Capítulo único: Meu primeiro e único amor é um cirurgião mal-humorado

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Novokuryanovo

Moscou, Rússia.

Saudades de ontem quando sentia a maravilha de ter -10º assolando meu copo mesmo que completamente coberto pela farda, mesmo que seja acostumado com esse tipo de temperatura, ainda me custa muito mediar um treinamento com um bando de preguiçosos correndo por colinas cercadas por um algodão doce branco e mortífero. E somando tudo isso, tem Min Yoongi me custando fugas pela minha vergonha de não conseguir dar um veredito final.

Posso assumir a frente de uma batalha, orquestrar com maestria um resgate em terras inimigas, mas não me peça para terminar um relacionamento que eu provavelmente vou fugir com o cu entre as pernas, ainda mais como alguém como o Yoongi.

E o que diabos aquele turista está fazendo ali? A julgar por sua aparência ele é asiático, mas não posso me dar ao trabalho de conversar com alguém aqui em coreano simplesmente por achar algo, preciso manter a linha de ofício. Será que terei que ser drástico a ponto de confiscar aquela bendita câmera, que ao julgar pelo formato é claramente um profissional? Odeio ser rude com os cidadãos, mas tenho que forçar a barra quando descumprem ordens explícitas.

Principalmente quando ignoram uma placa vermelha evidente com os dizeres: Restricted Area: do not enter, presa em tudo quanto é lugar desta redondeza. Não quero ter que lidar com mais acidentes, ainda mais de gente irresponsável.

Com licença, se afaste, essa é uma área restrita. — Meu inglês é uma bosta, consigo aprender facilmente o russo, mas conversar nessa língua com alguém sem tremer é quase impossível, sempre acho que estou trocando as palavras e chamando alguém de bosta de vaca. — É proibido tirar fotos do local, peço que compreenda, essa é uma missão de salvamento.

Missão de salvamento? Há pessoas feridas aqui? — Ótimo, agora teremos um diálogo. — Eu posso ajudar! Sou médico. — Ele não parece um médico, de longe parece um bobalhão mal-humorado muito bonito, de qualquer modo, não posso continuar afastado da zona de conflito, preciso tirá-lo daqui e ainda tentar buscar locais para acolher a família que teve a casa incendiada.

Entendo, mas não precisamos de sua ajuda, Sr. Médico, temos pessoas capacitada aqui.

Entenda você, Sr. Soldado, você pode atirar muito bem, mas você apenas mata! Quem salva aqui sou eu, então seja um educado de merda e me deixe passar! — E foi assim que ele simplesmente ultrapassou as três das quatro placas de aviso claro e caminhou em minha direção decidido demais para um turista curioso, antes que eu pudesse reagir, vejo seu corpo passar pelo meu e caminhar rapidamente para a zona de conflito. Nunca vi alguém tão petulante a ponto de levantar a voz para um superior, agarro seu braço antes que ele avance ainda mais, meus pés segurando-se na neve fofa.

Seja legal e poupe meu tempo precioso! — Ele me encarava de uma maneira astuta, quase cedi, seu castanho parecia tão inebriante que me vi tentando decifrar aquele olhar tão carregado por uma rebeldia médica. — Eu sou o oficial aqui, é seu dever como cidadão me respeitar! — Estou o pressionando ainda mais no braço para fazê-lo ceder às minhas ordens, contudo, ele encara isso como algo a enfrentar, não o vejo fraquejar sequer um segundo.

— Jeon! O corpo de bombeiros... — A voz de Jimin me faz associar melhor o momento, eu vim atrás de sinal para chamar pelo corpo de bombeiros, mas acabei me perdendo com esse turista médico idiota. — Tudo certo por aqui, não é mesmo?

— Você são coreanos. — O tal do médico rabugento começa a tagarelar novamente, estou pressionando seu braço e provavelmente o marcando com os meus dedos, não duvido nada que esteja roxo naquele local, e ele ainda mantém a pinta de bom moço. — Há algum ferido, rapaz? Pois esse jovem petulante aqui está impedindo a ação médica!

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