Apresentações

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Já sentiu que o mundo inteiro estava desabando encima de você? Um aperto tão forte que poderia perder os sentidos? Um medo tão irracional que te leva a fazer loucuras? Eu já! Mas para contar essa história a você, eu vou ter que começar do início.
Eu não tenho uma história longa e dramática sobre como o dia em que percebi que era gay, estava na mesa de jantar com meus pais e minha irmã Beth quando tinha seis anos e ela quinze, eles brincaram com a ideia de ela se casar com o namorado David, quando meu pai fez uma piada sem graça sobre, no futuro, eu namorar com meu amigo Michael, já que eramos tãããão grudados, eu estava encarando as ervilhas que se juntavam com meu pure de batatas no prato quando disse "eu gosto é de meninas" ouvi meu pai se engasgar, uma ervilha voou de sua boca até o meio da mesa, olhei ao redor, minha irmã sorria, mamãe parecia pasma, e irritada, suas sobrancelhas lhe davam esse aspecto o tempo inteiro, meu pai só conseguiu dizer "Shelly, pare de brincar com a comida" a partir daí não precisou haver segredos, meus pais sempre lidaram muito bem com minha sexualidade, não foi choque nenhum quando levei Deise para casa pela primeira vez, minha irmã se casou quando eu tinha dez anos, mas não com o David, e sim com um engomadinho chamado Jason, engravidou seis anos depois, minha sobrinha se chama Sophie, e eu sou tão ligada a ela, que as vezes me esqueço que eu não sou a mãe, ela tem quatro anos, o que significa que eu tenho vinte, meu nome é Shelly, estranho né? Meu pai achou que seria legal um nome diferente na família, e também achou que seria legal esquentar sopa no microondas com a panela, o que significa que ele não tem boas ideias, foi na noite da formatura do Tim (advinha quem escolheu o nome?) Meu irmão três anos mais novo, que eu acabei em um bar as duas da manhã, nunca fui muito de beber, pra ser sincera sempre odiei a forma como a bebida desce queimando, e como fico terrivelmente tonta logo em seguida, mas aquela era uma ocasião especial, era o dia em que meu irmão de dezessete anos estava se formando no ensino médio, e a irmã legal precisa estar com ele, naquele bar, virando quantas doses de tequila aguentar sem vomitar, ou seja, não muitas.
Todos estavam dançando, ou beijando alguém, ou simplesmente muito bêbados, então eu prefiri me sentar em um balcão, levemente alterada, tomando um suco de frutas vermelhas batido com leite, provavelmente morango, pra ser sincera eu só sei que era cor de rosa, eu estava tentando identificar a música ao meu redor, de quem era aquela voz? Era antiga, mas de quem?
E então ela estava ali, ao meu lado, sorrindo para mim, pronta para pedir uma bebida.

A Garota do BarOnde histórias criam vida. Descubra agora