Dia 21 de Outubro de 2017, meus tão esperados dezoito anos.
Estava em casa o dia todo apenas existindo. Por volta das seis da tarde minha prima e sua namorada chegaram em casa e começamos a beber todos juntos. Colocamos algumas músicas na caixinha de som e começamos a dançar loucamente. Fomos de funk à forró. De Pitty à Tchakabum. E entre "Dança da Mãozinha" e "Xote das Moças", lembrei que tinha combinado com Henry e mais alguns amigos de nos encontrarmos no metrô para ir à Peixoto Gomide, uma avenida bem movimentada de São Paulo. Cheia de baladas e bares, era um dos lugares com a maior concentração de público LGBTQ+ da cidade.
Por volta das nove da noite saí correndo da sala antes que minha prima me segurasse mais uma vez para dançar mais uma música. Tinha que me arrumar logo, pois combinei com Henry às dez da noite na estação. Então tomei um banho demorado para tirar todo aquele suor de álcool e fui me trocar. Vesti uma camiseta de manga comprida cinza, com um tecido parecido com o tule. Coloquei uma calça jeans skinny azul claro toda rasgada e meu tênis azul aveludado.
Passei alguns bons minutos tentando arrumar a confusão que eu chamo de cabelo, passei meu perfume predileto e saí do quarto. Quando cheguei à cozinha, me deparei com os dois bolos que minha avó tinha feito do jeito que eu queria. Um doce e um salgado. Todo a minha família já estava em volta da mesa com aquela famosa expressão de "parabéns" apenas me esperando.
Minha mãe me colocou no tradicional lugar de aniversariante e ascendeu as velas. Começaram a cantar a conhecida música de aniversário e comecei a pular e cantar como se fosse uma criança de 5 anos. Pois é, lá se vai a esperada maturidade que vem com os dezoito anos. Assoprei as velas pedindo que aquela noite fosse especial. E iria ser.
Minha mãe iria me levar até a estação. Saímos correndo de casa pois já passavam das dez e meia da noite. Minha mãe me deixou na estação e como presente de aniversário dela e da minha madrinha, me deu R$130,00 reais. Imaginem a música "We are the champions" da Queen e um cara de 1,74cm, magrelo, com um cabelo loiro que quase tampava um olho, pulando em câmera lenta de tanta felicidade com fogos de artifício de fundo. Era eu.
Encontrei com Henry e meus amigos na estação de metrô, eles me deram parabéns e quase me bateram pelo atraso. Mas se eu não me atrasar pra sair, então pode ter certeza que tem algo errado. Pegamos o metrô para a estação República, de lá iríamos para a linha amarela e seguiríamos para Peixoto.
Fomos bebendo o caminho todo, e pra falar a verdade, eu nem sabia o que estava bebendo, eu só bebia. Quando chegamos à Peixoto, andamos um pouco, bebemos e fumamos muito e rolaram alguns beijos. Henry disse que tínhamos que esperar um grupo de amigos que estavam chegando. Fomos para o posto de gasolina que faz esquina com a Rua Augusta.
Quando eles chegaram me deram os parabéns e me presentearam com uma garrafa de tequila, e vamos lá, quem não gostaria de ganhar um presente desses né? Então todo mundo começou a cantar a música de aniversário de novo, e como eu já estava um pouco bêbado, nem liguei para a vergonha que estava passando, apenas curti o momento.
Passamos mais alguns minutos ali, fizemos amizades, bebemos mais, fumamos mais e então eu o vi. Um garoto alto de cabelo platinado descendo a Augusta, em direção ao posto de gasolina. E sinceramente, acho que me apaixonei por ele naquele exato momento.
Hey amores! O primeiro capítulo foi meio curtinho mesmo, eu sei, mas compensarei nos outros. Não se esqueçam de votar se gostaram tá?
Xoxo.
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Olhos Castanhos
RomancePedro é um garoto gay que acaba de completar seus tão esperados 18 anos. Num mundo cheio de descobertas, Pedro sai com seus amigos no dia de seu aniversário e acaba conhecendo Miguel, um garoto que acaba por mudar todo o mundo de Pedro drasticamente...