A voz da pequena Yallow saiu embargada, como se estivesse falado pra dentro de si.
Tudo aconteceu muito rápido. Norton havia acabado de colocar os primeiros legumes. Arrumou seu avental ao longo do corpo. Mal ajustava a sua faca do Chef em sua mão, quando um estampido foi ecoado em seus ouvidos, uma espécie de baque indiferente. Seu corpo estremeceu, sabia o que tinha que fazer.
Largou ali o pedaço de batata junto com a faca.- YALLOW ! - vociferou.
Escancarou a porta do quintal e em passos frenéticos desceu as escadas, visando encontrar Yallow.
- Yallow... yallow minha querida - sussurrou quando encontrou sua filha jogada no gramado escuro do quintal. O ar estava congelante - ... oh pequena, o que houve?!
Yallow estava de lado, com os braços e pernas para um lado só. Seu semblante era duvidoso, estampava estranheza e desconhecimento no rosto. Enquanto Norton o levantava e botava nos braços, olhando aflito para os cantos do quintal.
Não havia nada fora de controle ali no final da cerca. Um carretel velho escorado, uma "motoca" sem uma das rodas e a sela, alguns galões de líquido, talvez para uso de limpeza de veículos, uma pequena mesa redonda, latas de tinta usadas e três cadeiras desarrumadas. No outro lado, do lado da escada, nada, apenas a escuridão obsoleta.- Yallow, o que houve com você? Algum estranho apareceu? - perguntou Norton, levando-a para dentro da casa.
- Nã... não papai, eu cai... me assustei com as cercas - respondeu a menina, se recompondo de pé, na cozinha - foi por causa do vento... e eu nem peguei a minha roupa.
Norton estava intrigado, talvez estivesse com os pensamentos longes, em roubo a bancos, sequestros, seu futuro trabalho que começaria no dia seguinte, Katy. Tentou desligar o pensamento de que havia alguma pessoa tentando invadir seu quintal, afinal, estavam em Montgomery, cidade calma à noite. Foi o que disseram. Deu uma rápida espiada pela janela de acesso ao quintal e então à fechou, puxando a cortina.
- Deixa que eu pego agora, vai lá tomar seu banho, ainda está fedendo - sorriu ele para Yallow.
O que se via da janela da poltrona c-20 era apenas um emaranhado de nuvens, antes do embrulho no estômago lhe tomar conta e Racheu segurar firme nos dois braços. Josh nervosamente para sua filha, que não tirava os olhos para seu horizonte.
O avião pousou.
- Chegamos pai... estamos conseguindo - Racheu apertou o antebraço do seu pai, após quase todos do avião desembarcarem.
- É minha filha, tirando sua cara de quem pão mofado enquanto o avião descia, tudo agora vai ser um sucesso - concordava Josh se sentindo maravilhado naquele momento.
- Ah para pai! - Sorriu - você também nunca viajou de avião.
Josh sorriu.
A checagem das bagagens foram feitas e assim, Josh com os papeis do pacote da viagem em mãos, foram para saída, arranhar seu inglês para conseguir algum transporte que os levassem para o hotel. Não foi difícil, soltou o nome do local para um dos homens que, com certeza, trabalhava com aplicativos e lá estava o destino no celular do motorista.
Meia hora depois, lá estavam sendo estacionados em frente ao local onde hospedariam. Nada luxuoso, mas bem agradável. O cartão de crédito de Josh já começou a trabalhar na hora de pagar a corrida.
- Ah! Finalmente - suspirou Racheu quando abriu a porta do apartamento e viu uma cama bem-arrumada, pronta para seu uso - estou morta.
- Nem me fale Racheu, estou cambaleando... e fadigado.
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Entre Nós (Revisando)
Science FictionO que fazer quando aqueles que nos vigiavam cada passo nosso aqui na Terra, o que fazíamos, o que comemos, nossos atos fúteis, o nosso jeito de "desperdiçar" a vida, descerem em nosso solo? Seria o ápice da desordem humana. Nesta obra trago emoções...