V No obscuro da noite
No escuro da noite eu enxergo uma obscura alienação
Gente amarrada e acorrentada em seus grilhões
Medos e fantasmas, almas com asma, uma intrigante dominaçãoA boca da noite que engole gente sem dente
Corpos vazios tornam macia a mastigação
Um banquete farto para uma farta degustaçãoA noite não é criança é uma senhora que domina suas poucas horas
Seus olhos arregalados observam tudo e todos
Os seus ouvidos conseguem ouvir todos os gritos de socorroNa noite nada e puro com seus seres impuros
Corpos em exposição, hálitos de alcatrão
O silêncio e quebrado com constantes tilintar
Só param quando a alma se quebrarQuando amanhecer e o obscuro desaparecer
O sol vai torrar toda essa noite nefasta
Porque os corpos vadios e vazios já estavam pedindo um bastaJonas Luiz
São Paulo, 28/07/18