Prólogo

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Eu estava na sala do meu pai com seu braço direito e melhor amigo Valdir. Meu pai me mandou esperar enquanto anotava algumas tarefas para Valdir cumprir durante o dia. Me sentei próximo a janela, observando do alto as pessoas passando lá fora.

Washington Garcia Sales é meu querido pai, o melhor pai que eu poderia ter. Desde adolescente lutou muito para chegar onde sempre sonhou, e não é que o velho conseguiu. Fundou sozinho a GSStore, o maior grupo de lojas de roupas e eletrodomésticos do Brasil. Quando eu tinha 8 anos, ele e minha mãe decidiram adotar uma criança, eles me perguntaram se eu gostaria de ter um irmão e mesmo eu dizendo que não, eles adotaram Alisson, um garoto com 10 anos de idade. No começo não gostava muito dele, mas depois, fui aprendendo a gostar, viramos além de irmãos, melhores amigos. Minha mãe se casou com meu pai quando os dois tinham 22 anos, quando eles se conheceram, a empresa ainda era muito pequena, somente duas lojas de roupas, e foram juntos que construíram esse império, a maior rede de lojas do Brasil. Aos 49 anos, minha mãe faleceu em um trágico acidente de carro.

Me espantei com o telefone de Valdir tocando, acho que era sua filha, eu não a conhecia, mas ele sempre falou muito bem dela. Ele parecia feliz no telefone, parece que sua filha conseguiu alguma coisa que fez ele comemorar discretamente. Aliás, Valdir estava muito bem vestido, com uma roupa social, camisa branca e uma calça preta, provavelmente iria resolver algum problema importante que necessitava daquele traje. Meu pai sempre andava muito elegante, estava com um treno preto e uma gravata vermelha. Ele se levantou para pegar alguma coisa em um armário que ele não deixava ninguém mexer, talvez por conter objetos pessoais importantes, ou alguma coisa comprometedora, não sei.

Sempre me perguntei o que poderia ter lá dentro que ele nunca contou para ninguém da família. Será que Valdir sabia? Acho que não. Até minha mãe quando era viva dizia que não sabia de nada, que aquilo ela uma espécie de cofre do meu pai e que ele nunca comentou sobre o que guardava lá dento.

Escutei uma gritaria no corredor, parecia que o barulho estava chegando cada vez mais perto. Era a voz de Dona Joana, a secretária do meu pai.

Ninguém na sala parecia ouvir o barulho. Será que só eu estou ouvindo?

Me levantei para ver o que era, na metade do caminho de onde eu estava até a porta, um homem armado invadiu a sala. Fui rápido em direção ao meu pai, fiquei ao lado dele.

Meu pai trancou o armário espantado.

Valdir tirou o celular do ouvido sem saber o que estava acontecendo.

Dona Joana veio correndo em seguida. Ela gritava para o homem que ele não podia entrar sem autorização.

­- Quero todo mundo encostado ali naquela parede, agora. - O homem falava apontando para a parede do armário do meu pai.

Ele estava muito bem vestido, não parecia um bandido qualquer que tirava os dias para assaltar por aí. Mas bem que para conseguir entrar no prédio da presidência da GSStore teria que vestir uma roupa melhor para não dá bandeira.

- Calma aí rapaz - disse Valdir andando em direção a parede que o bandido apontou.

- Porra, anda logo seu velho.

Meu pai segurou meu braço com força, tremendo e em seguida disse:

- O que você quer? É dinheiro? Me diz quanto que eu te dou e você vai embora.

- Que porra de dinheiro? - O bandido apontou a arma para meu pai e deu uns três passos chegando mais perto. - Eu quero uma maleta com dois diamantes que eu sei que está aqui nessa sala.

As vezes é preciso mentir para encontrar a verdadeWhere stories live. Discover now