4 - Luíza

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Minha cabeça está girando, ainda estou cansada, mas não com sono, porém, meu corpo todo dói... Estou deitada e está meio escuro. Passo a mão sobre o rosto algumas vezes para despertar, e sinceramente, não sei se funcionou. Estou vendo William sentado na poltrona à minha frente me encarando. Só pode ser pesadelo! Tento me levantar devagar, mas como eu disse, está tudo girando e doendo.

— Me deixa ajudar. — Will está ao meu lado agora. O que me diz não ser pesadelo. Pelo menos não dormindo.

— O que faz aqui, Will? — Sinto minha cabeça latejar.

— Você é uma paciente bem difícil, sabia? — Com um sorriso, me ajuda a sentar e encostar-me aos travesseiros, então fica em pé me olhando.

— Não sou — resmungo, rindo e olho em volta. — Como vim parar aqui? Não me lembro de ter vindo para cá.

— Eu te trouxe no colo, você estava...

— Desmaiada, imagino — digo sem graça.

— Não. — Ele ri e segura minha mão. — Estava dormindo, graças ao remédio e a noite mal dormida.

— A noite passada foi cruel mesmo.

Lembro-me de ter tomado o remédio, mas acho que exagerei na dose, para não me lembrar de nada. William para ao meu lado e segura minha mão. Como senti falta do seu toque. Ele parece apreensivo ao me olhar, como se quisesse me contar algo.

— Sente-se aqui. — Dou espaço, mas ele continua me encarando. — Vai dizer que está com medo de pegar gripe? — digo rindo e começo a sentir frio novamente. — Devia ter pensado antes por...

—Lucas veio trazer seu carro — diz ainda sem se sentar e fico confusa com a mudança de assunto. O que uma coisa tem a ver com a outra? — Ele quis te ver, mas não entrou por causa da tal regra que eu não sabia sobre seu quarto e...

William continua falando e andando. Imediatamente olho para minha roupa, lembrando-me que estava de camisola e Lucas não me vê assim, porém, para minha surpresa estou de vestido, um vestido tomara que caia que nunca usei, preto com uns detalhes brilhantes... Sinto tudo girar mais.

Como troquei de roupa? Lembro-me de estar com a camisola vermelha que coloquei quando cheguei do trabalho. Levanto o olhar, bem na hora que William para de falar e me encara apreensivo novamente. Ele sabe como vim parar neste vestido.

— Will... — Paro procurando palavras adequadas. — Como coloquei este vestido? O que aconteceu? O que me deu para tomar?

— Borboleta — diz meu apelido e vem até onde estou parando ao meu lado novamente —, você tomou dipirona, mas acho que exagerou na dose — brinca e sorri. — Eu te trouxe para o quarto e... — Para de falar e começo a gelar...

Será que tirei a roupa na frente dele? O chamei para dormir comigo e transamos? Gripe forte causa amnésia? Não consigo lembrar de ter feito nada disso. O encaro sem entender o desconforto dele.

— Will, pelo amor de Deus. — Puxo-o para sentar-se ao meu lado e ele faz. — Me conta logo, estou ficando preocupada com o que quer que eu tenha feito. — Ele ri.

— Não fez nada. — Me tranquiliza de algo, mas não sei o que é. — Talvez você queira me matar pelo que eu fiz. — Dá aquele sorriso de lado que sempre amei.

— William Reymond, o que aprontou na minha ausência? Vou precisar te deixar com uma babá? — brinco, mas começo a tossir novamente. Ele ri e me entrega um lenço de papel.

— Borboleta, você vomitou quando te trouxe e troquei sua roupa. — O encaro perplexa.

Sempre fui secretamente apaixonada por ele e sempre fomos amigos, não ficaria irritada por ele cuidar de mim, eu mesma já coloquei Lucas debaixo do chuveiro umas vezes depois que chegou bêbedo demais, porém, estou horrorizada por ter vomitado.

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