Capítulo 22

158 14 2
                                    

Bocejo pela quarta vez desde que acordei — o que não faz nem uma hora. É quando uma moça trajando um uniforme com o emblema da padaria e lanchonete se aproxima com um pequeno bloco de papel em mãos, toda sorridente.

Como alguém consegue estar sorrindo assim às 6:00 da manhã?

— Bom dia, o que vão pedir?

Abro a boca para responder, mas fecho de novo quando um índice de bocejo se aproxima. Liz então toma a frente:

— Eu vou querer uma xícara de café.

— Algo para comer?

— Não, obrigada. — Liz recusa.

— E o rapaz...? — a garota me olha, esperando meu pedido. E já recuperado, respondo:

— Eu vou querer dois pães de queijo e uma xícara de café bem forte, por favor.

— Tudo bem. Já trago o pedido de vocês. — informa, se afastando da nossa mesa.

— Não vai comer nada? — pergunto à Liz que, no momento antes de interrompê-la, encarava a rua do outro lado do vidro da janela.

— Não. Só um café para despertar mesmo.

Feito minha cabeça sobre os braços. Fecho os olhos.

— Eu não acredito que saímos tão cedo. — minha voz sai arrastada.

A intriga entre nossos pais causou um certo aborrecimento em Liz, que não esperou o café da manhã ou sequer dirigiu uma palavra aos dois que já se encontravam acordados. Às 5:30 da manhã, ela já estava se arrumando para sair. Pretendia tomar a primeira refeição do dia fora e depois iria para a escola. Tudo para evitar a situação que se formou em casa. Então eu decidi acompanhá-la e como estamos de carro, e, com algum tempo de sobra até dar o horário de nos dirigimos à escola, nos trouxe aqui para comer e passar o tempo.

— Eu não pedi que viesse.

— Mas que bicho te mordeu? — levanto minha cabeça, surpreso com a arrogância. Ela está olhando novamente para através da janela, distraída enquanto mantém a cabeça apoiada na mão.

— Foi mal. Eu só... Você sabe, eu desconto minha irritação nas pessoas.

— E com o quê está irritada?

— A resposta é óbvia.

— Eles brigam e você é quem fica irritada?

— Estou irritada exatamente por eles terem brigado.

— Foi basicamente o que perguntei.

— Cala a boca. — seu rosto se contorce numa careta antes de ser escondido entre os braços.

— Isso é fome.

Levo minha mão ao seu cabelo e bagunço alguns fios que fogem do rabo de cavalo. Ela me encara irritadiça, fazendo um barulho com a boca ao mesmo tempo que desfaz o penteado para logo voltar a refazê-lo.

— E isso é falta do que fazer?

— Não, é só para fazê-la tirar essa cara feia.

— Me desculpe se te incomoda, mas ela foi feita para me dar forma e não satisfazer gostos alheios.

— Descontar sua raiva interior em mim não vai fazer com que nossos pais se resolvam. — me encosto na cadeira.

— Eu sei, só... não estou muito preocupada em controlar as palavras. Me desculpe.

— Aqui está. Pães de queijo e um café forte para o rapaz, e, um café para a mocinha. — a garçonete surge com os nossos pedidos.

— Obrigado. — eu e Liz agradecemos em uníssono e eu a espero se afastar para continuar a conversa.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora