Xeque Mate: Cidade Cinzenta

Lâmpadas de Lava.

~ NOTAS DO AUTOR ~
Esta é uma obra que ira compor uma série de outras histórias antológicas de romance, mistério e sobrenatural. Nesta história iremos acompanhar a trajetória do universo de Feiticeiros, as narrativas de cada história desta série podem acabar se esbarrando e complementando, mas de inicio elas iram funcionar de forma independente uma da outra. 
Espero que tenham uma boa experiencia. 
P.S. Este capitulo é mais narrativo.

De dentro de uma das maiores construções daquela cidade nublada, olhos esverdeados de um tom tão nebuloso quanto o céu analisavam curiosamente a rua vazia nomeada como 'Rua das Safiras', dentre a fina fresta da cortina seus olhos atentos buscavam por cada canto um ser vivo, e como de costume nada havia sido encontrado, o que resultou em um sorriso malicioso sobre seu rosto.

A construção sobre a qual ele residia era de madeira, uma madeira cinzenta, e todo seu aspecto lembrava vagamente um motel dos anos 90, era uma casa comprida de cinco pisos e vários cômodos desalinhados e acoplados em seu redor, parecia ser uma daquelas construções que não duraria a primeira tempestade, mas ninguém podia imaginar que aquele local já suportou os mais poderosos tornados. Em volta havia plantações de legumes comicamente grandes, e algumas plantas carnívoras que se mantinham tão paradas que poderiam ser facilmente confundidas com uma planta qualquer.

Quem via de fora poderia imaginar que por dentro os moveis e a decoração eram igualmente velhos e vintages, e não estariam totalmente enganados, exceto pelo cômodo de onde surgiram aqueles olhos, aquele era o cômodo mais colorido e moderno, o que se contrapunha com o resto de toda casa.

Aquele era o quarto de Dennis Cooper, filho do meio da família Cooper, ele tinha fama de ser a 'fruta que caiu longe do pé', por não se adaptar as normas dos feiticeiros, e não parecia se incomodar com isso. Metade do quarto tinha a cor roxa e a outra metade verde escura, era uma combinação de cores sem nexo que pela visão do garoto representavam bem sua personalidade desalinhada. Também haviam vários pôsteres aleatórios que não definiam muito bem o gosto pessoal dele.

Os Cooper são conhecidos por serem uma das famílias mais antigas e importantes de Feiticeiros, e mesmo que o peso de pertencer a aquela família fosse grande, Dennis conseguia ignorar a pressão com maestria.

Ele então correu para o espelho de seu banheiro amarrotado e começou a passar a mão sobre o rosto macio, analisou cada extensão até chegar a uma pequena espinha que se localizava no canto esquerdo de sua testa, não havia o que temer, poderia esconde-la com o cabelo, e foi exatamente o que fez, a escondeu dentre as mechas castanhas.

- O que você fez com as minhas enciclopédias de feiticeiros? - Questionou uma voz rouca acompanhada de uma figura masculina com o perfil idêntico ao de Dennis na porta de seu banheiro.

- Olha bem pra minha cara de quem pega em enciclopédia. - O garoto continuou se olhando no espelho enquanto passava um creme sobre o rosto sem dar muita importância a figura na porta. - Você não deveria estar indo para a faculdade?

- Deveria. - Deu ênfase na palavra. - Acontece que não posso ir sem minhas enciclopédias.

Dennis parou o que estava fazendo para olhar diretamente nos olhos do irmão, os dois só não eram mais parecidos por causa de suas vestimentas, enquanto Dennis usava jeans rasgados, camisetas largas por debaixo de uma blusa fina de couro preta e uma bota de cano médio, o irmão usava um moletom de algodão azul claro, um jeans reto e um sapatênis.

- Olha só, o prodígio parece estar lidando com magia sem permissão. - Dennis não conseguiu conter o tom sarcástico. - Sempre soube que não éramos gêmeos a toa, estou começando a te respeitar, Arthur.