AGATHA

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Se você utiliza a internet para conhecer pessoas, tomem muito cuidado. Pois existem muitas com más intenções utilizando esses aplicativos de relacionamentos para encontrar vítimas perfeitas. Como eu sei disso? Não, eu nunca fui vítima dessas pessoas, eu sou uma delas.

Resolvi contar para você leitor, como eu mato pessoas, especificamente homens que se acham muito bonitos e inatingíveis. Pode parecer assustador, mas para mim é algo que preciso fazer para viver em paz. Eu vejo muitos filmes e sei que você deve estar pensando; "Nossa que original, mais uma história clichê sobre sociopatas". Calma, não desistam de mim, vou mostrá-los o quanto sou uma pessoa comum e que essa minha peculiaridade é como um hobbie. Para começar as devidas apresentações, já que agora você conhece a minha parte fora do comum, tenho 18 anos e estou no primeiro período da faculdade de Direito, moro sozinha com um gato persa, chamado Bartolomeu, Bart para os íntimos. Minha melhor amiga Rebecca também faz direito e somos amigas desde o ensino médio, a conheci quando me mudei para São Paulo, somente para estudar. Eu sabia que na cidade pequena, onde nasci não conseguiria estudar para passar em uma universidade federal, quando vim para a cidade grande tudo era diferente, mas me acostumei muito rápido com a agitação. Como vim sozinha, a Becca foi quem me apresentou a cidade e todos os lugares legais que poderíamos frequentar. Ela é bem bonita e chama a atenção onde passa, tem muitos amigos além de mim, mas ela consegue dar atenção para todo mundo. Eu não sou muito popular, mas graças a ela, as pessoas acabam me conhecendo como a amiga da Becca.

Quando mudei de cidade, achei que pararia de matar as pessoas, mas descobri que onde eu for vai ter gente hipócrita, entendam que eu faço um bem para a sociedade. Não é atoa que faço direito, por mais que essas pessoas não estejam cometendo um crime diante da lei, elas comentem crimes psicológicos, se você alguma vez na vida foi humilhado, desprezado, jogado para escanteio vai entender do que estou falando. As pessoas não sabem o quanto uma palavra pode machucar. Quando criança sofri muito bullying no colégio, lembro que meus colegas eram filhos de fazendeiros que se achavam superiores a todo mundo. Era um grupo de cinco meninos que pegavam no meu pé, me chamando de feia, gorda e tudo quanto é nome, que prefiro não repetir. Como a cidade era pequena e essa era a única escola particular, tive que crescer com esses meninos enchendo minha paciência. Mas tudo começou a mudar quando eu tinha 12 anos, eu não tinha amigos nessa época e nas horas vagas eu só pensava em suicídio, quando um belo dia, em vez de pensar em me matar, comecei a pensar em matar aqueles que me faziam mal.

O líder deles, foi o primeiro claro, em uma festa de aniversário da cidade, matei-o com uma faca. Na época eu era muito amadora, deixei o corpo do menino onde eu tinha matado, sem me importar se alguém poderia ver e denunciar. A faca era da cozinha da minha mãe, voltei com ela para o mesmo lugar e ninguém desconfiou de nada. Lembro que foi uma comoção muito grande na cidade, todos ficaram impressionados como uma criança tinha morrido com tantas facadas sem ninguém ver nada, no jornal da cidade disseram que foram vinte e duas, confesso que não contei, eu só me lembro da raiva que sentia e aqueles golpes para mim era algo libertador. A morte deste menino não fez com que as ofensas na escola parecem, então elaborei um plano para matar os outros quatro. Agora sim, eu tinha pegado o gosto pela coisa, em nenhum momento tive medo da polícia me pegar, afinal eu era menor de idade, mas até hoje não tenho medo, pois sei que se fizer tudo bem feito nunca vão imaginar que eu seria capaz de tal ato. Naquela época eu vivia na igreja, cheguei a ser coroinha, meus vizinhos me achavam a bondade em pessoa, quase um anjo. Em um belo dia nublado, eu mandei um bilhete, para cada um dos meninos me encontrarem no cemitério atrás da igreja. No bilhete não tinha meu nome, falava para não contarem a ninguém sobre o encontro e em horários diferentes, eu não era boa o suficiente para matá-los de uma só vez. Eu sabia que eles iriam, todos chegaram bem assustados e aquela cena foi melhor do que eu pensava. Ver pessoas tão prepotentes que em situações de perigo se tornam um coelhinho indefeso é incrível.

Caro leitor, se você tem pessoas que não lhe fazem bem, você não tem ideia de como é bom vê-las implorarem pelo seu perdão. Se você tem coragem suficiente e um pouco de planejamento tudo pode dar certo. A minha primeira lição é esconder bem o corpo, assim a polícia não procurará um assassino, pois quando uma pessoa esta desaparecida eles procuram a pessoa, quando é encontrada morta é que começam as investigações para encontrar o assassino. Eu escondi muito bem o corpo dos quatro garotos, tem lugar melhor do que um cemitério? Não foi difícil matá-los, você deve estar pensando como uma garota fraca e indefesa consegue matar meninos mais altos e fortes que ela com apenas uma faca. Simples, leve sua vítima para um beco sem saída ou um lugar cercado que ela não tenha chance de fugir.

Com a morte dos meninos, o bullying acabou, porém meus sofrimentos não. Durante a adolescência, eu me apaixonei por vários meninos que me desprezavam e eu claro não deixava barato. Matei uns três que não me queriam por ser feia. Aquela fase de ser a excluída passou, na faculdade tem muitas pessoas legais, que tem gostos muito parecidos com os seus. Inclusive muitos gatos, não gatos tipo o Bart, humanos bonitos mesmo. Mas ultimamente tenho usado a internet para caçar homens não tão legais assim, machistas estão no item número um da minha lista. Quando vejo alguma postagem machista me aproximo com meu perfil fake é claro, se você pensa em cometer crimes cibernéticos você tem que estar ciente que não pode de jeito nenhum, utilizar seu computador ou celular, pois a polícia rastreia e chega rapidinho em você. Gosto de conversar com pessoas que tem muitos amigos, assim fica difícil também te encontrem em meio a tantas conversas. Eu não utilizo uma faca para matar mais, é muito trabalho braçal para uma lady, utilizo uma arma, que comprei de um desconhecido. Mas não pense que a pessoa tem uma morte rápida e sem dor com um tiro, eu preparo a pessoa antes para a morte, tenho que fazê-la pagar pelos seus erros. Tenho muitos objetos para tortura, gosto de cortar a língua da pessoa antes para que ela não grite e atrapalhe meu ritual. Gosto de silêncio. Escolha homens que moram sozinhos e que ninguém vai notar a falta deles, por pouco tempo é claro. Sumir com o corpo é o item mais importante da lista. Queimar é uma boa opção, é necessário que você tenha um carro para levar o corpo para um lugar seguro para queimá-lo. Gosto de levar algumas partes mais carnudas para casa, para comer é claro. Agora sim você deve ter me achado estranha, mas não se assuste, quando bem cozida ou bem assada, a carne humana é muito boa. Descobri isso quando me mudei para São Paulo e não comia carne animal por ser muito cara, tive que optar pela carne mais barata no mundo.

Espero que vocês tenham aprendido algo valioso comigo, eu não sou uma assassina, apenas afasto a humanidade de pessoas que são más.

AGATHA (Conto)Where stories live. Discover now