oh no

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já fazia duas horas desde que jaemin chegou na casa de renjun e podia jurar que nunca fora tão bombardeado com palavras antes.

tudo o que ousava questionar ou comentar era uma oportunidade para o chinês ficar horas insistindo no assunto, batendo na mesma tecla.
não sabia jaemin se era uma necessidade ou se sentia obrigação de fazer aquilo para o clima não ficar estranho, até porque mal se conheciam e o coreano não era de falar muito; mas, por deus, existem limites e o na acredita já ter ultrapassado os seus.

lá estavam os dois no quarto pequeno do chinês, escorados na barra da cama, enquanto apoiavam o caderno nos joelhos dobrados.

jaemin apenas atendera uma ligação de sua mãe, o que significou estar há mais de dez minutos ouvindo sobre a vida da mãe do huang.

o castanho não gostava de ser arrogante — logo com o próprio anfitrião — portanto tentou, indiretamente, mostrar seu descontentamento com expressões de quem já está de saco cheio, mas não é como se renjun tivesse reparado — ao menos continuava falando sobre o casamento de sua mãe.

olhou de canto para o relógio na parede. quinze minutos.

fechou os olhos.
depois dessa torturante sessão de terapia forçada, garantia que seu coreano estava mais afiado que nunca.

posicionou o caderno ao seu lado, vendo que não o utilizaria tão cedo, e, ao mesmo tempo, renjun se virou completamente para si, cruzando as pernas e continuando a falar incansavelmente.

era tanta persistência que o castanho sequer fazia questão de esconder seu desinteresse, estampado como adesivo no meio de seu rosto.

— você gosta de conversar, não é? — deu um risinho nervoso, tentando não parecer tão crítico quanto soou.

mas, no fundo, desejava que renjun percebesse o quão incômodo aquilo estava sendo, mas parece que aquela vontade ficaria apenas em seus pensamentos.

— sim, gosto de conversar desde criança! sabe, eu tive um amigo...

jaemin estava quase batendo a cabeça na cômoda atrás de si; a proposta era tentadora.

concluiu que indiretas não funcionavam com o chinês; ou ele realmente não captava ou não se importava mesmo.

precisava encontrar outra forma de fazê-lo ficar quieto, porque a situação, desde horas atrás, estava ominosa.

em um momento de imersão aos pensamentos, se pegou prendido no sorriso do huang, que sorria pelo o que dizia — obviamente jaemin não estava ouvindo.

estaria mentindo se dissesse que seu coração não falhara uma batida ao se deparar com aqueles dentes brancos, as pequenas covinhas e os olhos semiabertos que compuseram o rosto do chinês pelos milímetros de segundos.

nunca tinha visto renjun daquela forma. nada mais que um falante infrene.

pareceu mudar quando percebeu estar se aproximando do rosto do menor.
relutante, travou, mas já era tarde demais.

por forças prodigiosas, o huang havia parado de falar e agora o encarava um tanto desconcertado.

jaemin pensou em se afastar, mas o vermelhidão e a confusão estampados no rosto do chinês só o deixavam mais louco.

sem sair daquela posição, devolveu o olhar ao chinês.
o mesmo que abrira a boca diversas vezes para falar alguma coisa, mas, por incrível que pareça, daquela vez, nada saía — contraditório a alguns minutos antes.

— o que você está fazendo? — se contentou a murmurar o chinês, ainda sem tirar os olhos de jaemin.

o mesmo que sorriu, parecendo se entreter muito com a situação.
ele gostava de estar no controle, e fazer renjun parar de falar era quase um marco para si.

encostou os narizes, em uma aproximação perigosa, já sentindo a respiração pesada do huang bater em seu rosto.

— o que parece que estou fazendo?

viu o mais velho engolir seco.

— e-eu não sei, que tal você me explicar? já que veio aqui para fazer o trabalho e nem isso fizemos. céus, estamos ferra-

quando percebeu que tudo começaria de novo, jaemin avançou em direção ao garoto, sem antes revirar os olhos.

automaticamente, o ambiente ficou em um silêncio como nunca antes.

renjun permanecia estático enquanto o coreano insistia no contato, apenas com um encostar de lábios que fora o suficiente para fazer o moreno se calar.

jaemin manteve os rostos próximos, não escondendo um sorriso ridente.
o cheiro de renjun estava o enlouquecendo e só tornava tudo mais difícil a resistir.

já o mencionado continuava em total silêncio, com o rosto pegando fogo e o coração ameaçando sair pela boca.
quem o visse não o conheceria.

— ei, renjun.

direcionou o olhar ao maior.

— não quer calar essa boca me beijando não?

desta fez, fora o chinês quem tomara a frente.
e, pelo resto da tarde, o huang se manteve ocupado demais para contar suas fascinantes histórias de vida.

renjun certificaria-se de falar o dobro do usual se isso significasse receber mais beijos como aquele.

ei, renjun Onde histórias criam vida. Descubra agora