3. Caitlin

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-Tem certeza disso? - seu olhar julgador cruzou com o olhar amedrontado e hesitante de Fanny Smith. Caitlin erguendo minimamente a sobrancelha apenas reafirmando sua pergunta, Fanny engoliu seco. - Você tem duas opções e somente uma delas é a correta. Vidas estão em jogo.

Os olhos de Fanny se encheram de lágrimas que pareciam prestes a transbordar. Por um milésimo de segundo ela sentiu pena, mas rapidamente passou e um sorriso cínico surgiu em seus lábios.

-Ok. Acho que já está bom. - Cisco interviu a puxando para longe da garota, Caitlin pode ouvir o suspirou aliviado dela. - Se lembre que Fanny está apenas começando e que você tem que ter calma.

-Ela tem que aprender que todos os seus atos tem consequências. E eu estou totalmente calma. - falou se desvencilhando de Cisco e seguindo em direção ao elevador. Não havia muitos funcionários no laboratório atualmente, no máximo uns trinta, mas todos eram bem treinados e de confiança, porém nenhum deles sabia sobre o Flash ou relacionamento do laboratório com a Liga da Justiça.

-Você tem que parar de descontar nos outros seus problemas pessoais. - Cisco disse apertando o botão do elevador para o andar 600°. - Se eu gritasse com alguém cada vez que Gyspy brigasse comigo, acho que já teria sido processado por assédio moral.

Caitlin bufou o ignorando, sabia que Cisco estava certo, sabia que devia sentar e conversar com Barry sobre tudo o que estava acontecendo, porém às vezes era mais fácil deixar pra lá. Sentiu seu celular vibrar no bolso de seu casaco, o pegou e desbloqueou a tela.

Podemos conversar?
Jitters, dez minutos. - Charlie

Respirou fundo bloqueado a tela novamente. As portas do elevador se abriram.

-Vou tomar um pouco de ar para me acalmar. - disse enquanto Cisco saia do elevador.

-Ok. Até mais.

-Até. - murmurou deixando as portas se fecharem novamente. Respirou fundo apertando as mãos em punho, o  anel de ouro na sua mãe esquerda começou a incomodar, isso a lembrou de Barry. Eles ainda não haviam conseguido conversar direito, ela não havia contado a ele sobre Charlie, sabia que quando fizesse Barry não levaria numa boa, a opinião de seu marido sobre Charlie e não era a melhor do mundo.

Em resumo, Barry detestava Charlie. E Caitlin nada podia fazer, entre seu marido ou seu irmão, ela não sabia quem escolher.

[...]

Charlie ainda tinha o mesmo sorriso maroto de sempre. Seus olhos amendoados brilhavam e seu cabelo ainda estava longo quase na altura de seu queixo. Caitlin tentou sorrir ao vê-lo, mas as memórias de sua última aparição não eram as melhores.

-Ai está a minha irmãzinha querida. - ele disse a puxando para um abraço demorado. - Como está? Como o pequeno Ed está?

-Vou bem e Ed também, eu acho. Ele é um pré - adolescente, nunca sei quando está bem. - murmurou se sentando na cadeira vazia à frente de Charlie.

-Ah, entendo perfeitamente. Eu era um ótimo adolescente. Adorava ficar trancado no quarto jogando vídeo game.

-E olha o que esse lindo estilo de vida fez com você. Agora é um bobo idiota que sempre me procura quando precisa de alguém, e por falar nisso, o que você quer desta vez, Charlie?

Charlie riu colocando a mão sobre o peito.

-Assim você me ofende. - ele disse dramaticamente. - Mas você está certa, preciso de abrigo, tem uns cara que acham que eu os roubei, o que é uma grande de uma puta mentira, mas tenho que me esconder para eles não me matarem. Você poderia me dar abrigo? Não é por muito tempo, eu prometo.

Caitlin mordeu o lábio em hesitação, Barry nunca aceitaria Charlie vivendo com eles. Ela até entendia a preocupação do seu marido, mas não podia negar abrigo ao seu irmão.

-Você não pode ir para a minha casa, mas vou tentar dar um jeito de te arrumar um lugar para ficar. Apenas espere um pouco. - disse já se levantando.

-Quanto tempo?

-Até o fim do dia. Te mando uma mensagem, ok?

Charlie se levantou e a abraçou com força.

-Sabia que poderia contar com a minha irmã favorita.

Caitlin até cogitaria dizer que ela era sua única irmã, mas não sabia dizer se aquilo era verdade ou não, a mãe de Charlie nunca foi uma santa.

Rapidamente se despediu dele. Precisava ir para casa enquanto ainda não havia ninguém, precisava da chave do seu antigo apartamento, nunca havia se livrado do imóvel porque ela e Barry o utilizavam como uma rota de fuga para quando precisavam ficar sozinhos sem as crianças por perto.

Charlie podia muito bem ficar lá enquanto escapava de seus atuais problemas, Caitlin apenas estava torcendo para não ser por muito tempo. Mesmo brigados, ela odiava esconder coisas de Barry.

[...]

Abriu a porta de casa esperando apenas o vazio e o silêncio, porém se surpreendeu ao encontrar Barry sentado na mesa com vários papéis espalhados a sua frente. Caitlin parou meio hesitante, ele parecia tão imerso em seus próprios problemas que nem a viu chegar. Talvez pudesse subir pegar a chave e sair sem ser vista. Silenciosamente seguiu até a escada, já estava quase no primeiro degrau quando Barry disse.

-Já disse, você não consegue ser silenciosa.

Caitlin se virou encarando o marido que ainda olhava para as folhas em sua mão.

-O que está fazendo em casa tão cedo? - ela indagou caminhando até ele. - Não devia estar na delegacia?

-Às vezes gosto do silêncio. - ele disse finalmente olhando para ela. Caitlin assentiu empurrando algumas pastas para o lado e se sentando na mesa.

-Entendi. Enquanto estamos dando duro, trabalhando ou estudando, você fica aqui curtindo a vida. - falou em tom de brincadeira, Barry riu deixando os papéis de lado e a puxando pelas pernas em sua direção.  Caitlin riu enquanto se viu arrastada pela mesa para ficar na frente dele.

-E você, o que faz aqui? - Barry indagou.

-Cisco disse que eu precisava de um banho frio para desestresar. - mentiu. - E embora ache que isso é um exagero, resolvi acatar. Precisava respirar um pouco mesmo.

-Então se ele lhe receitou um banho frio, acho que posso lhe fazer companhia nessa batalha.

Caitlin sorriu se inclinando para frente e o beijando.

-Será um enorme prazer. - sussurrou contra a boca dele. Barry se ergueu e ela rapidamente entrelaçou as pernas contra a cintura dele.

Ele então a levou na direção da escada, Caitlin amava quando ele fazia tudo lentamente, no tempo deles.

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