força do meu coração — Kyungsoo imaginou algo como sete jeitos mais interessantes de se testar a força do coração do sacerdote, e por isso lhe deu um sorriso torto, nascido de seus pensamentos retorcidos. — Eu já estava fechando. Você precisa ir embora. — Disse Jongin quando recuperou o fôlego.

— A casa é sua? Não. É a casa de Deus. Por que você está me expulsando da casa de Deus? Eu não sou bom o suficiente para estar aqui? É porque eu não uso vestidos pretos bonitos como os outros? — Kyungsoo o olhou de soslaio.

— Pela milésima vez, eles se chamam batinas, Kyungsoo. E eu não estou te expulsando, só estou fechando a igreja.

A única luz acesa era a que estava sobre o altar. Eles estavam um pouco longe, Kyungsoo na nave central e Jongin perto da porta da frente, observando o jovem se aproximar em meio aquele clima sombrio.

— A casa de Deus deveria estar aberta para a comunidade em todos os horários. Nunca se sabe quando você poderia abrigar uma alma sem teto...

— Se eu fizer isso, é possível que os ladrões roubem as coisas...

Kyungsoo preguiçosamente corria seus dedos travessos pelos bancos que estavam em seu caminho até Jongin.

— Ah, vamos lá, Jongin, o Vaticano tem muito dinheiro, eles podem repor um ou outro banco roubado... — sorriu.

— Poderia, mas não precisa fazer isso toda semana no mundo inteiro. — Kyungsoo parou e riu.

— Imagine, Jongin, que você é convencido pelas minhas palavras, deixa a porta aberta e num belo dia, alguém rouba um banco!

— Desça daí! — Jongin o interrompeu quando viu Kyungsoo subir em um dos bancos e começar a andar ao longo deles; mas o jovem o ignorou e continuou falando.

— Imagine ser chamado para confessar uma pessoa doente da comunidade e quando você chegar na casa, descobre nela o banco que foi roubado! — riu. Jongin estava a ponto de pegar Kyungsoo, mas este pulou para o banco da frente e, logo para outro e outro, rindo como uma criança enquanto o sacerdote o seguia num ritmo mais rápido com o qual podia conservar a sua dignidade. — O que você faria, Jongin?

— Eu teria que denunciá-lo por roubo — ele respondeu agarrando o ar enquanto Kyungsoo escapava de novo e de novo.

— Mas espere! Você percebe um detalhe: não há mais móveis na casa, o longo banco do templo é o único lugar onde o doente pode descansar... O que você faria, Jongin?

O clérigo parou sua perseguição. Ele estava em um dilema ético.

Demônios! Quer dizer! Deus me ajude!

— Nesse caso, eu não denunciaria... Seria uma questão de Deus julgá-lo.

— Então, daqui pra frente, deixe a porta aberta.

— Roubariam as coisas, Kyungsoo!! — Jongin resmungou parando com a perseguição e cruzando os braços.

— Ninguém com muito dinheiro roubaria um desses bancos horríveis... Você pode ter certeza de que eles seriam usados ​​por pessoas com grande necessidade.

Jongin baixou os braços.

Santo céu! Que prova mais difícil é esse Kyungsoo!

Jongin tampouco ia contar à Kyungsoo que havia coisas mais valiosas na igreja do que aqueles bancos. Ele não queria dar mais ideias ao jovem.,

O jovem soube que havia ganhado e riu tão abertamente que o som retumbou por todos os cantos do templo e um belo coro foi reproduzido. Esse som quebrou a escuridão e a calma daquele lugar sacrossanto. O padre se sentiu extasiado, observou-o pular de um lado para o outro, enquanto que, em vez de pará-lo, ele apenas sorriu timidamente, como se observasse um querubim brincando... Apesar de que, Kyungsoo estivesse muito longe de ser um querubim, Jongin soube no momento em que o viu correr até o tabernáculo e pegar a vela vermelha que simbolizava exatamente que a presença do Senhor estava bem ali.

— Pare com isso, criança blasfema! — Jongin se apressou.

— Está muito escuro aqui, Jongin, essa caixinha não precisa de luz como eu.

"Essa caixinha" é o Tabernáculo. Você deve ser mais respeitoso — Jongin o instruiu enquanto o alcançava e o puxava pelo braço, fazendo com que a cera pingasse em sua mão causando-lhe dor. Kyungsoo jogou a vela no chão, a qual se apagou no mesmo instante enquanto se dedicava a examinar a mão de Jongin. O ar cheirava levemente a fumaça.

— Me desculpe, Jongin, eu não queria te machucar. Você está bem?

— Estou bem — respondeu muito perto.

Kyungsoo levantou a cabeça para encontrar com os olhos do padre, com o olhar inocente de alguém que havia se tornado o objeto de suas fantasias proibidas. Kyungsoo agarrou-o pelo rosto e apoiou-se nas pontas dos pés para agarrar o lábio inferior de Jongin entre os seus. O mesmo que ele tinha tocado há alguns dias antes, o mesmo que ele sonhava todas as noites em seu pescoço, fazendo-o acordar banhado em suor.

Então era assim... O sabor do proibido... Suave, doce, úmido, quente... E Kyungsoo queria mais.

A partir dessa noite, a porta do templo ficava fechada, mas não trancada. Por quê? Porque Jongin não sabia quando aquele lugar poderia servir para abrigar uma alma dolorida.




Fonte: neqx

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Fonte: neqx.  

PecaminoSoo - Religare I [Tradução PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora