*Inicio de tudo*
*SANDRA*...
Acordei assustada...
Novamente esse pesadelo que me aflige até em momentos de descanso. Como se já não bastasse minhas lembranças...
Já faz algum tempo que tudo aconteceu e mesmo assim, continuo sendo aterrorizada pelo meu passado e isso me trás uma insegurança terrível, pois sei que meu futuro é incerto. Mesmo com aconteceu, eu não posso desanimar porque tenho Melissa que é a única capaz de alegrar minha vida. Ela é linda, meiga e carinhosa, sem contar seu olhar vivo e cheio de energia.
Desde que cheguei a capital, grávida e sem apoio nenhum da minha família, minha vida mudou muito. Muito mesmo.
Mas também não posso dizer que em todos os aspectos foi ruim ou que essa mudança foi positiva em todas as partes. Melissa nesse caso foi uma conquista positiva, mas o lado negativo era o fato do meu pai, que apenas me expulsou de casa e me deserdou de seu amor e de tudo que pudesse ter algum tipo de ligação com ele ou com minha mãe e irmão. Às vezes Pedro vem me ver, ele é meu irmão, um pouco mais velho que eu. Mas meu pai nem sonha com isso. Já minha mãe, quanta saudade. Pedro diz que ela está sofrendo até hoje com a minha ausência.
Somente dona Stefanie e o senhor Peterson com a esposa dele, a linda Jeniffer, sabem da minha história. O senhor Peterson, além de ser o avô de Melissa, também é dono de uma rede importantíssima de hotéis cinco estrelas e ele com sua esposa, sempre me ajudaram em tudo desde que vim morar com eles, e mesmo agora que eu estou trabalhando em um de seus hotéis, eles continuam me ajudando a principalmente dar uma boa educação a minha pequena Mel. Aliás, eles sempre cuidaram de nós.
Peter o pai da Mel, quase não o vejo, e faria qualquer coisa para que até nesses 'quase', não o visse também. Meu coração dói muito quando me lembro de tudo o que aconteceu. As marcas vão ficar para sempre. Ele disse que me amava e eu acreditei. Depois de tudo... Ele me humilhou na frente das pessoas que eu considerava serem meus amigos. E quando meu pai descobriu que eu estava grávida, simplesmente disse que para ele, eu havia morrido e que se envergonhava de mim... Que filha ele nunca teve.
Não me deixou pegar minhas coisas e minha mãe ficou em prantos na entrada da casa, enquanto ele me arrastava para a casa da dona Stefanie, que é irmã do senhor Peterson e madrinha do Peter. E lá meu pai me deixou. Apenas com a roupa do corpo. Pedro ainda conseguiu me levar algumas coisas escondido como roupas, documentos e até o dinheiro que nós dois estávamos juntando para comprar uma TV nova...
Tudo isso porque acreditei nas palavras do Peter... Sei que também tive culpa e hoje pago pelas consequências.
Quando cheguei à capital, bem dizendo na casa dos pais dele, Peter jurou que eu estava mentindo e que nunca havia se aproximado de mim. Dias depois ele foi enviado ao serviço militar e eu implorei a dona Stefanie para me levar de volta com ela. Eu prometi trabalhar dia e noite para ela, apenas por um teto e por alimento. Mas o senhor Peterson foi categórico.
- Nada disso. Se você está grávida do meu filho, nós vamos tomar conta de você e tomar as providências necessárias. Depois resolvemos a questão da paternidade.
- Vocês não acreditam em mim... Não posso ficar num lugar onde me tenham por mentirosa. Não engravidei de propósito... E nem fiz essa criança sozinha.
- Meu irmão e minha cunhada, conheço a família da jovem. São pessoas humildes e batalhadoras, e uma coisa que posso assegurar é o caráter honesto. Eles sempre valorizaram a verdade.
Dito isto, fiquei com eles, na casa daquela família. E nos dias que se passaram, apesar de eu ter apenas quatorze, quase quinze anos, eu adquiri alguma experiência de vida. Aprendi a me defender das línguas e olhares maldosos. Apesar de grávida continuei estudando e era vista por todos como a garota fácil que engravida do herdeiro de uma fortuna, para garantir estabilidade financeira. Ou seja, uma aproveitadora barata.
