Vinicius
Ainda deitado e com os olhos fechados, faço uma careta por sentir um cheiro de éter e de imediato eu sei que estou em um hospital e que não estou morto, o que já é um bom começo. Agora o próximo passo é pegar Millena e companhia e ir embora o mais rápido possível deste país, tá louco que preciso ver minha família para que, ainda possa ter uma boa saúde mental, e não vai ser nesse hospital que vou ficar bem.
Abro os olhos e rapidamente eu os fecho novamente, odeio hospital desde que fiquei sabendo da existência de Julia, minha irmã e me contaram que por anos ela viveu em coma dentro de um edifício como este. Fico imaginando como deve ter sido solitário e desde então eu venho evitando ao máximo entrar em um hospital, só se for muito extremamente necessário e agora como já estou muito bem salvo, acredito que posso ir embora.
Escuto a porta se abrir e alguém ir andando para perto da cama, logo a pessoa está mexendo em algo do meu lado e então tomo uma longa respiração e com uma careta eu me viro e volto a abrir os olhos, vejo uma senhora que segundo o crachá se chama Lucinda e estico a mão para puxar seu jaleco, de início ela se assusta, mas depois abre um sorriso e pergunta como estou me sentindo.
— Incomodado!
— Incomodado com o que exatamente senhor?
— Com esse lugar, claro! — Suspiro aliviado quando ela ajusta a cama e começo a sentar. — Só esse cheiro químico de hospital já me enjoa, e a saudade me debilita mais do que esses quinhentos mil pontos no meu corpo. — Lucinda me oferece um copo de água, acho que por estar com a voz de um robô, aceito a água e depois continuo a falar com ela enquanto me examina. — E a propósito, quantos pontos foi que levei no total?
Então verificando a minha ficha ela responde tranquilamente como se fosse super normal:
— 45 pontos.
— Como é? Eu ouvi você falando 45 pontos? — Grito tirando força não sei de onde, levanto a roupa hospitalar que ela acaba de baixar e examino os pontos na lateral do meu abdômen, vejo os pontos mas não sei quantos são, a dor do esforço me faz voltar a posição anterior. — São muitos pontos misericórdia, vai me dizer que perdi um órgão nessa brincadeira também? Eu bem que estou me sentindo meio vazio mesmo...
— Sim eu realmente disse 45 pontos, pois só no ferimento da coxa o senhor levou 15 pontos, enquanto na lateral do abdômen o ferimento foi mais profundo e graças à moça que chegou com o senhor que conteve o começo de hemorragia, foi mais tranquilo a cirurgia. E não o senhor não perdeu órgão algum... — Enquanto ela me explicava eu já estava erguendo a barra da calça e procurando o ferimento na perna direita, os pontos formaram um completo X no meio da minha coxa, e quando vejo isso eu só tento gritar, não tenho garganta pra isso no momento. — E é melhor o senhor se acalmar ou irei seda-lo para que não prejudique o ferimento...
— Que mané me sedar, mulher! — Continuo horrorizado. — Como é que um simples ferimento virou um X? Um X, criatura! Minha irmã vai pensar que minha perna é o X do tesouro de algum pirata sacana. — Lucinda me olha e revira os olhos enquanto falo e então me lembro dela ter falado de uma moça, e de imediato sei que é Millena. — Mas pera, onde está à moça que chegou comigo?
— Este simples ferimento é porque, pelo o que entendi o ferimento aumentou quando o senhor fez esforço para alguma coisa, e agradeça que não pegou infecção nenhuma e o que é pior, não morreu. — Lucinda reclama e briga comigo e sinto como se minha mãe estivesse aqui, a saudade me toma. Lucinda começa a reunir suas coisas e quando se vira para ir embora ela me responde. — E a mulher que chegou contigo está no quarto do lado, provavelmente deve estar para acordar...
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Qual Caminho Devo Seguir?
RomansSpin off_ Vinicius Vinicius Menezes cresceu, agora com 26 anos de idade, cursando a sua segunda faculdade e trabalhando na empresa da família junto com a irmã, é o adulto inteligente e responsável que sua mãe, Dália, sempre quis. Millena Silva tam...