- Isso aqui é um chiqueiro! Não acredito que você trocou nossa casa superacolhedora, limpíssima e sempre arrumadíssima por essa pocilga? Fala sério, Maria de Lourdes! - exasperou-se minha mãe, mãos na cintura, a última vez que veio me visitar.
Eu nunca encontro palavras para dizer nessas horas. Durante seus ataques, prefiro me recolher ao mais puro silêncio de consentimento.
Estou há sete meses meses dividindo com a Helô e a Bené um ridiculamente pequeno apartamento. Bem, disse minha mãe, nada cabe no apartamento. Nada mesmo! Sinceramente, eu e as meninas mal cabemos no "apartamento", como chamamos carinhosamente nosso lar-microlar.
Para piorar, a Helô é superbagunceira, eu sou megabagunceira e a Bené é hiperbagunceira. Bené, aliás, tem um outro probleminha que é bem chatinho: vive com o namorado antipático para cima e para baixo. Outro dia o sem graça me viu de calcinha e sutiã antes de uma festa. Quer mico maior que esse? Morri de vergonha. Ele morreu de rir. Palhaço!
Morar longe de casa não tem sido exatamente o paraíso que eu imaginava, mas dias melhores virão. Serei efetivada no meu estagio (oba!), vou ganhar um salario decente e acho que logo, logo estarei pronta para alugar o meu próprio cantinho. Decidi: amo as meninas, mas quero, preciso morar sozinha. Pelo bem da nossa amizade.
Para dar uma ideia do caos que é nossa convivência, outro dia cheguei em casa e vi repousando no chão da microssala, repetindo, no chão da microssala, vários, de novo, vários objetos. Foi difícil desviar deles. Primeiro, passei raspando por um CD do Nando Reis, depois, quase pisei na caixa do CD do Nando com um disco de funk dentro, na caixa do DVD de Sex and the City, numa lixa de unha, num papel de bala, num ventiladorzinho portátil, num tênis amarelo imundo, num pedaço de papel com um número de telefone anotado e em entupidos sacos de roupa suja.
- A gente precisa comprar uma máquina de lavar roupa para essa casa! Ou tomar vergonha na cara e lavar a roupa! A gente não pode achar normal esses sacos estarem no meio da sala há uma semana! - reclamei, antes de dizer boa-noite para as minhas amigas.
-Não cabe máquina de lavar aqui no apartamento - disseram-me as duas calmamente.
A casa estava um horror.
Nós três somos terríveis juntas.
A Helô, então, é sem noção. É capaz de deixar durante dias uma maçã comida sobre a pia da cozinha.
Isso porque a lixeirinha fica ao lado da torneira.
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Fala sério, professor!
HumorSinopse: Em 'Fala Sério, Professor!' vamos descobrir a relação de Malu com os seus professores mais marcantes. Os do colégio, o da academia, o do curso de inglês, a da Shiatsu, os de teatro, os particulares, os gatos, os durões, os amigos, o meio d...