Capítulo único: Cada disfarçada deve ser minimamente calculada

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Eu nasci no país errado.

Minha história de amor com o Jeongguk começou com um simples pastel e na época de Natal (tudo contribuiu por romance, né?). Nós dois estávamos na mesma barraquinha de pastel, no meio de uma praça enfeitada com coisas de Natal, encrencando pelo último pastelzinho que estava em cima do balcão, enquanto a senhora da barraca ria da nossa infantilidade (eu levei o pastel, obrigada). A partir desse dia nós nos tornamos melhores amigos, depois namorados e hoje nós somos o casal da nação.

Como eu havia dito antes, eu nasci no país errado, porque aqui na Coreia do Sul tem essas coisas de servir ao exercito com determinada idade (não que em outros países não tenha, mas aqui é mais rígido) e eu e Jeongguk não seriamos uma exceção. Eu fui primeiro e o enviei cartas toda vez que minha mente não estava dominada pelo cansaço, e o pior: só podia ver Jeongguk no Natal, fato este que o tornou minha época do ano preferida.

Jesus que me perdoe, eu sei que é o seu aniversário, mas quem ganha o melhor presente, que é um gostosão de calça apertada, sou eu.

Só que dessa vez, foi o Jeongguk que foi servir.

Todos os dias eu chorava olhando uma foto dele e me entupia de doces, enquanto assistia comédia romântica com o Jimin, que virou um falso depois de começar a namorar com um tal de Kim Namjoon (parece que o cara é todo intelectual), e rezava todos os dias pra chegar dia 24 e 25 de dezembro. Pra ser sincero, eu me assemelhava bastante a Cady no clássico mean girls, ou seja, eu estava obcecado, passava 80% do meu tempo falando do Jeongguk e torcendo pra chegar o Natal e nos outros 20% eu torcia pra que alguém comentasse sobre ele pra eu falar um pouco mais.

Eu sou uma pessoa muito grudenta, grudenta mesmo. Na verdade, eu costumo me apegar até aquelas pessoas que a gente bate um papo quando está na fila do banheiro, pra passar o tempo. Não dizem que os opostos se atraem? Eu estou aqui pra provar isso. Mais tagarela do que eu, só dois de mim, e mais tímido que o Jeongguk, só o Yoongi quando fala de sexo perto dele ou coisa do tipo. O Jeon fica todo vermelhinho quando alguém vai falar com ele e eu acho isso admirável e muito aaaaaaaaaaa, até escorreu uma lágrima aqui ao me lembrar dos nossos momentos.

Enquanto eu riscava o meu calendário ansioso, Jimin e Hoseok arrumavam a minha casa pro melhor dia do ano e faziam a lista de coisas que a gente precisava comprar. O tempo foi passando, a saudade foi aumentando junto com o meu fogo (qual é, eu passei tanto tempo sem beijar que comecei a achar que o meu BV já havia voltado) e eu comecei a soar feito um condenado. Olhando sempre aquele calendário condenado, eu percebi que estava ficando vesgo de tanto olhar pra um ponto fixo (cada dia mais vesgo, ai ai) e isso só fez eu olhar mais e mais, ansioso que só.

— Hoseok, tem certeza que você comprou tudo direitinho? — perguntei pela enésima vez, me jogando no sofá e olhando pro meu relógio de pulso.

— Tenho sim, Tae — respondeu, com a cara já fechada mais que tudo nessa vida.

— É que você é meio avoado, sabe? É sempre bom relembrar — Jimin, que estava ajeitando a árvore de natal, apareceu e é bem imaginável que os dois começaram a trocar farpas eternas, já estou mais que acostumado com isso. Parecia até birrinha clichê de grifinória e sonserina, cruzes.

Para a minha sorte (e para a sorte dos garotos, que iam acabar com a garganta seca de tanto brigarem verbalmente), a campainha tocou e eu já estava desmaiado no sofá. Era a terceira vez que a campainha tocava naquele dia de Natal (Hoseok e Jimin foram os primeiros a dar as caras, recebendo o meu mau humor como resposta por ter achado que era o Jeongguk) e eu tinha certeza que o meu amado estava atrás daquela porta.

— Ah, oi, Namjoon.

Ou não.

Eu fiz uma cara tão feia, tipo quando a gente toma aqueles comprimidos grandes e ele não desce, que o Namjoon me olhou preocupado.

Operação (In)DiscretaOnde histórias criam vida. Descubra agora