O Pianista

Hammerklavier

Itachi tomou as mãos de Temari e só então ele se deu conta de que tremia junto da amiga. A Sabaku estava descompassada por causa do medo de não saber se tinha feito a coisa certa e o Uchiha por saber que pela reação da amiga aquilo não era mais do que uma notícia sobre algum irmão que tinha ficado fora do país para estudar – por exemplo -, mas sim algo que ele provavelmente não deveria saber.

E se ele – ou qualquer outra pessoa – não podia saber sobre aquilo então aquele assunto era mais delicado do que ele poderia prever. E Temari, trêmula como estava, não podia ser deixada de lado como se aquele fosse um tópico qualquer e que ela sairia dali algum tempo depois como se nada tivesse acontecido. Ela estava assustava demais para Itachi dar aquela conversa por encerrada.

- Você tem outro irmão? – Temari assentiu com um menear. – E você não pode contar pra ninguém que tem outro irmão?

Temari o fitou de repente. – Odeio a sua capacidade de entender as coisas sem que seja preciso dizer muito.

- Em outro momento eu aceitaria isso como um elogio. – Ele lhe dedicou um sorriso condescendente. – Mas agora eu só consigo pensar no quanto isso é um problema porque você tá chorando demais. Ele não é só alguém que estava morando fora do país por algum motivo, não é?

Temari se deixou largar na poltrona.

- Não. Ele nunca saiu do país.

- E você também nunca falou dele nem quando eu frequentava a sua casa então eu devo supor que seus pais não querem que o mundo saiba que eles têm três filhos?

- Me-meu pai não quer que o mundo saiba. – Temari se sentiu gelar ao lembrar-se do estado de Gaara. Se seu pai ouvisse aquela conversa mataria o irmão. – Ele não quer que ninguém saiba que meu irmão existe.

Itachi a fitou em silêncio, suas mãos ainda juntas enquanto ele deixava um carinho suave ali, sentindo como estavam trêmulas. Em todos aqueles anos que conhecia Temari jamais imaginou ver a amiga naquele estado, tão assustada com alguma coisa como se aquele assunto a assombrasse e a perseguisse como sua sombra. Ela falava baixo e de maneira cortada, claramente desconfortável com aquilo.

Ela temia aquilo e Itachi estava começando a desvendar o motivo.

- Não quero te forçar a me dizer nada, mas entende que não posso deixar você sair daqui de repente e fingir que está tudo bem?

- Eu entendo, mas como posso te dizer as coisas sabendo o que pode acontecer ao meu irmão se meu pai descobrir que alguém sabe sobre ele?

- Confie em mim Temari.

Ela respirou fundo. – Eu confio em você, Itachi. Mas não consigo não sentir medo. Confio que não vai dizer nada a ninguém, mas entende como me sinto quando penso que se meu pai descobrir que eu te contei isso ele vai matar o meu irmão?

O Uchiha apertou a mão de Temari sem perceber.

- Está dizendo isso de maneira literal?

- Estou. – E a seriedade da Sabaku que Itachi tanto conhecia estava ali novamente. – Meu pai não pode imaginar que você sabe sobre isso. Seu irmão não pode saber isso. Seu pai e sua mãe não podem saber sobre isso. Seus amigos e os amigos dos seus amigos não podem saber disso.

- Meu tio Madara não pode saber sobre isso?

- Se você envolver a polícia nisso o meu irmão morre. Se você envolver qualquer pessoa nisso o meu irmão morre. Tem noção do que é isso, não tem?

Itachi anuiu. – Completa. Mas não citei o nome do meu tio à toa e espero que tenha entendido isso.

- Eu entendi sim. Me lembro de dizer que tem um tio que é delegado, mas nem ele pode saber mesmo eu tendo certeza de que ele pode ajudar de algum jeito.