Ela precisava ter sua vida de volta

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Emma observava a luz do sol invadir a sala pela janela aberta, a loira estava sentada em uma cadeira giratória em frente a uma grande mesa de madeira cheia de papéis perfeitamente organizados, um computador e alguns objetos pequenos. Do outro lado da mesa estava seu chefe, o homem a quem Emma serviu durante anos. Era elegante e respeitado, poucos sabiam que ele também era cruel, ambicioso e manipulador.
Alguns anos antes, Emma havia perdido as esperanças em si mesma. Depois de concluir o ensino médio havia saído de casa e se envolvido com as pessoas erradas. A loira aceitou uma proposta de Gold, seu chefe, depois outra e outra, quando se deu conta ela já pertencia àquele mundo e não conseguia sair.
Agora, depois de anos e inúmeros crimes, Emma desejava uma vida normal. Queria estudar, procurar a sua família. Ela sentia tanta falta de seus pais e seu irmão mais novo, mas sabia que não tinha o direito de voltar para suas vidas enquanto não estivesse limpa, longe de toda aquela maldade. E mesmo que o homem a sua frente lhe causasse arrepios, ela precisava enfrentá-lo.
Ela precisava ter sua vida de volta.

- Então, você quer sair senhorita Swan? - Perguntou Gold como se não tivesse entendido. Emma não respondeu. - Você tem dívidas comigo, não pode sumir daqui sem antes pagá-las.

- O que eu tenho que fazer? - Perguntou hesitante. Temia que acabasse se afundando ainda mais, que arrumasse mais problemas.

- Esse é o tipo de frase que eu gosto de ouvir. - Disse Gold se levantando de sua cadeira. O homem usava uma blusa branca e terno cinza, enquanto Emma usava calça jeans preta e blusa cinza. - Tenho uma proposta para lhe fazer, um ótimo trabalho garanto. - Concluiu andando pela sua enorme sala e parando na frente da janela.

- Sozinha? - Perguntou olhando o homem que estava de costas para ela.

- Não. É um trabalho complexo, exige muita dedicação e vou precisar de algumas pessoas. Creio que você seja uma das melhores. - Virou-se para Emma. - Me diga senhorita Swan, já ouviu falar da família Mills?

- Acho que vi esse nome em algum lugar. - Disse tentando se lembrar de onde conhecia o nome Mills.

- Tudo que precisa saber é que é uma família muito rica. Soube que a filha mais nova de Henry Mills está noiva, que farão uma grande festa. Imagine quanto dinheiro eles pretendem gastar. - Se aproximou de Emma dando a volta na mesa em seguida. - Gostaria de fazer companhia a senhorita Mills por algum tempo? - Sentou em sua poltrona.

- Eu não posso fazer isso. - Emma lamentou-se.

- Como não Swan? É uma coisa tão simples... E irá lhe render tanto. - Inclinou-se em direção a loira que o encarava timidamente. - Depois desse trabalho terá dinheiro suficiente para seguir sua vida.

- Como posso saber que não vai me matar quando eu terminar? - Emma perguntou. O medo aumentando a cada segundo.

- Não pode. - Inclinou-se para trás. - Mas se recusar o trabalho, posso matá-la agora. A escolha é sua.

Emma engoliu a seco, seu coração batia acelerado e suas mãos suavam. A loira respirou fundo e ergueu a cabeça encarando o homem que esperava sua resposta tranquilamente.

- Tudo bem, eu faço. Mas depois que isso acabar, estarei fora. - Gold sorriu cinicamente.

- Ótima escolha senhorita Swan.

***

Do outro lado da cidade, na mansão da família Mills, Regina caminhava em passos lentos atrás de sua mãe, Cora Mills. A morena usava um vestido cinza um pouco justo, mas confortável. Usava maquiagem leve, com atenção especial em seus lábios pintados de vermelho, seus cabelos estavam soltos e em seu rosto uma expressão de impaciência reinava.

- Mamãe, eu não sou mais uma criança. Posso fazer isso sozinha. - A morena tentava convencer a sua mãe que estava irredutível.

- Sei que não é Regina, mas não quero que resolva tudo sozinha. - Cora disse virando para olhar a filha. - Não posso ir com você, mas leve sua irmã. Zelena é ótima com essas coisas.

- Ela vai escolher tudo verde! - Bufou.

- Se imponha, dê a sua opinião, faça as suas escolhas. Mas não rejeite a opinião dela. - Cora disse em seu tom de voz naturalmente autoritário.

***

Emma estava encostada a parede com seus braços cruzados, estava em uma sala pequena em uma casa no meio da floresta. Observava Killian e Graham conversarem animadamente sobre alguma coisa a qual ela não havia prestado atenção. Seu olhar estava distante, lembrava-se de como havia chegado àquela situação, e mentalmente, se lamentava.
Despertou de seus pensamentos ao sentir Ruby tocar em seu braço.

- Oi. - Disse baixo. As pessoas ali eram seus colegas de trabalho. Havia outros, mas os quatro foram os únicos a serem chamados ali naquele dia.

- O que houve? Você tá distante. - Perguntou Ruby parando em sua frente. Emma bufou.

- Eu pedi pra sair. - Respondeu sem ânimo.

- Como? Quando? Porquê? E você tá bem? - Ruby perguntou de uma vez. Sabia que não era fácil sair daquele trabalho.

- Há uns dois dias. Não quero mais fazer isso Ruby... -
Encarou a amiga. - Sinto falta da minha família. - Ruby encostou na parede ao lado de Emma. As duas, agora, olhavam na mesma direção.

- O que ele fez? - Perguntou referindo-se a Gold.

- Me fez essa proposta ridícula e me ameaçou pra que eu aceitasse. - Emma disse um pouco irritada. A loira detestava a ideia de fazer algo tão ruim a alguém inocente, alguém que provavelmente estaria feliz.

E teria sua felicidade arruinada.

Por ela.

- Vamos resolver isso, tá? Eu tô com você. - Ruby disse tocando o braço da amiga, Emma cobriu a mão da morena com a sua e assentiu.

Passados alguns minutos, Gold entrou na casa com uma maleta em mãos. A colocou em cima de uma mesa que ali havia e gesticulou para que se aproximassem. A tarde se seguiu com o homem explicando a situação, seu plano e seus objetivos. Após dividirem entre si suas posições no novo trabalho e planejarem cautelosamente a execução do plano, foram embora.
Na semana seguinte tudo deveria estar pronto.
Emma foi para o apartamento que dividia com Ruby. Tomou banho, vestiu a primeira roupa que viu no guarda-roupa e depois de jantar e escovar os dentes, se trancou em seu quarto e se jogou na cama. Seus cabelos naturalmente enrolados dançavam sobre suas costas, a loira virou-se encarando o teto sem expressão alguma em seu rosto. Havia passado os últimos dias pensando em uma maneira de fugir de Gold sem arriscar a sua vida, ou de quem amava. Suspirou pesadamente ao concluir que isso não seria possível, colocou as duas mãos em seu rosto o cobrindo.

Emma não tinha escolha. Não tinha saída.

Ela teria que sequestrar a senhorita Mills.

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