Era difícil atentar-se ao momento exato em que se apaixonaram e passaram a ser somente um do outro, talvez tenha sido amor à primeira vista, ou talvez tenha sido naquela vez em que o mais velho teve de ficar dando aulas de monitoria sobre História da Ásia a Jeongguk. Este que insistia em dizer que aquela matéria era chata e cansativa, mas que parecia disposto a apreciá-la ou até odiá-la ainda mais, só para ter o prazer de escutar o timbre rouco do acastanhado contra sua bochecha quando ele inclinava-se para ensiná-lo.
Não foi surpresa alguma quando anunciaram relacionamento sério para seus dois melhores amigos, Jimin e Namjoon. Os dois que, com o tempo, também confessaram sentimentos amorosos entre si, tornando-se um modelo de casal para os mais novos, já que esses tinham a certeza de que aqueles sorrisos e olhares trocados, sendo à soleira do colégio ao qual estudavam, ou no terraço do apartamento onde o mais velho entre todos morava, significavam mais do que aparentavam. Era como se já esperassem que tal coisa fosse acontecer, só não sabiam quando.
Agora, mesmo com Jeon consolidado em sua carreira como médico oncologista e o Kim prestes a terminar a faculdade de artes cênicas, com direito até a uma proposta para participar de um dorama logo mais – o que acabou resultando em aplausos por parte dos amigos e um convite para um jantar em comemoração –, não havia tido uma mudança significativa no relacionamento de ambos desde o ensino médio, senão uma reciprocidade cada vez mais intensa e cores de cabelo que Taehyung persistia em mudar constantemente por enjoar rápido.
Haviam se casado em uma cerimônia simples, apenas poucos convidados, sendo eles a família e alguns conhecidos e amigos próximos. Nada muito extravagante, mesmo que o Kim tivesse dito que adoraria um vestido de renda frivolité com direito a véu e grinalda adornados de cristais swarovski, arrancando risos de todos os presentes. E, ali, após um ano como maridos ao quadrado, com o mais velho ajudando o médico a deixar a gravata borboleta esquadrada em seu pescoço, já que o garoto não tinha jeito para isso e estava quase se irritando com aquele pedaço de tecido, nunca se viram tão apaixonados.
— Não precisa se irritar com o tecido, se fosse ao menos poliéster, eu até entenderia, mas é algodão. — Taehyung depositou um selar rápido nos lábios do marido assim que terminou de arrumar a gravata. — Vamos, o jantar começará em instantes e acho que estou com princípio de dor de cabeça, não quero demorar muito, apenas chegar em casa e dormir após isso.
— Já tomou remédio? Quer que eu te examine? Sabe que podemos cancelar ou não ir se você não estiver sentindo-se bem, não é, darling? — Jeongguk preocupou-se no mesmo instante com o esposo.
— E perder comida grátis? Perder a oportunidade de comer à custa do Jiminnie? Jamais. — Riu, lembrando-se de como o amigo era avarento. — Não se preocupe, não precisa ser o doutor Jeon hoje, só precisa ser o meu marido. Além do mais, já tomei uma aspirina e, pelo que me recordo, sempre deixamos um kit de primeiro socorros no porta-luvas do carro. Apenas, vamos, meu bem.
— Está bem. — Jeon deu-se por vencido. — Mas, promete que irá me avisar, caso sinta-se mal?
— Eu prometo. — Revirou os olhos, logo estendendo a destra ao marido. — Vamos?
Assim que o mais novo assentiu, os dois caminharam em direção a porta de madeira envernizada, saindo do loft em que moravam. Jeongguk apertou o botão do elevador, que, por sorte, não demorou muito para chegar, já Taehyung mantinha-se quieto, ignorando a dor aguda que se alastrava por sua cabeça, agarrando-se a Jeon e descansando a mesma na curva do pescoço do marido, enquanto implorava que aquilo ao menos ajudasse ou o fizesse esquecer o incômodo.
Ao chegarem ao estacionamento, o de mechas verdes não poderia dizer que se sentia melhor, mas ter seu marido ali, cuidando, mesmo que imperceptivelmente, de si, o fazia querer sorrir. E foi isso que ele fez, enquanto colocava o cinto de segurança, esperando o médico dar partida em direção ao restaurante, curvou os lábios em um sorriso mínimo na percepção de como tinha sorte de ter alguém como o de cabelos castanhos ao seu lado.
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Leve-me às flores
FanfictionE, mesmo depois de tudo, de todo o processo que destruía Taehyung lenta e gradativamente, Jeongguk não se afastou, não deixou que ele lidasse com tudo sozinho, não foi embora como o mais velho achou que o marido faria. E o Kim agradecia, não só por...