Prólogo - 15/12/07

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Em São Paulo não há tantas árvores, nem o coletivismo típico de pequenas cidades. Sem falar no ar puro, ausência de trânsito, etc. 

Por isso, Cláudia estava tão feliz em passar as férias na pequena Comendador Fraga. 

Poder esticar as pernas na pequena floresta ao redor da cidade, em contato com a bela e deslumbrante natureza que a garota tanto apreciava, além disso, dava um ar de aventura para todo aquele feriado. 

Naquela noite, quinze de dezembro de 2007, no calor escaldante do verão brasileiro, sem aviso prévio, Cláudia decidiu sair à noite. Contou aos pais que encontraria um amigo quando saía, bateria um papo, talvez até tomasse umas cervejas, mas voltaria em breve, no espaço de poucas horas. 

 "Ei, Paulo, estou aqui!" alertou a garota, próxima à rocha que  marcava a entrada da floresta. 

A noite de lua cheia, apesar de quente e bem iluminada, adquiria uma face completamente diferente nos arredores da mata fechada. 
A umidade das plantas, bem como os sons misteriosos de animais noturnos, criavam uma paisagem de muita neblina, ruídos sutis e intermináveis calafrios para qualquer observador.

Na penumbra, onde a iluminação pública não alcançava, e a luz da lua não fazia diferença, Cláudia, esperou. 

Por meia hora, nada de Paulo. Então, decidiu a jovem decidiu ir embora. 

De dentro da mata, escutou: 

"Aqui!" A voz era trêmula, agitada e familiar. Era Paulo. 

Com seus vinte e um anos de plena saúde, Cláudia venceu a rocha com facilidade. Desviou de alguns galhos mais aparentes até, próximo a uma árvore centenária, encontrar o jovem amigo de igual idade, atônito, apontando com a lanterna do celular para um cadáver destroçado.  

"Eu não quis chamar você antes, porque... Olha isso!" explicou Paulo, ofegante. 

A garota estudou a cena. 

O cheiro era nauseante, o sangue fresco estava misturado à fezes, e o cadáver era grande demais para um tatu ou preá, no entanto, pequeno demais para um herbívoro grande. 
Encaixava-se com as dimensões de um cadáver humano destroçado.

"Acho melhor sairmos daqui..." decidiu Cláudia, com os olhos esbugalhados. 

Instinto PrimitivoWhere stories live. Discover now