Capítulo 07

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Cecília desceu do carro em frente ao condomínio luxuoso, assim que fechou a porta o carro arrancou deixando-a sozinha. Havia lido as instruções do envelope algumas vezes, tentando dar algum sentido aquela loucura. Respirou fundo e caminhou até a portaria, tocando o interfone.

- Qual apartamento Senhora?

- Vou no... - Olhou para a chave em sua mão - Edifício Armênia 1212.

Houve um momento de silêncio então ela ouviu o barulho do portão sendo aberto. Entrou e fechou o portão aguardando que o outro fosse aberto, o que não ocorreu. Ficou sem entender até que um homem alto de barba apareceu:

- Quem é você? O que quer no 1212?

Cecília sabia que seria questionada, ainda assim estava com medo.

- Acabei de chegar, vim a mando da Senhora que lá está. Tenho a chave.

Ao dizer isso entregou ao homem o chaveiro com o número 1212.

- Abra o portão! - Disse o homem e o portão foi aberto, Cecília entrou apreensiva e o homem fez sinal para que ela o seguisse. Passaram por uma porta entrando em uma grande garagem, o homem virou à esquerda andando em direção aos elevadores, mas não apertou o botão para chamá-los, ao invés disso abriu uma porta ao lado indicando que Cecília entrasse.

Assim que entrou foi empurrada com violência contra a parede do fundo batendo o rosto e ficando tonta. O homem puxou o braço esquerdo de Cecília torcendo em suas costas, quase quebrando, enquanto a revistava. Suas mãos percorreram todo seu corpo procurando qualquer coisa suspeita.

- Quem a mandou?

- Eu não sei, estava no mosteiro, apenas segui ordens - chorava enquanto falava.

- Não minta, você está aqui a mando de Adão!

- Não sei do que você está falando, estava com a Senhora quando ela sumiu em um clarão de luz - ao dizer isso sentiu o homem diminuir a pressão em seu braço.

Aproveitando a situação, Cecília torceu o pulso soltando sua mão, na mesma hora em que deu uma cabeçada para traz acertando o queixo do homem que cambaleou a soltando, se virou rápido e chutou o lado de fora do joelho dele, que dobrou a perna mais surpreso do que com dor, sendo atingido na sequência por um chute no rosto caindo desacordado.

Cecília com a respiração ofegante, conferiu se o homem estava realmente desacordado, em seguida abriu a porta do pequeno quartinho de materiais e saiu. Olhou para baixo vendo sua camiseta com gotas de sangue, seu nariz sangrava. Apertou uma das narinas e forçou o ar pela outra fazendo com que boa quantidade de sangue fosse expelida. Fez a mesma coisa na outra narina, limpou o resto de sangue na camisa e chamou o elevador.

Entrou e meio sem saber qual andar apertar pressionou o térreo, precisava se localizar. Desceu e saiu do prédio que estava, virou-se e leu "Edifício Santiago", olhou em volta e contou mais 4 prédios dentro do condomínio, precisava encontrar o certo. A qualquer momento o homem acordaria e não seria fácil derrubá-lo novamente. Mesmo com todo o treinamento que havia tido, uma coisa é pegar uma pessoa de surpresa, outra é uma luta mano a mano. Viu algumas crianças brincando em uma quadra de futebol, correu até lá e perguntou qual dos prédios era o Armênia, as crianças apontaram para o edifício certo e ela correu para lá.

Entrou no prédio, chamou o elevador e assim que a porta abriu, entrou e apertou o primeiro andar, não sabia como era a numeração do prédio. Desceu no primeiro andar e olhou a direita o número do primeiro apartamento, 111 "Se aqui é o 111, o 1212 é no 12º andar" pensou. Voltou a tempo de pegar o mesmo elevador e subiu para o 12º andar.

Desceu no andar certo com cuidado, olhando para os lados, pois poderia ser surpreendida a qualquer momento pelo grandalhão. Caminhou devagar olhando as portas, até chegar na terceira, estava em frente ao apartamento 1212, colocou a mão no bolso, mas não encontrou a chave, lembrou-se que havia entregue ao homem na portaria, então bateu na porta.

Como não ouviu nenhum barulho, apertou o botão da campainha, ouviu algum barulho dentro do apartamento e sentiu um alívio, que passou instantaneamente ao ouvir o barulho do elevador chegando no andar.

Olhou para a direita e viu o grandalhão saindo do elevador. Ele se virou e a viu em frente a porta. Não havia saída.

- Pare! Senhora não abra a porta! - Gritou o homem correndo em direção a Cecília que já se preparava para o impacto, então seu rosto foi iluminado pela luz que saia do apartamento e foi puxada com força para dentro, bem a tempo de ver o corpo do grandalhão caindo onde ela estava antes.

Cecília olhava para a jovem parada a sua frente sem entender quem era, a moça saiu pela porta enquanto o homem se levantava:

- Você está bem Calixto? - Eva perguntou.

- Sim senhora, cuidado com ela, não sabemos quem é!

- Eu sei quem ela é, está tudo bem.

Ao dizer isso Calixto caminhou até ela e olhou para dentro do apartamento enquanto Cecília boquiaberta observava.

- Ela te deu uma surra não foi? - O rosto do homem estava vermelho e seu nariz estava visivelmente quebrado.

- Sim Senhora, me pegou desprevenido.

- Vá se cuidar, está tudo bem por aqui.

O homem não questionou, ao invés disso sorriu, e acenou com a cabeça para Cecília:

- Que bom que está conosco menina.

Então, ele se foi e Eva voltou para o apartamento fechando a porta.

- Olá Cecília, vamos conversar.

EVA - A Primeira Mulher!Onde histórias criam vida. Descubra agora