Esperando você

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“Apenas outro momento em seus olhos.”

Naquela manha de quarta-feira, Heloise estava de luto junto com céu, mas ela se recusava a se comparar com o céu. Já que os sentimentos que sentia eram o próprio pecado, e era isso que a condenava em não se afastar de Cristian.

Ele era um anjo negro que era viciado em drogas e Heloise era como a heroína, feita perfeitamente para ele, só para ele.

Heloise encostou sua cabeça no carvalho, e fechou os olhos, ela  inspirava e respirava querendo acalmar as borboletas agitadas que habitavam em sua alma.

- Heloise. – disse Louise.

Mas desta vez, ela estava triste, não assustou amiga, nem tampouco chegou gritando.

Ela está triste, já sabia o que ocorrera com a mãe de Heloise.

- Eu sinto muito. – ela sussurrou.

- Tudo bem, Louise, - disse Heloise.

Quando o sinal tocou, todos os alunos se dirigiram para dentro de São Diego.

Era manhã de literatura, Heloise nunca se adaptara a aquela matéria. Talvez seja porque a professora sempre levava as poesias simbolistas a sério.

Heloise achava que a professora era tão simbolista quanto o próprio poeta, já que quando recitava o poema, trazia junto com as palavras dores ao coração de Heloise.

- Muito bem alunos. – disse a professora. – Hoje a aula será diferente. Eu irei pedir para que vocês façam um poema simbolista para entregar na próxima aula. – concluiu.

A próxima aula da professora de literatura só tinha aula com o 2° ano uma vez na semana, já que a maioria de seus horários era com o 3° ano, a turma em que Christian estudava.

Heloise estava nervosa, que não sabia como começar a escrever seu poema, já que na maioria das aulas da professora ela estivera contando cada cílios dos olhos de Christian.

A lembrança do toque... do beijo... do pequeno encontro escondindo que tiveram entre as rosas surgiu como um névoa na mente de Heloise.

- E só para complementar, irei escolher um aluno para recitar seu poema a turma. – disse a professora tirando uma folha de sua pasta preta.

Enquanto a professora começava a explicar a aula sobre Eugenio de Castro, um dos poetas simbolistas mais conhecidos de Portugal. Heloise sentia o pulsar de seu coração como batidas rápidas de tambor, sua pele estava ficando gélida, pálida, e sua visão estava ficando turva.

Quando Heloise acordou, ela estava deitada em uma maca da enfermaria de São Diego.

Heloise abriu seus olhos devagar e virou a cabeça para a sua direta, ela queria espiar silhueta de quem estava do lado de fora conversando com a enfermeira.

Quando Christian entrou na sala, Heloise ficou petrificada, apenas em olhá-lo. Ele caminhou até a maca em que ela estava, e pôs sua mão na testa dela.

- Não está febril. – ele disse retirando a mão da pele dela.

- O que aconteceu? – ela perguntou confusa.

- Você desmaiou na sala de aula. – ele respondeu.

Heloise queria conversar com ele sobre o beijo que deram na noite passada, mas ela percebeu o olhar frio que ele lhe lançava. Christian havia voltado a ser frio com ela, assim como fizera sempre.

Christian a deixou na enfermaria quando ouviu o soar da sirene informando o fim das aulas.

Heloise não quis esperar a enfermeira vir dar-lhe alta, ela apenas desceu da maca, pegou sua mochila que estava na cadeira ao lado da maca e saiu.

Sussurros da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora