Salve-me

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"As folhas secas que caem do carvalho chicoteado percorrem o jardim solitário."

Outubro de 2004.

Naquele fim de tarde, enquanto todos os alunos estudavam na biblioteca. Heloise observava o céu pintado de um vermelho vivo, ela olhava cautelosamente as folhas do outono caindo como peças em seu lugar.

Todos os sábados à tarde, era o dever dos alunos de São Diego ir a biblioteca tirar um tempo para a leitura.

Sophia acreditava que dessa forma, a leitura os ajudaria a ocupar a cabeça com coisas que faziam bem para a sociedade.

Christian estava sentado à frente de Heloise, às vezes, ela o pegava de surpresa olhando para o caderno de desenho dela que estava fechado.

Heloise pegou seu caderno escolar, e abriu na matéria de literatura e começou a bater a caneta esferográfica na testa.

- Algum problema, Heloise? - Christian perguntou baixinho.

O barulho da caneta em minha testa estará o incomodando de alguma forma? Ela pensou. Então, parou de bater a caneta na cabeça e olhou para o caderno.

Minutos depois Heloise levantou lentamente seus olhos azuis até encontrar com as irís cinzas de Christian.

- Não. - ela mentiu.

- Mesmo? - ele perguntou arqueando a sobrancelha.

- É só um poema que tenho que fazer.

Havia algo nos olhos de Christian, naquela tarde onde o carmesim dos céus, banhava os fios loiros dos cabelos de ambos de vermelho.

Heloise o considerava um anjo, apesar de suas atitudes pecaminosas. Mas que tipo de anjo era Christian? Tudo o que ela sabia sobre ele, era que seu irmão vagava solitariamente o mar da vida despreocupado.

- Necessita de ajuda? - ele perguntou.

- Não quero incomodar. - ela respondeu.

- Relaxa. - ele disse oferecendo a ela um sorriso malicioso. - Janet e Antony vão ao parque hoje a noite. - ele disse olhando fixamente para ela.

Havia uma ponto de interrogação nos olhos de Heloise. Christian revirou os olhos e disse:

- Nós vamos com ele.

Quando o tempo de leitura acabou, todos os alunos saíram da biblioteca para suas casas. Porém Christian permaneceu sentado olhando para Heloise de uma forma que ele nunca olhara para ela desde que ela apareceu na sua vida.

Heloise poderia decifrar o olhar que ele estava lançando-lhe naquela tarde doce e calorosa?

Christian levantou da cadeira, e saiu da biblioteca.

Enquanto Heloise guardava seus materiais no armário da escola, Jeremy se aproximava dela.

- Oi, Heloise. - ele disse encostando-se no armário ao lado.

- Oi Jeremy.

- Soube que sua turma tem que fazer um poema simbolista para a professora de literatura. - ele disse sorrindo.

- É sim. - ele sorriu.

- Precisa de ajuda? - ele perguntou.

- Não, obrigada. - ela disse sorrindo. - Christian irá me ajudar.

- Christian Corvin? - ele perguntou.

- Sim. - ela respondeu.

Jeremy saiu da biblioteca sem dizer nada. Heloise virou-se para vê-lo afastar-se, ela havia dito algo que o ofendeu?

Sussurros da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora