Dedução da Taciturnidade

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A Sant. Clifford sempre fora uma das ruas mais desertas de Weatherfield. Haviam poucas casas e apartamentos em toda a sua extensão, o que resultava na predominância de lojas e estabelecimentos que, a esta hora da noite, já haviam encerrado o expediente. A lua cristalizava-se nas margens do pequeno lago que embelezava a pracinha localizada a direita da floricultura, além garantir boa luminosidade em todo o trajeto.

Naquela charmosa avenida, quase tudo estava tranquilo como sempre esteve, a não ser pelo casal de jovens que se aproximava. A garota, de aparência ríspida e aparentemente irada, vinha logo a frente à passadas rápidas e fortes, balançando seus braços e os longos cabelos loiros com extrema indelicadeza, seguida do rapaz preocupado e arrependido, a julgar pela sua aparência, o qual tentava acompanha-la.

– Eu já te disse Archie, pode ir embora para sua casa, depois nos falamos por telefone... Eu mesma lembrarei de te mandar uma mensagem.

– Clarke, eu não quero conversar depois, muito menos por telefone. Eu preciso saber o que está acontecendo... – respondeu.

– Nada, nada tá acontecendo Arch, eu só não estou bem. – retrucou Clarke enquanto caminhava na direção da calçada de sua casa.

– Você estava bem a 5 minutos atrás, princess. Please, be honest with me...

– Já falei pra não ficar falando em inglês comigo quando eu estiver estressada... – disse enquanto abria o portão. – Até breve Arch. – Clarke fechou o portão sem ao menos olhar nos olhos de Archie.

Ele continuava ali parado olhando para o portão que outrora havia se fechado em seu rosto. 10 segundos de silêncio. Em seguida, a partida. Enquanto caminhava de volta para casa, desta vez sozinho pela Sant. Clifford, Archie recapitulava todos os seus atos, todas as suas palavras, todas as demonstrações de emoções que realizara enquanto estava no cinema com Clarke, a procura de algo que explicasse aquele comportamento estranho, aquela maneira rude que Clarke lhe tratara.

Ao chegar em casa e, simultaneamente, terminar a revisão da noite, Archie chegara a conclusão que não possuía culpa por aquela situação. A procura de algo que lhe fizesse esquecer tudo aquilo que havia acontecido, foi direto ao banheiro, tomou um banho de 25 minutos, escovou os dentes por 10 minutos, vestiu seu pijama e se deitou. Percebeu que 15 minutos haviam se passado; não conseguira dormir. Seus incontroláveis pensamentos não se desviavam da garota com a qual imaginara viver toda uma vida, e que, de modo contraditório, não demonstrara nenhum afeto por ele durante toda aquela noite.

Archie dormira enquanto encarava a foto do perfil de Clarke. Antes disso, pensara sobre o futuro daquele namoro: às vezes, sentia que Clarke não retribuía o sentimento que ele sentia e demonstrava naquele relacionamento. Dentro de si havia uma terrível dúvida: o amor que sentia por Clarke era realmente mútuo? Com um salto da cama, Archie acordou ao ouvir batidas repetitivas em sua porta. Ora, quem estaria incomodando-o às 2 da manhã? Ao abrir a porta ainda sonolento, surpreendera-se:

– Amor, posso entrar? – disse Clarke, embora já estivesse entrando e se sentando no sofá de Archie.

– Clarke, sem querer ser rude com você, mas o que você faz aqui a uma ho... – Archie fora interrompido com o choro reprimido de Clarke.

– Desculpa. Por favor me desculpa... – Clarke continua a chorar, desta vez de forma mais intensa.

– Ei, não precisa se desculpar, muito menos chorar por isso sweetie... – Archie agora parecia menos estressado, menos curioso, e mais preocupado. Sentou-se ao lado de Clarke e a abraçou.

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