I'm a Assassin

Um dia de sufoco

Começa mais um dia, geralmente acordo às 5 da manhã para começar a me preparar para ir para a escola mas hoje, tive um incidente com meu velho despertador e acordei às 6:20 da manhã e minha aula começa às 7 horas em ponto e, como minha casa é bem longe, levo quase 40 minutos para chegar então começo a agilizar, me arrumei bem rápido, minha mãe já tinha saído ,mas, deixou meu café pronto, peguei meu pão com um pouco de manteiga, peguei minha garrafinha de plástico com um pouco de café e sai correndo pela favela.

Vendo que faltava quase 10 minutos para começar minha aula tive que pensar em um atalho, então me veio em mente:

- Vou pelo telhado das casas.

Como as casas são pequenas, seus telhados ficam bem perto do chão e, como a distância entre as casa é um pouco maior do que a largura de uma moto, era fácil saltar de telhado por telhado. Não pensei duas vezes, subi em um telhado e fui pulando casa após casa. Cerca de uns 5 minutos conseguia ver o muro velho que nele estava escrito: Escola Estadual São Tomás de Aquino.

Passo pelo portão, a primeira coisa que se vê é o pátio, tem uma quadrilha bem simples a nossa esquerda, um pouco adinate tem um refeitório, onde pegamos um lanche bem básico. Já em nossa direita temos as salas de aula, temos  2 andares de sala contando o térreo, no térreo tem salas do Ensino Fundamental 2 e no primeiro andar, temos salas do Ensino Médio e a sala da diretoria.

Ao chegar na porta de minha sala, meu professor já tinha começado a aula, bato na porta e a abro bem devagar e pergunto:

- Com licença professor, posso entrar?

- Seja rápido, saiba que por sua causa tive que parar minha explicação.

Entro na sala e vejo meu lugar que está próximo a meus colegas Rafael, Paulo e Gustavo, todos eles e contando comigo não estávamos envolvidos com o tráfico, assim que me sento Rafael cochicha para mim:

- Ei JP, o que houve?

- I Rafa, meu despertador estragou, não escutei, vim pulando pelos telhados, perdi muita coisa?

- Até  agora ele  não  passou  nada não, e você é doido cara? E se os moradores vissem?

- Calma, muitos fazem isso, principalmente de noite.

- Fica quieto vocês dois, o professor já já vai vir para cá. - Gustavo

- Relaxa Gusta, foi só uma conversinha. - Rafael

- Essas conversinhas que dá problema cara. - Gustavo

- A conversa aí está boa senhor Gustavo? - Professor

- Não senhor, só estava ajudando o Rafael com uma dúvida

- Deixe o papel de professor para o professor, agora chega de conversa.

Se passou mais dois horários finalmente chega o intervalo, a gente desce para o refeitório, pegamos nossos lanches e fomos para a quadra onde eu e meus colegas sempre vamos. Ao chegar nas arquibancadas, vi Rafael e Paulo chegando também, quando finalmente chegaram perto de mim eu perguntei:

- Onde está o Gusta?

- Vi ele no refeitório e depois ele sumiu. - Paulo

- Será que deu problema com o professor? - Rafael

- Não é possível Rafa, acho que esse nosso professor devia ser demitido, ele se acha o manda chuva lá, pensando que é o dono da escola. - Paulo

- Pois é cara, tá muito ruim esse professor. - Eu

- Vocês em, vou te contar, só sobra para cima de mim. - Gustavo

- Onde você estava cara? - Eu

- Os cara lá que trabalha para o tráfico, fica aí me enchendo a paciência para eu entrar no esquema.

- Mas e aí? O que deu? - Paulo

- Nada cara, mas às vezes penso em até entrar, tá difícil lá em casa, mal tá dando para pagar tudo lá.

- Vish, te entendo cara, lá em casa também está assim, mas, fica firme cara, o pessoal do tráfico também está no meu lombo. - Eu

- Complicado, gente a aula já vai voltar vamos para a sala já. - Gustavo

- Sim, antes que o "dono da escola" reclame. - Rafael

- Hahaha, verdade Rafa. - Paulo

Depois de mais 4 horários acaba a aula, dessa vez não tive que sair correndo, fui caminhando pensando no conteúdo de hoje. Depois de ter andado uma boa distância, estava bem distraído quando fui abordado por um adolescente, ele se aproximou e me perguntou:

- E aí carinha, vou te jogar a real, vai entrar para o tráfico?

- Não cara, não quero me envolver com isso

- Qual é irmão? Acha que a gente não sabe que você tá precisando de dinheiro? Entra aí cara

- Mais uma vez, não cara, não vou entrar.

- Só que agora você não é uma escolha. - O adolescente saca uma faca

- Cara não tem a necessidade disso, abaixa essa faca e me deixa ir

- Você tá surdo? Tô perguntando se você vai entrar para o tráfico

- Não vou.

- Ok, só saiba que não é nada pessoal

Ele partiu para cima de mim com a faca, desviei, acertei um soco na cara dele, segurei o braço dele e o desarmei, ele me acerta uma cotovelada na cara e depois um gancho na minha barriga, ele foi me golpear na cara mas segurei seu braço, imobilizei, então pedi:

- Chega cara, não vamos prolongar isso, eu ganhei, agora me deixe ir

- Nem ferrando

Ele me acerta uma cabeçada, aí desloquei seu braço, ele cai no chão, termino o combate lhe acertando um murro na cara então falo:

- Chega cara, eu peço, não me passam para entrar em seu esquema.

Com muita dificuldade ele fala:

- Você vai ver, vai se arrepender, aguarde e terá nossa resposta.

Fui me afastando até não ver mais o cara, mais por precaução fui correndo para casa, já que hoje eu não tinha trabalho fui para casa checar se estava tudo certo.

  Quando cheguei em casa vi minha mãe esquentando um arroz e fritando dois ovos para o almoço, assim que entro pergunto:

- Oi mãe, está tudo certo por aqui?

- Olá meu filho, está sim porque? Aconteceu alguma coisa?

- Um adolescente tentou me esfaquear por eu não querer entrar no tráfico, mas ele não conseguiu e acabei deslocando o braço dele

- Filho do céu, você está bem, porque fez isso?

- Não tive escolha, ele escolheu o confronto eu não queria isso, mas ele não me deu escolha

- Entendi

- Mãe agora fique atenta quando estiver em casa ou quando for sair

- Tudo bem, você não vai trabalhar hoje não?

- Hoje não tenho trabalho, vou ficar em casa hoje, bom que tenho mais tempo para estudar

- Tudo bem então, vou sair para trabalhar de novo, fique de boa aqui ok?

- Tudo bem mãe, vai com Deus viu?

- Sim, você também

Após ela sair não fiz mais nada a não ser estudar. Horas se passaram e chega minha mãe às 20 horas assim que ela entra eu pergunto:

- Mãe, foi tudo bem?

- Sim, foi tudo bem de boa

- Que bom

- Já não está na hora de você dormir? Você tem aula cedo amanhã

- Tudo bem mãe, já vou dormir então.

- Boa noite meu filho, até amanhã

- Boa noite mãe, até amanhã.