Capítulo único: Se perder na selva nunca foi tão bom

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Há algum tempo atrás...

Jeon Jeongguk. Desça aqui agora a mulher mais velha ordenou extremamente séria em um berro.

O garoto desceu as escadas desesperado. Sentou-se no lugar ordenado pronto para levar uma bronca por não ter arrumado o quarto.

— Depois de muito pensarmos em uma solução para essa sua preguiça, eu e seu padrasto chegamos há uma conclusão. Jeon JungMin também sentou-se no sofá encarando o filho nos olhos. Deu um suspiro pesado e voltou a falar:Você irá morar sozinho.

Jeongguk que até o momento pensava que ia se safar de uma punição severa, se arrepiou todo com a notícia. Provavelmente ia colocar fogo na casa quando tentasse cozinhar. Viveria de sorvete e água.

Não se preocupe. Pagaremos suas despesas como luz, água e internet. Receberá uma quantia básica de dinheiro por mês para roupas e comida. Agora, se pensa que vai fazer festa, dormir o dia todo e ter diarista está completamente enganado. Riu sarcástica da expressão de Jeon após a mãe tirar seu cavalinho da chuva. Limpará tudo sozinho, sem micro-ondas, vai aprender a cozinhar nem que para isso perca um dedo ou dois com queimaduras e cortes. Quanto a festas: terá regras dentro do condomínio.

E aí está a história de como JeonJeongguk, um garoto de dezessete anos, com hormônios a flor da pele, cursando o último ano do ensino médio, foi morar sozinho. No começo a profecia de sua progenitora cumpriu-se: queimou muito suas mãos, além de viver com muitos band-aids em seus dedos. Com o passar dos meses só aceitou seu cruel destino de sobreviver por conta própria. Acostumou-se a ficar longe do vídeo game – já que a senhora Jung confiscou antes da partida de casa – e ao horário permitido de barulhos – quando seus amigos pousavam na antiga residência havia muita gritaria e bagunça – pois, se acontecesse este tipo de coisa, levaria uma bela multa por descumprimento das regras do condomínio.

Perdeu sua rotina preguiçosa de acordar meio dia, substituindo por acordar cedo em pleno final de semana para exercer o famoso "dia da faxina". Conheceu a famosa compra mensal e economia. Bendita hora que não arrumou a cama e lavou a louça. Poderia estar com meu vídeo game e minhas festinhas com amigos, pensava isto sempre ao lavar a louça, passar pano no chão e pendurar as roupas lavadas. Entretanto, repetia mentalmente:não adianta chorar pelo leite derramado. Nem leite tinha em casa mesmo.

Segunda, seis horas da manhã. Jeon levantou sonolento, calçando seus chinelos e indo ao banheiro fazer sua higiene matinal, com ela completa, vestiu seu uniforme em frente ao espelho, aproveitando para arrumar seu cabelo em uma tentativa falha de tirar a cara de sono do rosto. Essa vida de estudante tá' muito difícil, mais fácil virar gari de uma vez, concluiu mentalmente.

Caminhou em passos médios – nem rápidos e nem tão lentos – até a escola onde passaria seu último ano em nome do senhor Jesus Cristo. Quando chegou, a primeira coisa que fez foi se sentar em um dos bancos de madeira que tinham no meio do pátio. Fechou um pouco os olhos numa tentativa falha de cochilar nem que fossem cinco minutos, mas o sinal tocou, acordando a maioria dos alunos que andavam meio dormindo meio acordado. Andou lentamente até sua sala, tropeçando na própria carteira e quase caindo. Esparramou-se na carteira prestes a dormir quando a professora de Geografia entrou.

— Bom dia alunos. — Sempre toda sorridente, pegou sua caneta, anotando os nomes das pessoas que fizeram o trabalho pedido. Quem, em plena segunda-feira,às sete e meia da manhã, conseguia ser toda sorridente?! — Jeongguk, fez seu trabalho?

— Aqui. — Entregou o papel meio amassado. Pedia há qualquer Deus que ela não implicasse com sua letra. Fazia caligrafia, só não conseguia melhorá-la de jeito nenhum.

Perdido na SelvaWhere stories live. Discover now