Capitulo 1 - O começo das férias.

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Quando o Sinal das 12h tocou, foi uma felicidade imensa para todos. Todos saíram correndo das salas, empurrando as cadeiras, gritando, aquelas coisas de escola. Os alunos sairam pelo portão principal, jogando cadernos para o alto enquanto gritavam:

- Aleluia! Férias! 

Em meia multidão, lá estava eu, com meu cabelo solto e roupa escolar, abraçando o caderno e olhando para o chão. Sentei no gramado e me encostei na árvore que tinha no "quintal" da escola, lá tinha uma sombra legal, gostava de lá, sempre sentava quando era para esperar meu pai chegar. Isso era legal, mas era um saco! Na cidade começou a aparecer papéis de pessoas que estavam desaparecidas, e isso preocupou toda cidade, inclusive minha família.  Eu não podia ir para casa sozinha, igual antigamente, tinha sempre que esperar meu pai com seu carro velho.

- Que demora.. - Disse

Estava ficando preocupada, mas para me distrair, peguei meu celular, coloquei os fones de ouvido, e fiquei escutando musica, isso me acalmava. Estava ficando calma, até que um grupo de garotos, totalmente rídiculos, passaram na minha frente, eles apontavam para mim dizendo:

-  Filhinha de papai! - Disseram os garotos com gargalhadas e altas gritarias

Apenas ignorei, afinal, aquele grupo era conhecido por ser babaca. Dois minutos se passaram e nada do meu pai, ai até que passaram outro grupo de garotos, não pareciam ser babacas iguais aos outros. No total, eram 3 garotos, um de cabelo enrolado com óculos, outro meio acima do peso, que mastigava chiclete enquanto tirava uma cera no seu ouvido, totalmente nojento. E um que era maior que os dois outros, com um cabelo liso e um belo sorriso.

- Ei Rick, não fica triste, você irá arranjar alguém melhor que ela - Dizia o garoto alto para o de óculos.

- É Fred, foi só mais uma que me abandonou - Dizia o garoto de óculos meio cabisbaixo.

Naquela hora eu queria apenas abraçar o garoto para consolar, mas acho que seria meio estranho da minha parte eu fazer isso, sendo que eu mal conheço ele.

- Sabe uma coisa que me anima quando eu to triste? Um X-bacon, vamos Fred! Eu pago um para tu... E dois para mim. - Disse o gordinho 

- Boa ideia, bolinha!

Não teve como, quando eu ouvi o apelido do Gordinho comecei a rir, até perceber que o grupo virou para mim por causa da minha risada alta, então botei a mão na boca e desvirei o olhar, para disfarçar. Depois de um tempo vi que  eles tinham seguindo seu rumo, e eles estavam sorrindo, até o Rick.

Eu deveria ter amigos, era o que o meu pai sempre disse e ainda diz. Sempre discordei, até eu ver hoje, o quanto um amigo pode ajudar. Estava olhando de relance tudo em volta, e percebia que o local da escola ja estava ficando vazia, e eu ainda lá, embaixo de uma árvore. Comecei a ficar entediada, vi que eu ja tinha ouvido todas minhas musicas, olhei em volta para ver se eu encontrava o grupo de garotos de novo, dessa vez, para tentar me socializar. Não os encontrei, mas eu vi uma pessoa com capa de chuva, e pelo tamanho, ou era um anão ou era uma criança. Ela estava na lateral da escola, que seria praticamente um beco, aonde os faxineiros depositavam o lixo da escola.

Observei aquela pessoa por um bom tempo, e ela não se mexia. Caso fosse uma criança, ela poderia estar perdida. Meu sentido falou mais alto, eu tinha que perguntar, abandonei a sombra da árvore e fui aproximar da suposta, criança.

Andei com passos lentos, com a alça da mochila apenas em um ombro, retirando os fones de ouvido. Não cheguei nem perto da suposta criança, na metade do caminho, a criança virou seu rosto lentamente para minha direção, ela virava seu pescoço em um grau impossível. Levei um baita susto,e comecei a tremer. Vendo o rosto dela, percebi que era uma criança, e ela começou a chorar, ela seu pescoço para frente e começou a chorar enquanto ela corria em direção a parte mais escura do beco. Eu estava com medo, muito medo, mas não pude deixar de ir, poderia ser algo da minha cabeça, então suspirei, e segui a criança até o beco. Chegando lá, só me deparei com o muro de tijolo todo desgastado, junto com lixeiras grande,  e murais de crianças desaparecidas, eu olhei todo canto do beco, juro, mas  não encontrei a criança. Quando eu estava pronta para sair dali, escutei uma caixa de musica, vindo da lixeira. Era uma musica infantil, eu fiquei olhando a lixeira enquanto escutava a musica...

"Eu vi um homem torto que andava sem parar, achou uma moeda e a sorte veio achar...", essa musica me assustava, eu estava decidida sair do beco, até que a tampa da lixeira começou a tremer, tremer muito. Novamente, me assustei pelo grande barulho, aquela musiquinha continuava a tocar. Minha curiosidade falo mais alto, de novo, eu andei com passos lentos e pequenas tremeduras até a lixeira, eu estava preste a toca-la para abri-la, cada vez que eu chegava perto,a musica engrossava. Minha mão estava centímetros de puxar a tampa, até que escutei uma buzina vindo atrás de mim, olhei para trás e vi o carro do meu pai, sai do beco correndo, e entrei no carro.

- Por que demorou tanto? - Perguntei para meu pai, com raiva

- Fui comprar algo que tu gosta, e a fila estava enorme, olha ali atrás - Meu pai disse acariciando meu cabelo, e logo dirigindo seu carro

Quando virei para o banco traseiro, observei uma melancia, sim, uma melancia, eu amava!

Fui para casa, cumprimentei minha mãe e minha irmã mais nova, Bia.

- Cheguei - Disse abrindo os braços, e me agachando um pouco, para dar um abraço em conjunto na minha mãe e minha irmã

- Ebaaaaa, vamos brincar - Bia me abraçou

Minha mãe,Tati, me abraçou sorrindo, e depois foi fazer o almoço e dizia:

- Vai se trocar menina, o almoço está quase pronto!

Fui para meu quarto, e enquanto estava me trocando, me lembrava daquela musica. "Eu vi um homem torto que andava sem parar.."  Eu congelei só de lembrar da musica, e com medo, acendi a luz do meu quarto. Antes de eu descer para a cozinha, liguei o notebook e fui pesquisar sobre a musica, mas eu estava com medo, então desisti, abaixei a tela do notebook e fui para cozinha. Era meu costume ficar mexendo o celular enquanto comia, amava minhas redes sociais, principalmente facebook, mesmo eu tendo como amigos só gente da minha família.

Era sempre assim, comia com uma mão e mexia no celular com a outra. No facebook, vi um post falando sobre uma criança desaparecida no dia 9 de julho, e quando vi a imagem da criança, era a criança que eu tinha visto no beco hoje de manhã. Naquele momento eu soltei um grito, me assustei e  me engastei, comecei a tossir até que passou. 

- O que houve? - Disse minha família

- Nada..

Eu mal tinha comido, mas subi para meu quarto, mas antes de subir, minha mãe perguntou:

- O que houve ? Você costumava a comer mais...

- Perdi a fome - Disse subindo para o quarto

Me enrolei no cobertor e ficava me perguntando:

- Será que eu conto para meus pais ? 

Uma Férias TortaOnde histórias criam vida. Descubra agora