Capítulo 1

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Já faz horas que estou no ponto de ônibus esperando ele passar. Meu primeiro dia de aula na escola nova e eu realmente não estou muito animada, meu último ano no colégio, e meu pai resolve mudar de cidade. Mudei faz um mês e estávamos morando em um hotel desde então. Deu tempo de conhecer o caminho para o colégio de ônibus, meu pai poderia me levar de carro mas trabalha tanto que nem tem tempo para mim, eu até entendo, ele só quer manter o que conquistou com muito esforço. Sobre minha mãe, eu não a conheci, ela foi embora assim que nasci com o objetivo de seguir seu sonho, meu pai sempre diz que ela é uma boa pessoa, mas não a conheço e não sinto sua falta.
O ônibus chega e eu fico muito grata, quero chegar cedo no colégio para conhecer o lugar que ficarei a maior parte do tempo. Chego no colégio em 10 minutos exatos, é um pouco cedo e o portão não está aberto, fico encostada na parede bem pertinho do portão esperando alguém abrir.

Eu me sinto totalmente desconfortável em saber que fui a primeira a chegar, mas não demora muito para o portão abrir. Entro naquele enorme lugar observando tudo, até seus mínimos detalhes. O zelador me levou até a direção, já que eu estava um pouco perdida.

-Bom dia, senhorita Evans.- uma mulher de salto fino com um coque alto no tipo da cabeça me cumprimenta.

-Bom dia, senhora Cláudia.- respondo com a maior educação possível, e ela começa a falar sobre regras e funcionamento da escola. Ela fala durante um longo tempo e então ela me encaminha para minha sala. Já tinha começado a aula, se não me engano era de matemática.
Observo a turma enquanto a diretora conversa com o professor, a turma é cheia e me senti desconfortável quando entrei e algumas meninas olharam para minha roupa como se elas tivessem algo de errado, tudo bem que gosto de roupas largas sem marcar muito o meu corpo, então eu só olho pra baixo e arrumo meu óculos (uma mania incontrolável que tenho, quando estou nervosa ou com vergonha).

-Alunos, essa é a aluna nova, Maitê Evans- O professor barbudo disse a turma me tirando dos meus pensamentos.
Fico com tanta vergonha que posso sentir minhas bochechas queimarem, não falo nada só levanto uma sobrancelha e conserto meus óculos novamente. O professor pede para que eu sente em algum lugar, mas realmente tem tem muito o que escolher, olho para a sala inteira e encontro dois lugares vazios um atrás do outro, no final da primeira fila, vou andando rápido, sei que ninguém olha pra mim mas ainda sinto alguns olhares em mim. Escolho sentar na primeira carteira deixando a do final sem ninguém. Abro minha mochila e pego meu caderno, quando vou começar a escrever o que o professor está passando no quadro branco, uma pessoa entra na sala, sem pedir licença ou professor, ele procura um lugar para sentar, e vem em direção ao único lugar desocupado na sala. Enquanto ele caminha até a carteira eu não deixo de observar seus cabelos longos, sua barba mal feita e seus olhos castanhos, tinha milhares de tatuagens, ele é bem bonito, mas não fazia meu tipo, também não estou a procura de ninguém no momento, romance e eu são coisas que não combinam, nunca namorei na vida, aliás, uma vez só na quinta série do fundamental, eu era muito apaixonada, mas isso nunca deu certo pra mim. Sempre fui mais de estudar.

-Pode chegar um pouco para frente?- um voz rouca e diz e eu sinto arrepio. Não falo nada apenas olho no seu rosto e chego minha carteira para frente.

A aula passou muito rápido já tinha tocado o sinal para o intervalo, arrumo minhas coisas por enquanto que as pessoas se retiram da sala, nem me dou conta quando a menina de cabelos pretos e olhos cinzentos que senta em minha frente se vira para trás e fica me olhando guardar as coisas.

-Oi?- digo sem entender e com medo da sua expressão.

-Ooooi- ela praticamente berra- sou Ana Turner, muito prazer.

-Prazer, Maitê Evans- digo sou um sorriso forçado, nunca fui de fazer amizades, sempre fui a odiada do role. Me levanto e ela faz o mesmo.

- Vou te mostrar a escola, vamos- ela diz super animada e eu não vejo tanta animação assim, mas não digo nada para não atrapalhar seu momento.

Ela me mostra cada canto desse enorme colégio, quando eu digo cada canto eu digo até as divisórias dos banheiros. Ela é muito divertida, fala muito, eu realmente gostei dela.
Muito tempo depois ela me leva ao refeitório e eu fico satisfeita, estou morta de fome. Pego um refrigerante e um lanche não muito pequeno, Ana faz o mesmo e percebo q ela está a procura de algo ou alguém, ela acha quem procura e vai em sua direção e eu a sigo, não quero ficar sozinha nessa escola onde todo mundo me olha estranho, até me pergunto se tem algo de errado comigo.
Estou totalmente distraída seguindo a Ana que me assusto quando algo bate em mim derrubando meus óculos no chão e me molha toda de algo que pelo cheiro parece suco de morango.

-Nos olha pra onde anda, esquisita?- Um menino que não me parece estranho, o menino da carteira de trás está extremamente furioso me olhando com uma expressão de da medo, mas não me rebaixo.

-Você que tem que olha pra onde anda, pelo q eu vi foi você quem esbarrou em mim. E fala direito comigo, nao estou te dando liberdade de gritar comigo, se coloque em seu lugar.- digo em um tom bem ameaçador e alguém coloca meus óculos, quando consigo enxergar percebo que é Ana, que parece surpresa por minhas palavras.

O menino me olha feio e sai como se ele tivesse razão e Ana me puxa me levando para uma mesa onde se encontra um menino de cabelos castanhos em um topete perfeito.

-olha como você está, amiga, toda molhada- ela diz passando um pano em minha blusa depois que eu sento.

-Ta tudo bem, eu limpo- digo pegando o pano da mão dela.

-Eu tô aqui, ok?- o menino diz querendo chamar nossa atenção.

-Calma Alex, estamos com problemas.- Diz Ana sem olhar para o dono dos lindos olhos cor de mel.

- Hey, tá tudo bem, eu tô bem, Ana.- Digo forçando um sorriso para que ela se acalme do seu desespero.- Sou Maitê, prazer.

- Alex. Thompson. Prazer- ele diz em longas pausas.- Você é a novata, né? Eu sento ao seu lado. Acho que não percebeu- ele diz e sorri.

-Eu estava em outro mundo, desculpa, mas sim, sou a novata.- digo com um pouco de vergonha.

Ficamos conversando uns 20 minutos até que o sinal tocou e fomos para a aula. O garoto arrogante não tinha voltado para a sala, e eu nem fiz questão de ficar percebendo onde aquele imbecil estava.

Passei a aula anotando o que o professor falava e as vezes conversando com a Ana e o Alex, nem percebo que a aula acabou e eu já posso ir para casa. Pego minhas coisas o mais rápido que posso e vou correndo para pegar o ônibus, quando estou saindo vejo o imbecil entrando na sala de aula, nem dou bola e literalmente corro para pegar o ônibus, que por sinal, não perco por pouco.
Quando sento na cadeira do ônibus, olho para a janela e vejo o imbecil com o meu caderno na mão, o ônibus parte e eu não consigo sair.


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