O fascínio por trás de suas imperfeições

Capítulo único: Press play for true love

Kim Taehyung sempre fora uma pessoa movida a fascínios; sejam eles em pessoas, hobbies ou em coisas materiais. A questão era que o castanho tendia a manter por perto tudo aquilo que o cativava de alguma maneira e assim, os demais fatores se tornavam meramente monótonos aos seus olhos.

Não era como se os desprezasse ou excluísse-os de sua vida, no entanto ele poderia identificar a sua rosa em meio a milhares idênticas, pois dentre tantas outras, somente aquela o cativara.

E talvez justamente por isso que o seu ciclo de amizades não era um dos maiores existentes, ainda que não fosse uma pessoa tímida ou ignorante com seus colegas, preferia ter poucos amigos verdadeiros a centenas de números em seu celular. Afinal, ele perpetuava o real significado de lealdade e companheirismo.

Mas apesar de sua filtragem através de suas fascinações, não vivia de insatisfações: possuía uma família que o aceitava e respeitava de acordo com sua orientação sexual, um melhor amigo com quem podia contar para todos os momentos e um gatinho adorável que se enroscava em suas pernas após um longo dia de aula.

Embora houvessem as partes negativas como o preconceito de alguns no ambiente escolar, tratava-se de algo com o que o Kim aprendera a lidar de cabeça erguida. E ele jamais permitiria que as mentes fechadas de alguns trouxessem a infelicidade de outros.

Tudo parecia em seus conformes e Taehyung até poderia classificar o seu dia a dia a algo relativamente organizado caso não existisse um enorme porém. Os seus filtros não impediam que se apaixonasse, tanto que usufruía de uma certa experiência amorosa, mas só entendeu o real significado de borboletas no estômago durante seu último ano do ensino médio.

Pois foi durante esse período que conheceu não só a pessoa mais cativante na qual já pusera os olhos antes, mas também a com o sorriso mais bonito. A sua bagunça emocional tinha um nome completo, cabelo castanho e uma aura positiva deveras radiante.

Jeon Jeongguk não era um terceirista qualquer e sim uma figura admirável para todos naquela sala, inclusive o mais velho. O fato do garoto ser um cadeirante trazia receio para alguns e estes acabavam por não se aproximarem do garoto ao não saberem o que fazer ou a maneira certa de agir.

No entanto, os que arriscavam acabavam por descobrir sua real personalidade, esta que ia muita além de sua condição física e as limitações consequentes desta. Ele era sempre sorridente e gentil com todos, como uma estrela que nunca se apagou, demonstrando assim para os incrédulos que uma cadeira de rodas não o impediria de ter uma vida normal e feliz.

Passou tanto tempo a observá-lo que mal percebeu quando cada vez que os dentinhos fofos ficavam a mostra, um suspiro deixava seus lábios de maneira involuntária ou então, o momento em que a força de vontade alheia perante as adaptações necessárias, despertaram uma sensação quentinha em seu peito.

Kim Taehyung se apaixonou inevitavelmente por ele, mas não podia dizer que estava arrependido pelo acontecimento. O único problema com os seus atuais sentimentos era a súbita timidez que dominava o seu corpo toda a vez que o Jeon se aproximava.

Era algo automático, bastava a presença do outro para que a sua cabeça se tornasse um completo branco e as palavras fugissem em segundos, deixando-o impotente. Jimin adorava rir e zombar de sua postura boba apaixonada, mas até mesmo ele tem estado impaciente com a sua falta de atitude para com sua paixão secreta.

Tanto que enquanto se perdia mais uma vez admirando a cômica expressão confusa no rosto de Jeongguk ao encarar a lousa cheia de cálculos, o melhor amigo o tirou de seu estado de transe com um golpe nem um pouco delicado em sua nuca.

O castanho resmunga e acaricia o local atingido antes de se virar para trás, encontrando com um loiro impaciente segurando um livro de matemática entre as mãos pequenas e gordinhas. O Park normalmente era uma pessoa controlada, porém não havia exagero nenhum em suas palavras ao afirmar que ele estava farto.