capítulo único.

141 31 5
                                    

  Quarta-feira, 10:00pm, noite de chuva, garoto na chuva. Ele canta alto, eu o observo pela janela, vezes pensando em sua voz magnífica - que por mais que fosse alta,tornava -se quase inaudível por conta da chuva -, vezes pensando em um possível resfriado, e vezes pensando em me aproximar e cantar com ele.
  Quarta-feira, 10:15pm, noite de chuva, garotos na chuva. Me aproximei do garoto e permiti que minha voz se mesclasse com a dele, assim como nossos olhares calmos. A chuva colava nossos cabelos na testa e encharcava nossas roupas. O frio judiava de nossa pele e deixava nossos lábios roxos. Mas as vozes não se deixavam abalar por estas condições.
  Quando a chuva ia embora, voltávamos para nossas casas e nos víamos novamente apenas na próxima tempestade, sem trocar uma palavra se quer.
  Um certo dia vi um caminhão de mudanças em frente à sua casa, eu sabia que você ia embora, levando contigo minhas cantorias em noites chuvosas.
  Oh, garoto da chuva, nunca soube seu nome, mas eu realmente sinto sua falta, mesmo sem termos trocado palavras. Sua voz era de tirar o fôlego, na verdade, de trazer o ar de volta aos pulmões.
  Queria novamente ter meus dezoito anos, para ter mais tempo para te procurar, agora eu estou velho, não posso mais viajar o mundo a sua procura, mas juro que o faria se pudesse.
  Espero que lembre de mim, com amor, seu companheiro de cantorias na chuva.

boys in the rainy night.Onde histórias criam vida. Descubra agora