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[a.s.m.f.d.d.v.]
A biblioteca vazia, as vozes dos livros e a vontade de andar por terras desconhecidas me atraía para o lugar mais silencioso da escola inteira. Quase ninguém frequentava a biblioteca. Talvez pela bibliotecária ter a fama de ser quase uma vilã chata de contos de fadas ou por que nem todos podiam ouvir as vozes suplicantes dos papéis pardos pedindo para serem folheados.
Ironicamente, quem me fazia companhia era ela, a Solidão. Com suas roupas cinzentas, rabiscando medos nas capas dos livros e em suas folhas amareladas. Os olhos quase totalmente brancos, quase não conseguindo ver ao seu redor e os sapatos gastos de tanto andar por aí, a procura de alguém que lhe fizesse companhia.
Ela era como eu, tinha medo de ficar sozinha. Então fazíamos companhia uma para a outra. Era a Solidão e Hyunjin.
Enquanto eu mergulhava em oceanos profundos de sílabas e respirava a fantasia e a aventura, ela cantava para mim tristes canções, com sua voz engasgada de tanto chorar.
Mas então, você entrou na bibloteca para fazer um trabalho, e me perguntou onde ficava a seção de livros de biografia. Você conversou comigo por alguns minutos, era bastante animada e adorava fazer amigos, pelo visto. Você perguntou o meu nome e eu respondi toda tímida. Eu já havia te visto vez ou outra pelos corredores, sempre com um sorriso brilhante no rosto.
A Solidão ficou ciumenta, e não cantou para mim enquanto eu te observava inflar as bochechas ao ler.
No dia seguinte, e no dia após esse, e nas semanas que se seguiram, você me dizia oi todos os dias, e também vinha me fazer companhia durante os intervalos, arrastando até mesmo os suas amigas de vez em quando.
A Solidão não gostava de você, ficava toda emburrada e cutucava meu coração com seus dedos frios.
Pouco a pouco ela foi ficando distante, pois eu já não podia ouvi-la com o som da sua gargalhada. Não podia vê-la quando você sorria.
A Solidão se foi, vagando sozinha pelo mundo, em busca de outro alguém para sussurrar seus medos e cantar músicas tristes.
A Solidão me deixou, me fazendo dependente da sua companhia, do seu sorriso e de sua tremenda habilidade em se fazer presente mesmo estando longe.
