Wanna join me?

I'm being torn apart

"Mas o sangue em minhas mãos me assusta até a morte. Talvez eu esteja acordando hoje. Eu serei bom"

- Jaymes Young

Kylo Ren ajeitou-se sobre a cama na qual foi jogado quando a ligação com Rey se partiu, juntando esforços para levantar daquele lugar tão confortável. A força compartilhada entre ele e a garota, antes tão prematura, agora começava a afeta-lo fisicamente. Tornando-se cada vez mais bruta. Ele não sabia se também era assim com ela, mas pensar na possibilidade de machuca-la, embora irrefletido, o torturava por dentro. Era certo de que ele tinha lá seus momentos de explosão e raiva, porém não gostava de fazer nenhum mal à ela. Caso contrário não imploraria para ficar a seu lado na base starkiller e mais tarde na supremacy.

Ele deveria pesquisar mais sobre esse vínculo de força e em como agia, pois não podia arriscar vê-la quando estivesse dando ordens para seu exército de stormtroopers ou pior; para general Hux. Kylo não foi muito bem aceito como líder supremo e qualquer demonstração de fraqueza daria coragem para que o traíssem e tomassem seu lugar. Ou pior, atingissem diretamente Rey. Não, ele tinha que aprender a controlar essa conexão. Por ela. Por ele. Por eles. Mas como? Não queria que fosse extinguida, porque assim jamais poderia senti-la novamente e aquela aproximação imatura de hoje jamais se repetiria. Kylo Ren não conseguia imaginar um futuro em que Rey não enquadrilhasse seu rosto com as mãos ferventes prestes a derrete-lo completamente, encarando-o com aquele par de olhos tão verdes quanto os campos de Naboo, transmitindo a paz que ele nunca teve. Não, ele não poderia imaginar. Nem em outra realidade, outro universo, outra vida ele seria capaz de não querer Rey por perto.

O problema era que ela não mostrava quere-lo também.

Um acúmulo de frio fluía pelo compartimento fechado onde ele permanecia em silêncio, agora sentado na ponta da cama, com as mãos no cabelo e o olhar vidrado para o chão. O corpo repleto de dor ardia como se sua pele não fosse nada além de feridas abertas, recebendo pontadas de facas e sendo encharcadas de álcool puro. Era uma dor tão surreal que ele mesmo temia não aguentar. 

Teria que começar a parar de forçar a extensão do vínculo para ficar mais tempo observando-a, embora fosse essa a única alegria dos seus dias. Porém, algo era verdade, que desde que Kylo começou a estimular a força a conecta-los, ele pode senti-la mais solidamente e até quando não se viam sabia que ela estava ali e ele estava lá. Como se fossem um só. – Será que ela está sentindo minha dor? – Era essa uma das coisas que vagavam na mente do homem. Fazendo-o odiar ainda mais a vida e a força por ter impedido a conversa crua que eles dividiam.

Ren apoiou a cabeça sobre o joelho amaldiçoando a si mesmo por se preocupar com Rey enquanto alucinava de tanta dor. Ela, uma sucateira, que o abandonou e se juntou a resistência, que quase o cortou ao meio e o odeia, que o mataria na primeira oportunidade... só poderia estar louco.

O homem levantou da cama, ergueu a mão para seu sabre de luz jogado no chão, e num piscar de olhos a arma foi levada o sua mão trêmula, que logo acionou. Kylo apenas encarou aquela espada laser próxima a seu rosto, quase queimando seu corpo, que se esforçava ao máximo para não curva-se com a dor aniquiladora que era estendida por todo seu ser. 

Era tanto sofrimento, sentimento, solidão, ódio e raiva sendo alimentada que ele precisava explodir logo. Antes que isso resultasse em ataques à planetas ocupados por estúpidos aliados da estúpida rebelião por seus estúpidos servos.

 Um surto raivoso contra a parede levou a queda de alguns livros sith ao chão, que provocaram um estrondo. Barulho baixo comparado aos berros que Kylo soltava a cada golpe de sabre que ele dava na parede quase destruída. 

Merda, merda, merda.

 Por que não estar com Rey doía tanto? – literalmente.

 Ele estava fazendo algo errado? Essa dor na verdade era dela? O que estava acontecendo? Por que surtar não o acalmava mais como antes? Por que ele não podia ser como antes?