Agosto de 1833
Dez anos depois.
Northumberland
Estava no último mês do verão, os dias já estavam mais frios, um sinal claro de que o outono não tardaria a chegar. Eu olhei em direção a janela, e por algum motivo me lembrei de londres no outono, aquela era minha época preferida ano. As árvores tinham uma coloração entre amarelo, laranja e vermelho, formando um degradê de cores e dando um pouco de vida a cinzenta Londres. O pôr-do-sol era o que mais sentia falta de ver, diferente de Edimburgo, Londres era mais sombria. Sentada ali enquanto escrevia algumas cartas me lembrei de todo o tempo que estava aqui.
Durante dez anos vivi uma vida tranquila em Northumberland, no começo me sentia incomodada com os olhares de pena que os criados me lançavam, principalmente na hora das refeições, porém não me deixei vencer. No final de um ano todos no castelo já tinham se acostumando com minha presença e me tratavam com carinho, em especial a governanta, a senhora Wyatt.
Pra ser sincera nutria a esperança de que um dia meu marido voltasse, mas isso foi no início. No terceiro ano de minha estadia, já conhecia cada canto do castelo e sua história centenária, conhecia todos os quadros e esculturas, mas logo o tédio começou a me consumir aos poucos e apesar de a residência ser majestosa, comecei a encarar o local como uma prisão e minha esperança juvenil de um retorno do duque estava muito abalada.
Não tinha contato com outras pessoas, salvo algumas poucas palavras que trocava com os serviçais, algumas cartas breve com duas amigas, da época em que estava na escola para damas e minha família.
A informação da capital sempre chegava atrasada e por muitas vezes tinha que ler os folhetins de fofocas sobre as conquistas amorosas do Duque, no começo doía muito ler aquelas fofocas e no final já sentia raiva, a raiva lhe dava forças para não demonstrar fraqueza, já não era mais uma mocinha e suas fantasias já havia a abandonado.
Por isso já não ligava mais se seu marido tinha um harém de amantes a sua disposição. No quinto ano ali dentro sentia-se totalmente depressiva, não conseguia dormir direito, não conseguia comer bem e não queria mais sair do quarto, em consequência disso perdi muito peso e suas roupas já não me serviam mais, a verdade era que começava e definhar e acreditava que se morresse ali, todos sentiriam alívio, inclusive eu mesma.
Foi quase no final do sexto ano que recebi o convite de passar alguns meses com minha grande amiga Amália, agora Condessa de Devon e para minha surpresa estava morando em Edimburgo, na capital da Escócia. No início recusei, mas depois de um tempo e algumas recusas, aceitei passar as datas de final de ano com ela e sua família. Fui recebida com muito carinho por Amália e seu marido Lorde Mason. Edimburgo era tão movimentada quanto Londres, e como pretendia ficar um tempo por lá tratei logo de comprar roupas novas e para minha surpresa tive que encomendar um enxoval inteiro de vestimenta, a moda havia mudado e eu não me enquadrava mais nos parâmetro impostos pela sociedade.
Foram dois anos maravilhosos da capital da Escócia, mas me recusava a aparece em público, não estava preparada para ser questionada sobre meu casamento. No início de 1831, Amália me confidenciou que Lorde Spencer estava na cidade a mando do rei, e eu me desesperei. Voltei o mais rápido possível para atrás dos muros do castelo Richmond, eu era uma mulher adulta, mais fugi como uma garotinha que fez algo de errado, se eu fosse sincera comigo mesma eu diria que tinha muito medo de encontrar com o Duque, tudo nele me fazia sentir mágoa, só de ouvir o nome dele meus sentidos já se alertavam.
Já na segurança do castelo eu comecei a me dedicar aos estudos das artes, música, dança, etiqueta e moda, minha fome por conhecimento só crescia.
Escutei o som de um cavalo na estrada, me acordou de meus devaneios. Levantei apressadamente de minha escrivaninha e olhei em direção a janela, já era bem tarde do dia para uma visita, só podia ser um mensageiro.
Desci as escadas e cheguei ao Hall de entrada no momento em que o mordomo recebia um envelope, por algum motivo que não sabia explicar ao certo algo se acumulou dentro de mim.
― Correspondência, minha senhora. ― O mordomo me estendeu o papel e meu corpo tremeu um pouco.
―De onde?
―Londres, vossa graça.― Estendi minha mão pegando a carta, abri o envelope e olhei a breve mensagem escrita no papel por uma caligrafia impecável que eu conhecia muito bem.
Laura,
Venha a Londres, nossos pais faleceram em um acidente nas estradas de Bristol e Emilly só tem você, para ajudá-la em sua apresentação a sociedade.
Marcus
Ps: Você não pode fugir pra sempre de Londres e de seu marido.
Minha lágrimas acumularam em meus olhos e molharam o papel em minha mão, manchando os palavras ali escritas, o mordomo me olhava com compaixão. Eu sentia um dor muito grande em meu peito, meu maior arrependimento era não ter me despedido dos meus pais direito.
―Providencie para que o mensageiro tenho tudo o que precise para o seu retorno à Londres.― olhei para o mordomo.
―Sim, minha senhora.
―Também peça a senhora Wyatt, que providencie a arrumação de minhas malas e as de minha criada de quarto. Estaremos partindo para Londres amanhã cedo.
― Com licença.― O mordomo saiu levando o mensageiro consigo.
E eu retornei ao meu quarto, estava voltando para casa, estava retornando a Londres.
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Escândalos A Meia Noite
Ficción históricaNa tentativa de ajudar sua melhor amiga a fugir de um casamento arranjado, Laura Turner é flagrada em uma cena muito comprometedora com Lucien Spencer, o sétimo Duque de Richmond e pretendente de sua melhor amiga. Sem saber ao certo o que realmente...