Capítulo XXXII

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Capitulo XXXII

A medida que ia entrando no hospital muita coisa me vinha na cabeça, agora eu entendia por que o Gus tinha pedido que eu falasse com o Marcelo.

Tudo que aquele menino tinha passado era como uma bomba prestes a explodir e eu estava ali pra tentar amenizar o problema.

Claro que não passei exatamente por tudo que esse menino passou, ou pelo menos não da mesma forma, ser abusado por quem deveria cuidar dele, ir parar em um orfanato depois do outro, sempre alguém usando o corpo dele como se fosse um objeto que alguém usa e joga fora, isso ele sendo tão novo ainda.

Não era à toa o estado que ele estava, conversei como Beto.

Por isso ele se enxergava como um casca, passar por isso tão novo, ter o amor de uma família negado e depois ao se ver sozinho sem ter o que fazer vender o corpo para sobreviver, uma criança ainda.

Isso me doía por dentro, alguém tinha sido o culpado por isso ...Claudio melhor parar o rumo desse pensamento esse não é o momento, precisa ter foco no Marcelo....mas alguém ia pagar por isso.

Eu sabia, eu entendia o que ele passava, e eu precisava ajudar ele a entender que tudo faz parte do passado ele precisava enterrar o passado e seguir em frente, esquecer e continuar, ele e o Rafael tinham uma vida pela frente.

Quando entrei no quarto do hospital ele estava dormindo mas tinha mais alguém com ele, o Rafael estava sentado em uma cadeira e dormindo encostado na cama fiquei olhando os dois um pouco, eu sabia o que o Marcelo tinha passado mas mesmo assim era incrível ver a beleza do menino, a claridade da janela batia em cheio no rosto dele, com certeza era um dos homens mais lindo que eu já tinha visto, e mesmo assim dormindo ele tinha um semblante triste, mas consegui notar também que ao lado dele estava a cura pra tudo isso, ver como o Rafael mesmo cansado com tudo que tinha acontecido na cidade ainda encontrava tempo pra ficar ao lado dele, mesmo dormindo o Rafael estava segurando o braço do Marcelo .... como quem diz "eu estou aqui".

Fiquei emocionado pela cena, mas estava na hora de mudar tudo isso, eu ia fazer o que fazia de melhor...mudar as coisas ....eu não ia deixar o Marcelo estragar algo de bom que estava acontecendo com ele.

Encostei mão nos ombros do Rafael, ele lentamente foi acordando e quando me viu, acho que se assustou fiz sinal para que ele não fizesse barulho e saísse comigo.

Quando saímos no corretor.

- Claudio o que houve?? Tá tudo bem?? Precisa de algo??

- Está tudo bem Rafael só vim conversar com o Marcelo um pouco, vamos no refeitório e aproveitamos para tomar um café e tu me contar como ele está.

- Que bom tô precisando mesmo tomar um café...e conversar... – Ele passou a mão no rosto, estava realmente cansado.

Seguimos em direção ao café que tinha na frente do hospital, quando sentamos e nosso pedido foi feito perguntei pra ele.

- Como estão as coisas com o Marcelo??

- Bem ele tá melhor. A batida na cabeça não causou nenhum dano, o braço e a perna vão se recuperar ele deve ir para casa...para a fundação amanhã ou depois e...

- Não é isso que eu perguntei... – fiquei olhando pra ele, infelizmente ou felizmente pra ele eu sou muito direto. –

- Eu não sei o que tu quer saber Claudio...

- Rafael eu sei toda a estória de vocês...mesmo que tu não note eu acompanho todos os meninos e acho que tu não imagina que o Gus me esconda alguma coisa..- ele ficou me olhando vi pelo rosto dele que ele estava desconcertado. –

ENTERRAR O PASSADO - CLAUDIOOnde histórias criam vida. Descubra agora