Agora já estou com dezoito anos, prestes a completar dezenove e Melissa vai fazer quatro anos. Coincidência ela ter nascido no mesmo dia que eu? Dia vinte e dois de setembro. Acho que se não fosse isso, meu aniversário só serviria para ficar mais triste, pois apesar de ser uma data tão esperada pelas garotas da minha idade, o nascimento dela me deu outra expectativa sobre o que preciso valorizar.
Tive muita sorte dos pais de Peter me aceitarem na casa deles e como pelo exame de DNA foi comprovada a paternidade, Melissa tem o sobrenome do pai. Quanto a mim, depois de tudo o que passei, nunca mais acreditei numa única palavra de pai dele. E após concluir meus estudos no qual aprendi um pouco de nutricionismo, pedi a dona Jeniffer que me permitisse trabalhar num de seus hotéis. Precisava me mostrar útil e relutei muito, até enfim conseguir uma vaga.
Para variar um pouco, a grande maioria dos funcionários do hotel, me via como a aproveitadora, título esse que o Jefferson, irmão do senhor Peterson fez o favor de espalhar entre os funcionários. Ele ocupava o cargo de gerente geral da rede de hotéis e era o responsável pelos relatórios gerais e até mesmo pela admissão de novos funcionários. E ele me enviou para trabalhar no hotel mais distante da rede, próximo ao aeroporto de Guarulhos. Eu imaginava que a ideia dele era de que eu desistiria assim que conhecesse a distância que eu precisaria percorrer de transporte público todos os dias. Mas depois de uns dias trabalhando lá, percebi que essa não era a sua verdadeira intenção. Mas mesmo assim eu não iria desistir. Melissa me dava forças e por ela eu seria capaz de atravessar até o oceano ou mesmo o deserto. E para facilitar, dona Jeniffer mandou separar um quarto para que eu não precisasse sair muito cedo de casa ou chegar tarde da noite. Esse quarto era simples, mas era um canto só meu.
Trabalhando lá, fiz algumas amizades, a maioria forçada. Mas conheci uma garota legal. Sua história de vida, diferente da minha, mas também sofrida. Sua mãe estava internada, precisando de cuidados médicos. Ela não dizia o porquê, mas com certeza era grave. Teve um irmão mais velho, ele foi mais uma vitima da guerra do tráfico e seu pai, foi embora para o Paraguai com uma moça mais jovem. E ela ainda era responsável pela criação de Kaio seu irmão caçula. Essa é a história de Karina, vinte dois anos e com tanta carga para ser responsável.
Meio louca às vezes, mas éramos amigas, quase irmãs. Às vezes quando tínhamos folga aos domingos saíamos juntas para passear com Melissa e com Kaio. Num desses passeios, fomos ao Parque do Ibirapuera em um encontro de fãs... E o pior é que eu nem sabia de que artista se tratava.
O que mais havia lá, eram garotas de várias idades, fãs de vários artistas e bandas e uma dessas bandas me chamou atenção quando uns grupos de garotas fizeram uma apresentação cover de sua música. E curiosa fui verificar qual era a tal banda. Foi nesse dia que eu me tornei fã. Comprei até dois pôsteres e uma revista para conhecer melhor. Sem saber, eu já gostava de algumas músicas e acabei viciando nas demais, elas falavam de amor... Uma coisa que qualquer garota sonha em ter e que eu nunca terei.
Meus pensamentos e lembranças foram interrompidos pelo bip do meu celular. Mensagem da Karina. "San, por favor, diz que terminou a planilha... Apavorada. Ká".
Eram apenas três e meia da manhã e ela estava sofrendo de ansiedade e eu também de certa forma, pois entre alguns hotéis da cidade, nós fomos convidados a montar um esquema alimentício diferenciado para oferecer para uma banda famosa. E advinha só? A mesma que nós éramos fãs... Imagina só tê-los aqui no nosso hotel?
A única coisa que pedi foi que ela mantivesse em segredo que foi eu quem montou a planilha do cardápio a ser oferecido.
***Continua...
Obrigada a quem está acompanhando a fic!
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Fic Foi o seu sorriso! - Concluída
FanfictionHarry Styles... Sonho nosso de cada dia! Julho/2014 Julho/2015