Capítulo VII • Pássaro

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Os raios penetram em minha pele e incomodam os meus olhos, me fazendo acordar.

O lado em que Jonathan estava dormindo está amassado, mas seu corpo não está mais lá. Porém sei que ele ainda está na casa por sentir cheiro de ovos fritos no ar.

Rolo na cama e me sento. Percebo que minha mão está enfaixada, e por não conseguir mexer meus dedos, deduzo que foi colocado uma tala. Provavelmente Jonathan cuidou de minha mão enquanto eu estava dormindo. Alguns dedos devem ter ficado luxados após o soco que dei em Hannah. Nada que eu me arrependa.

Levanto da cama e coloco uma roupa qualquer. Checo meu celular e vejo que há vinte mensagens de Pandora.

Como assim você socou a cara da Hannah?!?!?!

Por que você não me contou?????

Meu deus, eu te amo demais! Todo mundo naquela escola queria fazer o que você fez! (Mas ela mereceu!)

Mil beijinhos para você! Me avise como está, ok? Qualquer coisa vou na sua casa fazer a maior panela de brigadeiro do mundo.

Respondo as suas mensagens, se naquela altura ela sabe, todos da minha escola também sabem.

Após fazer minha higiene, desço as escadas e vou em direção a cozinha. Jonathan está tomando café em uma xícara, lendo algo em seu celular. Exatamente igual o dia do incidente em sua casa.

- Parece que eu já vi essa cena em algum lugar. - Digo, assim que me sento na cadeira em sua frente.

Ele sorri, mas dessa vez tira os olhos da tela do celular.

- Eu iria adorar ver você de sutiã novamente.

Lembro do que aconteceu na festa na casa de Becca ontem, e Jonathan percebe até onde a sua piada me levou.

- Desculpe. - Ele diz. - Mas então... - Jonathan eleva sua voz, em um tom mais animado. - O que nós iremos fazer hoje?

Nós?

- Nós não iremos fazer nada. - Eu falo. - Porém eu estou pensando em ir no parque.

Ele revira os olhos, certamente não concordando com a minha decisão.

- Então nós iremos ao parque.

Aquele Jonathan não se parecia em nada com o garoto que eu havia tido uma conversa tensa na noite passada. Eu odiava ter que lidar com duas pessoas diferentes o tempo todo. Eu queria saber quem ele era de verdade. Já estava cansada de não saber com quem eu iria lidar assim que abrisse a boca.

- Jonathan, por que você está fazendo isso? - Pergunto, um pouco irritada.

- Eu só gosto da sua companhia.

Algo em meu estômago se revira com aquela resposta, tenho certeza que é fome.
-
O Ibirapuera era um dos parques mais bonitos que eu já havia ido, e eu adorava ir nele. Tinha a sorte de morar perto, então estava andando em suas ciclovias e em sua grama frequentemente.

Jonathan havia estendido uma toalha de piquenique na grama, e agora estávamos deitados encarando o céu azulado a nossa frente. Os raios eram escaldantes, estão usávamos óculos de sol para nos proteger.

- Vamos brincar de um jogo? - Ele pergunta.

Estou deitada em seu braço direito, e ele segura a minha mão com o braço que está livre.

- Que jogo? - Pergunto, curiosa.

Jonathan começa a fazer desenhos imaginários em minha mão.

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