Já se passava das 9h da manhã quando vesti meu maiô listrado vermelho e branco e desci até os aposentos recreativos. Em minha casa tenho duas piscinas, uma convencional para o verão e outra de inverno, pois o verão aqui é muito quente mas o inverno também é difícil, mesmo que não passe dos 20°, o que para mim é muito, num ambiente reservado encapsulado de vidro, que me da a visão do meu maravilhoso e impecável jardim.
Deixei a toalha enrolada em cima da mesa e fui para a piscina. Mergulhei e fiquei assim por alguns instantes, até a falta de oxigênio ser insuportável.
Estou me sentindo triste. Muito.
Mesmo Faruk tentando me tranquilizar em relação ao conselho e suas cobranças, eu sei que tem algo de errado. Minha intuição me diz isso e eu nunca me engano.
Escuto passos e presumo ser Dália, uma velha mulher que me ajuda a cuidar do meu lar e prepara os melhores quitutes. Afundo na água novamente e nado para longe da borda.
- Senhora Alimah, aqui está seu café da manhã. – Ela disse assim que me viu voltar a superfície. – Aqui tem as frutas que a senhora gosta, doces e pães que acabei de assar.
Dou um sorriso em resposta e nado de volta para a parte da borda onde ela está. Seguro a escada da piscina e levanto.
- Obrigada, Dália. Parece estar uma delícia. – Sorrio e sento na cadeira ao lado da mesa e começo a degustar.
- Espero que sim, Sheika. Licença. – Ela sorri e se despede com um pequeno aceno de cabeça e me deixa sozinha novamente.
Enquanto como, os pensamentos de antes voltam.
Eu sei que Faruk tenta me proteger a todo tempo e cuida de mim e cuida também do meu bem estar mas eu sei que existem coisas além do poder e querer dele. Eu sei como sou julgada por não ter dado um herdeiro para meu marido ainda e sei como serei julgada caso ele encontre uma segunda esposa e essa cumpra seu papel melhor que eu. Mas eu o amo e sei que ele me ama também, ele jamais faria isso para minha humilhação e sofrimento. Eu preciso confiar em meu marido por hora. Não há o que eu possa fazer.
/////////////////////////////////////////////////////
São 22h da noite e eu me encontro deitada no quarto conjugal com minha camisola rosa de seda e meu Ipad esperando meu marido. Perambulo pela internet em diversos e variados sites e não vejo a hora passar nem o sono chegar. Mas desperto assim que escuto a porta abrir e vejo Faruk adentrar por ela.
Ele caminha até a cama e seu semblante está desolado, nunca vi meu marido assim.
Ele senta ao meu lado na cama e eu sento encostando minhas costas na cabeceira assustada.
- O que foi, carinho? – Pergunto enquanto procuro suas mãos para encaixar nas minhas.
Ele não me olha. Só olha para baixo.
- Me desculpe. – Ele sussurra.
- Eu não estou entendendo, Faruk – Tento encontrar seus olhos mas a tentativa é falha – Explique-me, marido.
- Eu não consegui segurar mais o conselho, Habib. – Ele então olhou em meus olhos e eu vi dor no olhar dele.
- Como assim? – Pergunto endireitando minha postura sem acabar com o laço de nossas mãos.
- Eu vou ter que me casar novamente, Habib. – Meu coração parou por alguns segundos e voltou acelerado logo depois. Eu tinha cavalos galopando no lugar de um coração. – Eu preciso fazer isso, é o meu dever como líder, você sabe. - Ele levantou minha mão até a altura de sua boca e depositou um cálido beijo ali. - Me desculpe, eu lhe imploro.
Ele continuou falando mas eu não entendia mais nada que ele dizia. Nada mais fazia sentido. Eu sempre soube que corria esse risco, sempre soube que era o que o conselho queria mas eu não acreditava que isso fosse acontecer comigo.
Tem um buraco negro abrindo em baixo de mim e eu não consigo fazer nada. Falar. Gritar. Me mover.
Absolutamente nada.
Eu só sinto medo.
Medo do propósito que Alá guarda para mim com essa decisão de meu marido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A PRIMEIRA ESPOSA
RomanceMahara Alimah, no auge de seus 23 anos já encontrou o seu amor e casou-se com a graça e aprovação de Alah e seus pais. Sheik Faruk Alimah III ama sua esposa e fará de tudo para protegê-la, custe o que custar. Mas seria o amor capaz de aguentar uma t...