Olhos Castanhos

Capítulo 5 - Adeus sem despedida

 Depois de deixar um rombo no meu pescoço, Miguel e eu conversamos um pouco mais sobre coisas aleatórias que não me recordo pela bendita tequila. Um amigo dele apareceu do nada pegando ele pelo braço dizendo pra vir com ele pois ele estava louco para achar um garoto asiático, depois de um tempo, descobri que esse amigo dele, que era o mesmo que me pediu cigarro, era meio pancada por asiáticos. Miguel me disse pra ficar ali, pois ele voltaria, e de novo, não sabia se era um pedido ou uma ordem, mas afirmei.

 Então ele foi e eu voltei ao meu universo e descobri que Henry tinha perdido o celular, e que uma amiga nossa tinha se perdido. Pois é, por causa de um beijo, aliás, vários beijos, eu nem sabia mais o que estava acontecendo com meus amigos. Bem, conversamos, bebemos mais e dançamos como se fosse o último dia de nossas vidas. Meus amigos compraram um brigadeiro de não sei de quem, estava com fome e aceitei. Depois de muito tempo que percebi que aquele brigadeiro não tinha só chocolate, manteiga e leite condensado. Mas naquele momento parecia que minha noite estava mais incrível do que antes, e olha que antes ela já estava sensacional. Ficamos ali por mais um tempo até duas mulas, vulgo amigos meus, começarem a dar o famigerado "pt". Era vômito pra um lado, cuspe pra outo, uma nojeira. Mas eram meus amigos, então larguei minha brisa e fui cuidar dos dois.

 Dei comida, água e deixei onde estavam. Não tinha muito o que fazer, eles capotaram, mas pelo menos estavam sob minha vigilância. No meio daquela centena de pessoas que ficavam na Peixoto, muitos começaram a gritar e correr. Foi meio difícil distinguir o que estava acontecendo no começo, mas logo vi vários policiais lançando bombas de gás de pimenta. Na hora peguei Luiza e Carlos, meus amigos que estavam passando mal, pelos braços e gritei pro resto do grupo pra corrermos. Ou iríamos respirar o gás e quase morrer de tanto tossir, ou, iríamos ser todos massacrados pela multidão que corria pra se safar. Então, num pique só, saímos correndo. Nem lembrava de Miguel na hora, só queria que todos saíssem dali em segurança. Olhava pra trás a todo momento tentando ver se estavam todos ali, mas faltava um, Henry. Entreguei Carlos e Luiza à Julio e disse para ele me esperar na esquina, onde sabia que seria seguro e saí correndo em meio a multidão atrás de Henry.

 Encontrei Henry na árvore onde estávamos, ele nem sabia o que estava acontecendo. Henry sempre foi meio tonto, mas já havia me acostumado com aquilo. Peguei-o pelo braço e saímos da confusão. Encontrei meus amigos na esquina, como havíamos combinado. Julio estava flertando com um cara, pra variar, Luiza e Carlos ainda estavam largados no chão e o resto do pessoal estavam conversando e fumando um pouco mais a frente. Me tranquilizei. Decidimos ir pra um lugar onde estaríamos seguros e longe de mais bombas e correria. Fomos para a praça Roosevelt, mais conhecida entre o grupo como praça da Rose. Vocês já devem imaginar o sacrifício que foi para levarmos Carlos e Luiza para a praça né? Eles não andavam, então tivemos que, literalmente, carregá-los até a praça, e isso não foi fácil, muito menos divertido. 

 Quando chegamos à praça, ficamos em um dos bancos e Carlos e Luiza disseram que queriam ficar nas escadas conversando, então deixamos eles lá, mas ficamos sempre de olho, mais ou menos. Conversamos e demos risada lembrando da confusão. Compramos mais um vinho. Foi bem difícil convencer a vendedora a fazer por R$5 reais um vinho de R$10. Nunca que eu iria pagar R$10,00 num vinho que, no mercado perto de casa eu pagava R$2,99. Compramos o vinho e voltamos para o banco. Quando olhamos para a escada, não vimos mais Carlos e Luiza. Não nos preocupamos, na verdade já esperávamos isso, eles sempre sumiam no rolê, então acabamos nos acostumando. 

 Entre risadas, brincadeiras e fotos, me lembrei de Miguel e me perguntava onde ele tinha ido parar. Olhei meu celular pra ver se ele tinha mandado mensagem, havia uma certa esperança em mim. Se ele tivesse me mandado mensagem, poderia falar pra ele me encontrar na praça e meu sonho de princesa de conto de fadas iria continuar. ,Mas como nem tudo na vida são flores, ele não me mandou nada e eu estava com 2% de bateria, então mesmo que ele mandasse, eu não conseguiria ver.

 Esperamos o metrô voltar a funcionar e fomos para casa. No caminho de volta parecíamos zumbis de uma série ruim. As pessoas indo trabalhar e nós ali, largados sem rumo nenhum na vida. Eu estava com fome e não tinha mais nada aberto e também me restara alguns centavos do dinheiro que ganhei da minha família, então de qualquer forma, eu iria continuar com fome até chegar em casa, e ela ainda estava longe. Julio, Gisele e Carla iriam dormir em casa e eles também estavam morrendo de fome.

 Quando finalmente chegamos em casa, atacamos as geladeiras, os armários e todos os lugares onde tínhamos comida guardada. Carla, boba e ingenua, achou que a garrafa de refrigerante de guaraná que estava em cima do balcão era refrigerante e colocou no copo. Encheu o copo até a boca até eu ver e quase gritar que aquilo não era refrigerante, mas sim óleo. Pois é pessoal, quem nunca teve uma desilusão dessa ou com o pote de sorvete no congelador que na verdade era feijão né? Voltando, depois de comer que nem dragõeszinhos, fomos dormir. Minha cabeça não parava de girar e de pensar em Miguel. O que será que ele estava fazendo? Será que estava bem? E se ele tivesse se perdido dos amigos e agora estivesse sozinho? Larguei todos os pensamentos ruins e pensei que ele estava bem, era melhor assim. Deitei e dormi que nem uma pedra.

 Acordamos no outro dia, tomamos café da manhã, que parecia mais um almoço pelo horário que acordamos, e Julio, Gisele e Carla foram embora. Todos perguntaram como foi a noite e eu só respondi que foi inesquecível. Fiquei o dia todo esperando Miguel me mandar mensagem. Dormi mais um pouco, assisti uns filmes com a minha tia que mais parece irmã, li um pouco e dormi mais. Até que 20:37hrs, sim eu lembro exatamente a hora, Miguel me manda mensagem. Eu posso jurar que meu coração parou de bater naquele momento.

Hey amores! E aí, o que estão achando? Me deixem saber de tudo, o que não está legal, o que vocês gostaram e tudo mais. Prometo que vou atualizar mais essa bagaça a partir de agora tá? Não esqueçam de votar se gostaram do cap okay?

XOXO