O que é seguro?

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       Olá, se você está lendo isso, significa que eu estou morto, mas não se assuste em ler a última nota de um atual cadáver, estou escrevendo para documentar a tragédia que aconteceu no instituto dias atrás, bem, vamos lá, eu não sei como mas as coisas que nos rodeavam conseguiram entrar na escola, me lembro de ouvir um grito do diretor nos mandando correr, logo depois ele morreu e as coisas começaram a atacar. Eu estava no pátio quando tudo aconteceu mas eu consegui correr, fugi para o núcleo de apoio, tranquei a porta e lá fiquei por algum tempo, foi lá que eu vi o que estávamos enfrentando, o fim de uma era e talvez o fim do próprio mundo. Coisas que pareciam pessoas, com a boca cheia de sangue e olhos amarelos matando e comendo meus amigos, essas cenas me chocaram a cada vez que aconteciam, e aconteceram várias vezes durante muitos dias, eu diria que a mais dolorosa foi a de um grupo de amigos, uma garota loira, outra morena do cabelo cacheado e um menino também loiro, eles tentavam atravessar o pátio, não haviam aberrações no meio dele, mas elas estavam na grama há menos de 5 metros dos mesmos, pode parecer piada mas quando a garota loira estava quase perto da porta ela bateu o pé em uma cadeira que estava jogada no chão, o barulho foi alto o suficiente para chamar a atenção dos predadores, a menina paralisou, o garoto correu e a morena se jogou em cima das coisas para que a loira pudesse correr, mas ela não o fez, ela ficou assistindo a amiga morrer, parada e sem poder fazer nada, ela olhou para a janela do núcleo e me avistou, eu pude ver o medo em seus olhos, ela se foi. Eu não sei o que aconteceu com o amigo delas, mas espero que ele tenha conseguido sobreviver.

     Agora vou contar sobre como e por quê estou morrendo, eu saí de dentro do núcleo, pode parecer burrice mas você fica louco quando passa dias sem comer e beber, eu senti a morte ali dentro comigo e eu queria que ela fosse embora, foi quando eu abri a porta, com cuidado, e fui para a cantina ver se ainda tinha algo sobrando, após procurar por um tempo eu acabei esquecendo que eu estava em perigo e foi quando uma coisa pulou nas minhas costas e mordeu o meu braço esquerdo. Eu não fiquei lá para ela terminar de me matar, corri de volta para o núcleo e tranquei a porta, eu só não sabia que essas coisas eram venenosas, enquanto escrevo para vocês, meu braço esquerdo perdeu o movimento e eu consigo sentir algo se espalhando dentro de mim, eu não quero morrer e eu sei que não será possível continuar no estado que estou, e isso me deixa extremamente triste. Desejo sorte ao mundo e espero que isso acabe logo. Essa não será a última carta

Ass: Wagner.

Cartas MortasOnde histórias criam vida. Descubra agora