Capítulo 14

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Sandra foi conduzida com urgência ao Hospital Nair Alves de Sousa, localizado no centro de Paulo Afonso. Ela passou por uma tomada de exames. Havia muitos arranhões em várias partes de seu corpo, em especial em seus braços e suas pernas, algo que uma jovem vaidosa como ela iria odiar. Mas a principal preocupação dos médicos era o ferimento na cabeça, de modo que fizeram uma série de radiografias e tomografias. Além disso, tiveram que raspar parte de seu cabelo para a sutura. Isso, sim, a fará surtar de verdade!

Os pais de Sandra chegaram ao entardecer do dia seguinte. Provavelmente, haviam pegado um avião assim que receberam um telegrama enviado pelo professor Adilson explicando o ocorrido. Ao se aproximarem e reconhecerem Miguel, que aguardava na sala de espera, ficaram surpresos. Dona Regina, mãe de Sandra, avançou até ele segurando-o pelos braços com força e balançando-o.

— Isso é culpa sua, não é, garoto? Sandra me contou que você terminou o namoro com ela semanas atrás... Ela é uma menina sensível, Miguel! Não acredito que isso foi um acidente! — acusou-o severamente, aos prantos.

O professor Adilson interveio.

— Acalme-se, dona Regina. Por favor, aqui não é lugar para tumultos. Acalme-se... Vocês deveriam estar o agradecendo, e não o acusando. A filha de vocês só está viva graças à coragem e a ação rápida da parte dele. Miguel arriscou a própria vida para salvar a de Sandra.

Os pais de Sandra fizeram cara de espanto e começaram a sentir-se envergonhados diante da afirmação do professor, mas estavam tão preocupados com a filha que não quiseram perder tempo com pedidos de desculpas. O orgulho também deve ter falado mais alto. Assim, retiraram-se dali imediatamente, à procura do médico de plantão para obterem informações sobre o estado de Sandra.

Miguel aguardou ansioso. Observava as horas passarem. Desde que havia chegado ali, viu a noite tornar-se dia, e agora outra noite se aproximava novamente, e Sandra continuava inconsciente. Precisava falar com ela assim que despertasse e pedir que preservasse o seu segredo. Se ela prosseguisse com suas ameaças, iria arruinar a vida dele. Mas, como convencê-la? Sandra era uma pessoa muito teimosa, cheia de vontades. Quando colocava uma coisa na cabeça, ninguém conseguia fazê-la mudar de ideia. Miguel não tinha muitas esperanças, mas não sairia dali sem tentar, afinal, era sua vida e sua felicidade que estavam em jogo.

De tempos em tempos, Miguel saía para dar uma volta, fazer um lanche ou tomar um café. Mas, no final da tarde do segundo dia naquele hospital, durante um desses intervalos, o professor Adilson saiu à sua procura para avisá-lo que sua "namorada" havia finalmente despertado. Encontrou-o observando o pôr do sol, os pensamentos voltados para Giovanna. Miguel agradeceu e saiu correndo, deixando o professor para trás.

— Caramba! — exclamou Adilson. — Deve estar muito apaixonado esse garoto! — E pôs-se a rir.

Foi o que a maioria imaginou quando Miguel insistiu em ficar. Sua pressa, porém, tinha outros motivos. E eles envolviam Giovanna, não Sandra. Ele precisava voltar a tempo de levá-la ao baile de formatura, mas este estava ficando cada vez mais curto, no entanto, era imprescindível que resolvesse a questão com Sandra, pôr uma pedra em cima disso de uma vez por todas, a fim de que nada interferisse em sua vida ao lado de Giovanna.

Quando chegou diante do quarto, Miguel girou a maçaneta, mas antes de abrir a porta e entrar, respirou fundo, reunindo coragem para enfrentar o que estava por vir. Temia a reação de Sandra. Havia o risco de um novo escândalo quando ela o visse, ou quando ele tocasse no assunto.

— Seja o que Deus quiser... — sussurrou ele.

Ao entrar, se deparou com uma enfermeira que examinava a pressão arterial de Sandra. De início, ela parecia não ter visto Miguel, mas após fazer algumas anotações no prontuário, a enfermeira se voltou para ele.

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