Uma dor que não deveria existir

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Maya Blarson

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Maya Blarson

   O fogo descia do céu em forma de chuva, caindo sobre o manto de palha no chão. 

   O campo aberto não permitia que eu me escondesse, estando na fácil mira de quem quisesse me atacar. Ao longe, as árvores se estendiam como sombras em brasa, esperando-me à espreita, como gigantes e esqueléticos soldados.

   Do lado aposto ao que estava, majestosos cães caminhavam graciosamente em minha direção, esbanjando suas grandes presas e olhos flamejantes. Não precisei procurar por muito tempo em minha mente para saber o que eram, já que cachorrinhos normais estavam longe de ser. Cães infernais.

   Eu não sentia medo, muito pelo contrário, estava estranhamente calma, algo que me preocupou. O calor das labaredas era aconchegante e ali tinha a macabra sensação de poder, como uma renovação de minhas energias. Tais eram revigoradas por meio de cada grito dolorido que ecoava por todo o grande perímetro, cada lamúria e choro, meu corpo alimentava-se desse complô melancólico.

   E então, os quatro grandes e perigosos animais, que nem ao menos deveriam existir, me rondaram. Mas eles não pareciam querer me machucar ou devorar-me viva, estavam me idolatrando como se fosse uma espécie de divindade para eles.

   Meu peito subia e descia pacificamente. As roupas que usei pela manhã para ir ao colégio continuavam intactas, fazendo-me questionar, pela primeira vez, como havia chego ali. Tudo indicava que não estava nem um pouco perto de Beacon Hills, a atmosfera era demasiado diferente, mais sobrecarregada e aterradora. E, creio também que não choveria fogo na pequena cidade.

  Eu posso estar em qualquer lugar, menos no mundo humano.

   Os cães chegaram até mim e, contra todos os fatores, dois deles deitaram-se um de cada lado meu, com a cabeça apoiada nas patas dianteiras, os outros dois ficaram um pouco à frente, como se para proteger-me de alguma coisa.

   Ajoelhei-me entre os animais, e, hesitante, acariciei seu pelo macio e escuro. Olhando dessa forma, pareciam cachorros domésticos, poderia dizer até que eram fofos. Com as línguas para fora da boca e os rabos compridos balançando donairosos, chegavam a aquecer meu coração de forma peculiar, já que para qualquer um eles teriam uma aparência medonha. Mas, cachorro é cachorro, não?

   Suas orbes focaram em algo específico, à nossa frente. Rapidamente, levantaram-se e ficaram com uma postura impecável para um animal. Confusa, olhei na mesma direção.

   Sabe quando o seu coração simplesmente para de bater? Quando a adrenalina e ansiedade são tamanhas que ele simplesmente "sufoca"? Em um momento em que fica sem pulsar para então disparar em seu peito como se estivesse em uma corrida pela vida junto aos personagens de Maze Runner? Então, isso acabou de acontecer comigo.

   Há anos que não tenho medo. Sempre me privei desse sentimento pois sabia que meus irmãos carregavam mais fardos que eu nas costas, acarretando em diversas crises de ansiedade ou pesadelos repentinos, onde eles realmente ficavam apavorados. Então, depois do meu último ataque de pânico, eu proibi à mim mesma de deixar-me sucumbir ao medo. Porém, depois de tantos anos, eu volto à sentir essa merda, e, francamente, que sensação desgraçada!

The Emperors of Chaos - TW HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora