Ela era tão fria.
Literalmente, tudo nela era tão gelado.
Ela sempre trazia uma frente fria com ela. Sempre trazia uma nevasca junto com suas células.
Era solitário.
Quando todos estavam com seus cobertores e cafés quentes e ela nem mesmo precisava de um casaco.
Quando todos estavam comemorando a primeira neve com beijos e chocolates, e ela simplesmente não tinha mais ninguém.
Era tão difícil ser o inverno.
Não poder se relacionar com mais ninguém. Não poder ter uma vida normal.
Nada em sua vida era caloroso, nada era aconchegante como um cobertor para ela.
Sempre viveu só, e para sempre seria assim.
Bem, isso era o que lhe passava pela cabeça.
Tudo começou a ficar estranho quando uma pequena flor floresceu bem no vaso de sua casa.
Ela nunca plantou aquela flor. Exceto a flor que plantou há dez anos atrás, e morreu em poucos dias.
Como era bonita.
A pequena margarida que simplesmente nasceu naquela terra escura. Aquela frágil flor era linda.
Linda, porém estranha.
Então, quando as 19:57 horas da noite ela decidiu sair de sua casa, tudo ficou ainda mais estranho.
Quando seu olhar passou por todas aquelas cores tão vibrantes, e por aquela tão bonita cerejeira, ela pôde sentir um grande cobertor a aconchegando.
Ela nunca viu tantas cores assim.
Nunca viu tantas pessoas tão felizes enquanto ela estava no comando, o inverno sempre foi tão desanimado.
Em 400 anos, ela nunca viveu tudo isso.
Além das flores e as cores, alguém em especial a chamava atenção.
Alta, loira, esguia. Bonita, pensou, Nayeon — Nome humanizado de inverno.
A loira estava estranhamente agasalhada.
Cachecol, casaco, calça, bota. Nayeon não era assim tão fria.
Quando a alta passou a andar sua direção, a pequena garota teve um breve enfarto.
Cada vez mais ela se aproximava.
Suas bochechas tomaram um tom rosado.
Inverno fechou os olhos.
E assim que sentiu seu pescoço ser coberto por um tipo confortável de tecido, ela soltou um ar que nem sabia que estava prendendo.
Como aquilo era bom.
Quando Nayeon abriu os olhos, a mesma mulher alta tirava seu casaco e o acrescentava nos ombros daquela baixa mulher.
Por que sentia que o conhecia? Nunca havia a visto.
Ainda sim, estava segura.
A loira agasalhada, agora só vestia uma blusa de manga preta e seus Jeans rasgados.
Tudo estava em Nayeon, toda aquela malha estava em seu corpo.
E então, algo mais foi posto em sua pele.
Os longos braços da loira, até então não identificada, estavam entrelaçados pelo corpo da outra menina. Com a pequena diferença de tamanho, Nayeon só estava parada com a cabeça nos ombros dela.
Por que aquilo lhe dava tanta paz?
Por que estar abraçada com uma mulher desconhecida em pleno parque lhe dava tanta felicidade?
Era afetuoso, pela primeira vez.
— Eu já estive aqui, você só não se lembra.
Ela sussurrava ao "pé" do ouvido de inverno. Que estremecia ao sentir seu hálito quente contra seu rosto.
— E-eu... eu não lembro de você.
Ela devolveu as palavras no mesmo tom de voz, quase não se podia escutar. A loira a acariciou na cabeça. Aquilo a deixou mais protegida.
— Se o inverno chega, a primavera nunca estará tão distante.
Tudo agora fazia sentido pra Nayeon. Era ela, era a primavera.
Por tanto tempo ela esperou.
Tanto tempo de frieza que ela passou. Tanto tempo de solidão.
Quando Primavera apareceu pela primeira vez, e deixou tudo feliz e colorido. Era esse o sentimento de Deja Vu.
Quando ela apareceu e simplesmente tatuou seu nome no coração de Nayeon, a fazendo martirizar todos os dias por não ter conseguido a manter aqui.
Mal sabia que a culpa não era dela.
Durante 10 anos, Inverno passou sua quase vida sozinha, como de costume. E de novo, se acostumou com aquilo.
Em 10 anos de espera, ela voltou.
Ela finalmente voltou.
A ficha de Nayeon ainda não havia caído.
— Jeong, como você...
Ela tentava dizer algo com fundamento ou sentido, mas nada lógico saia de sua boca. Jeongyeon voltou a acaricia-lá, a abraçando com mais força.
A mais alta cortou seu abraço, e logo então segurou o rosto da morena. Parando para aprecia-lá por alguns segundos, para finalmente, tomar seus lábios com um rápido e quente beijo. Quente beijo.
Ela sentiu aquilo, ela sentiu o calor.
Jeongyeon era calorosa. A sua primavera.
— Eu não vou mais embora. A primavera chegou pra você, minha pequena Nayeon.
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minha calorosa primavera
RomancePelos 10 anos que estive sozinha, aguentando toda aquela frieza. Eu a esqueci. Não lembrava seu rosto, seu corpo, seu cheiro. Não lembrava do calor que me trazia, de todo aquele afeto. Não lembrava da minha primavera. 10 anos depois da sua ida...