primeira e última.

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Modifiquei a história do Benjamim por completo. Por quê? Não sei. Apenas o odeio.

Agora começa assim: Mas vamos por partes. e termina assim: .

Mas vamos por partes. Quero dizer, apesar de ter dito que iria por partes, pode não haver ordem cronológica e posso não ir por partes - apenas quis te situar.

Tenho pena desse personagem que irei criar. Desse especificamente pois ele será um retrato de mim. Somente por isso o odeio e ao mesmo tempo morro de dó pois dói construí-lo|ir-me. Posso fazer algo? Apenas mudar teu nome. Essa pessoa que estou a construir, não há como evitá-la, percebe? Posso tentar modificá-la, tentar fazer dela outra pessoa tentar usar outra pessoa mas sempre acabará sendo ela, a mesma. Isso me irrita, perdão. Tentar descrever isso é desesperador e me irrita.

Está feliz agora, Benjamin? Perguntou-se a si mesmo.

Seus desejos de infância se tornaram realidades, mas ele não sabia o quão ruim isso poderia ser pra ele. Seus medos de infância ainda o persegue. Deus, como um ser maduro, deveria ter lhes dado o que pedira de outra forma. Ele lembra de pedir aos céus tudo que tem hoje. Mas ele não especificou nada, nem como deveria ocorrer, era apenas uma criança, e por mais que tenha o que desejou com toda a força,  ele não soube pedir e acabou a simpatia de Deus com esse pobre rapaz. Esgotou-se os pedidos e você errou em todos. Quantos haviam? Não sei.

Está feliz agora? Perguntou-se a si mesmo.

Não! Respondeu. Já sei. Já sei pois agora eu sei que, antes eu era feliz, sabe? já sei que aos poucos minha felicidade se esgotou pois eu a gastei com pedidos.

Ele a gastou com pedidos.

Sua felicidade era tamanha que até que comprou bastantes coisas com ela. Mas agora que as têm se arrepende. Pobre coitado. A lembrança do passado e de seus momentos felizes é tudo que lhes resta. Ele chora, muito, mas nem sempre. Nem sempre consegue chorar. Chora tanto de uma vez só que deve esperar meses até se reabastecer de lágrimas novamente. Sua infância o mata e o mantém vivo.  Pobre coitado amava tanto a seus 'veis' ou parças ou amigos mesmos. Os perdeu também. Perdeu a todos pois todos compuseram sua felicidade outrora. Perdeu pra deixar de ser besta.

Levantou-se em meio a soluços reprimidos pois odiava que o ouvissem chorar, foi ao banheiro e se olhou no espelho e se lamentou novamente e se odiou por si ser mais uma vez. Ninguém sabia que ele chorava, era de desgosto e arrependimento; só chorava em frente a outras pessoas quando precisava de alguma coisa que não seria concedida caso não estivessem, de alguma forma, sentidas. Mas a última vez que fez isso.. faz tanto tempo... se não me engano era até feliz.

Pobre coitado odiava dormir. odiava. odiava. odiava. odiava dormir pois o tempo passava muito rápido enquanto dormia; ele nunca quis que o amanhã chegasse, então o atrasava permanecendo acordado até tarde, como agora. Cada dia que passava se lamentava ainda mais, as vezes chorava um pouquinho antes mesmo de se reabastecer completamente de lágrimas - quando seu subconsciente recorre ao seu instinto de autodefesa. Chorava um pouquinho de noite, ninguém podia saber. Sofria por ter um futuro, tinha tanto medo dele, achava que por ser assim como ele se daria mal na vida. Se deu? Não sei. ainda estou no presente.

Morre de medo do futuro. morre. morre. morre. morre todos os dias. Só hoje já morreu mais de 3 vezes, o futuro está mais perto que nunca. E agora? Hein?!? E agora? Se pergunta.

Só sei que ousava passar uma lâmina em sua carne enquanto ouvia um tal de belchior.

Mas pra que tantos fatos de uma vez só? Tamanha mesmice da sua vida que logo acaba o repertório do seu autor. Fazendo com que lhe invente coisas, como já lhes inventam.

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⏰ Última atualização: Feb 05, 2020 ⏰

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