Lágrimas de Amor. Capitulo 9.

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Whale se assustou ao ver surgir à Rainha Má dos contos de fadas no quarto. Estava com o obituário em mãos. Hook não demorou a aparecer, emudecido apenas seguiu até sua “linda”. Observadora a mulher arrancou de suas mãos o papel que Whale havia assinado, seus olhos descrentes percorreram aquela folha e logo estudaram o corpo imóvel de Emma que jazia na cama de hospital.

A morena de estatura baixa e que costumava usar saltos de 15 cm para impor superioridade nos demais, agora se via tão pequena quanto uma formiga. Sentia-se esmagada e então se aproximou daquela mulher que considerou um dia como sua “inimiga”, mas que admirava pela garra, determinação e ousadia. A Rainha Má se desfez em um silêncio profundo, em uma carícia que inevitavelmente tocou o rosto da loira. Profundamente tocada pelo martírio de um duelo entre seu lado bom e o seu lado escuro, a mulher num instinto maternal beijou a figura feminina na testa e uma lágrima intrometida resvalou caindo na bochecha da Princesa Encantada. Whale assistia tudo atento. David e August chegaram sorrateiros no quarto.

—Minha filha. –Fala uma Regina sensibilizada surpreendendo alguns ouvidos. Sua fragilidade era notável assim como aquele amor que nascia entre mãe e filha. O Pirata parecia estar sofrendo de algum tipo de fobia, pálido havia se recolhido na cabeça da cama. Parecia uma estátua humana, perdeu de vista seu caminho. Seu sonho de um destino com aquela loira atrevida desvaneceu. Sentia mais uma vez a visita da morte, aquela maldita coisa que levava àqueles a quem se apegava, sentia-se amaldiçoado. Desesperado o pirata saiu porta a fora, sem rumo, nunca havia sentido tanta dor antes e queria que os deuses sentissem sua fúria, queria uma razão para continuar vivo. Com os nervos à flor da pele ninguém fez questão que ele ficasse, na verdade ele parecia mais um ser invisível.

—Eu sinto muito, Regina. –Declara Whale que sai cabisbaixo da habitação.

—O pai... Quem é? Quem é o pai da Emma, Regina? –Pergunta o príncipe tomado por um sentimento de culpa e de curiosidade. Pelas suas contas aquela jovem era sua filha, era fruto do seu relacionamento com a filha de Cora.

—Já não importa! –Contesta seca, enxugando aquela lágrima atrevida que manchara seu rosto e denunciara sua fraqueza. O amor a deixara em pedaços e ela se lançou ao vazio ao vê-la partir, ao dar-se conta de que nem sua sombra voltara a abrigar sua alma em pedaços. Estava fraca outra vez e não podia se permitir isso.

—Sei que magoei você e que a trai, mas, por favor, não me esconda a verdade?! –Disse virando-a para que pudesse encará-lo.  Tudo havia mudado desde que a vira desnudar sua alma diante de todos. E algo que não imaginava aconteceu, ele se perdeu novamente naquele sentimento que despertou: o amor. E não havia como explicar, ele apenas sentia que devia estar ao lado dela. Desejava com toda sua força que aquela fosse a filha deles, embora fosse doloroso.

—Sim. –Confirmou a suspeita do homem e se desvencilhou do olhar dele. A sua paciência havia morrido, por mais que quisesse não conseguia lembrar o que havia visto naquele homem, queria estar longe dele, não podia voltar a acreditar naquele que a esqueceu. Não podia ser idiota outra vez. Sem querer David a fez mais forte, ela já não alimentava ilusões e havia começado uma nova vida depois da maldição. Já não acordava encharcada de lágrimas a cada manhã, se sentia forte para desenhar um novo amanhecer desde que Henry chegara à sua vida, já não era a tonta que Cora manipulava. Não podia acreditar nele. Tornando a ver Swan na cama, alisou o cabelo da loura e outra lágrima desaforada resvalou. A rainha estava quebrantada assim como David que esmurrou a parede do quarto. Em seguida deixou-se cair no chão apoiando seu corpo na parede, estava inconsolável. August abalado assistia a cena, instantaneamente se aproximou da prefeita e a abraçou, e ao contrário do que ele imaginava, ela aceitou o apoio e afago.

—Vou cuidar dos... Dos... Preparativos para o... funeral. –Avisou David que ia sair quando se deparou com o médico diante dele no corredor.

—Não p-ode sair. –Irrompeu o silêncio gaguejante. O céu de Storybrooke estava acinzentado, o frio se despojava de maneira abrupta e intimidava os habitantes da cidade. Para Regina, David e Hook o céu ou o clima pouco importava, na verdade ele havia caído em cima deles. Regina imaginava como daria a notícia a Henry, dentro dela era puro inverno assim como naquela maldita cidade que agora parecia estar deserta. O hospital estava um completo silêncio.

—E por que diabos eu ficaria aqui? Ao menos temos de dar um enterro digno a nossa filha. –Protestou descontrolado, com a respiração agitada. Seu comportamento chamou a atenção de August e Regina que o olharam embaraçados. Quando a mulher com a feição séria, porém sensata pensava em dizer algo...

—Ki...llian? –Disse uma voz feminina. Regina se desprendeu dos braços de August e se apegou ao ferro da cama de hospital. Seus olhos não podiam acreditar no que estava vendo e naquele momento eles brilharam, sim, tornaram a ter a cor do mel. E naquele momento a razão e a ciência não faziam sentido algum. Os três homens se olharam impressionados. A morena sorriu...

—Bem vinda de volta, Srtª Swan. –Falou doce e com ar maternal. Cerca de 20 minutos atrás lamentava havê-la perdido e agora estava ali, aquilo era uma prova de que o amor podia tudo. O amor pode quebrar dogmas, derrubar muros, transformando-os em pontes e pode operar milagres. Todos exceto Emma Swan haviam presenciado um milagre do amor. Foi àquela dolorosa e sutil lágrima de amor verdadeiro de Regina que a trouxera de volta não restava dúvidas. Mas nada é perfeito ou é?

A Outra Face (SENDO EDITADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora