Prólogo

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Fevereiro de 1823

Londres


— Laura você só tem que ir lá e deixar um recado pra mim. — Eu não gostei de maneira alguma dessa situação, eu sabia que minha amiga de infância Isabela gostava de sumir por aí com alguns lordes e até hoje eu não tinha visto nenhum mal, até aquela noite.

Algo estava errado, só não sabia o que exatamente.

— Vamos Laura, eu preciso da sua ajuda! — Isabela lastimou na minha frente.

— Não sei Isabela, parece muito arriscado...

Se eu fosse bem sincera comigo mesma, eu teria voltado para baile que acontecia logo ali ao lado, no momento em que minha amiga pediu algo tão complicado.

— Você não me entende, papai quer me casar com aquele visconde, ele tem idade pra ser meu avô, o noivado já está quase selado. — Ela choramingou!

Eu nunca na vida tinha vista ela chorar, se bem que Isabela era uma incógnita até para mim que era sua amiga mais próxima, nossos pais eram vizinhos no interior. Ela era minha amiga, não poderia deixar ela assim, afinal ela me ajudou com Rafael algumas vezes também.

— Certo, eu vou te ajudar, mas... — ela me interrompeu.

— Ótimo!

Antes que eu desistisse do que estava fazendo, Isabela tirou uma carta de sua bolsa e me entregou. Parecia que ela já sabia que eu cederia aquela loucura.

— Laura, é simples você entra na estufa e entrega a carta a ele, e então sai.

Ela parecia soar muito simples, mas eu sabia que não era bem assim, porém não parei para avaliar os prós e contras do plano dela, afinal o que poderia acontecer de tão grave? Não acho que seja algo tão difícil.

Meu maior medo era ser cúmplice da ruína de minha amiga, mas ela tinha me garantido que o duque casaria com ela na Escócia, falava sempre que ele estava muito apaixonado por ela e se não fosse pelo pai ter tantas dívidas com certo Lord, pai teria concordado.

— Certo...Isabela ainda dá tempo de desistir. — eu queria apelar para o bom senso, por isso tentei mais uma vez, mas foi em vão. Ela simplesmente abriu a porta e saiu da biblioteca.

Eu fiquei mais alguns minutos na escuridão daquela sala, esperando que minha amiga de alguma forma voltasse e me falasse que aquilo tudo era uma brincadeira.

Mas não era, vinte minutos depois eu também saia daquela sala, desci as escada e passei em frente ao salão de festas, ainda estava bem lotado o que me deixava mais nervosa ainda. Um criado passou por mim e eu me assustei, ele saiu me olhando desconfiado.

Estava começando a parecer que era eu, que ia fugir de um casamento arranjado, e não minha amiga. Cheguei em frente a estufa e coloquei minha mão no trinco, eu estava tremendo!

— Acalme-se Laura! Você não está fazendo nada de errado. — frase inteira soava uma mentira aos meus ouvidos, mas mesmo assim eu me obriguei a entrar na sala.

Estava escura e silenciosa demais, olhei ao redor e não vi ninguém, suspirei aliviada. Até aquele momento eu não percebi que segurava minha respiração. Se não havia ninguém na sala, eu não teria que entregar carta nenhuma, logo nada me impedia de voltar ao salão de bailes.

— Bom, sinto muito Isabela, mas acho que seu plano não deu muito certo. — Dei de ombros e me virei pra sair daquele local.

Uma silhueta masculina apareceu na porta e entrou rapidamente, na estufa, recuei alguns passos entrando ainda mais na sala escura e meu perseguidor fez o mesmo, porém ele foi mais rápido do que eu em fugir e conseguiu me agarrou.

— Mas o que você... — Não terminei minha frase, o estranho que eu não tinha visto o rosto, me beijou de modo muito escandaloso!

Fiquei paralisada, não conseguia me mexer, nunca tinha me acontecido algo assim, nem mesmo com meu noivo Rafael, era meu primeiro beijo e com um completo estranho. Era errado de todas as maneiras, eu tinha um noivo...isso me fez despertar e tentar de alguma maneira reagir.

Meu Deus meu noivo! Me debati no braços daquele homem, mas parecia que o homens era feito de ferro, porque apesar de ter empurrado ele com todas as minhas forças, ele não se moveu um milímetro sequer e agora parecia ainda mais colado em mim, estávamos em um tipo de abraço muito íntimo agora, se nos vissem pensariam que somos amantes.

Me apavorei, agora eu não sabia mais o que fazer. Compreendi da pior forma que não era uma boa idéia perambular em uma mansão a noite, onde metade das pessoas bebiam até perder os sentidos e o homem à minha frente pareceria ter bebido um pouco além do permitido, sabia que a idéia de Isabela não era boa, sabia que algo muito ruim ia acontecer, assim que ela pediu minha ajuda aquela noite, mas mesmo assim não estava preparada para aquele tipo de situação.

O intruso agora tinha despido meu busto e acariciava meu seio, algo quente é desconhecido percorreu meu corpo.

Eu já estava sem meios de me livrar daquela situação, quanto mais tempo eu passava ali, mais minhas chances de ser flagrada estavam me deixando nervosa, mas nada seria tão amedrontador quando o que aconteceu em seguida.

— Largue minha irmã seu patife! — Era meu irmão Marcus, agora eu estava perdida.

Conhecia meu irmão muito bem e tinha consciência de que ele aí fazer um escândalo!

— Marcus, eu posso explicar! — Tentei me aproximar dele e apelar para a razão, mas foi em vão.

—Calada Laura, recomponha-se! Antes que você mostre seu busto para toda a aristocracia londrina! — Rugiu, escutei murmúrios de surpresas e me virei para porta, mas me arrependi no ato. Umas Dez pessoas olhavam a cena dentro da estufa e me olhavam acusadoras, o pior era que eu tinha consciência tô que veria a seguir, minha reputação estava mais suja que Londres inteira, depois de hoje.

— Eu quero casar com ela! — o estranho respondeu.

Eu me virei surpreendida, aquele homem era um louco, primeiro ele me agarrava, me beijava, me despia e agora me pedia em casamento, aquilo era um absurdo, eu já tinha um noivo ou pelo menos esperava ter um depois daquilo.

— Acho bom você aparecer bem cedo lá em casa, pra falar com nosso pai e assumir sua responsabilidade Lorde Richmond! — Meu irmão falou.

— É claro que eu quero me casar com a Isabela! — o estranho falou.

Foi aí que eu me dei conta da realidade em que eu estava, eu olhei pra porta de novo e dessa vez tinha mais pessoas na porta da estufa, meus olhos se encontraram por alguns segundos com os de Isabela e foi quase instantâneo a resposta da pergunta que ficou no ar, eu não era Lady Isabela Prince.

Porém não tive tempo de processar tudo de uma vez, meu coração acelerou como de mil cavalos estivessem galopando dentro dele, um frio desceu minha espinha e minha visão ficou turva, aos poucos tudo começou a escurecer e eu apaguei.

Escândalos A Meia NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora