Prólogo.

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Selena Gomez

Eu estava praticamente na cova. Sim, mas não é drama dizer isso quando eu poderia facilmente nos próximos dias ser encontrada em algum dos lugares onde eu passava a noite morta e ser enterrada como indigente.

Quando me sentei no beco, ao qual eu passava a maior parte das noites em que não conseguia vaga em algum abrigo para fugir dos perigos para uma jovem mulher durante a noite fria de Atlanta, me peguei observando as rabiscadas paredes descascadas com tijolos a mostra me perguntando se esse seria mesmo o meu fim. Meu estômago grunhiu alto em minha barriga. Eu já não sentia mais fome, era dor. 

Meus lábios feridos pela pressão de meus dentes em ambos para suprimir a fraqueza e o incômodo constante no meu corpo inteiro. Estava frio esta noite. Me encolhi junto às duas grandes e altas lixeiras verdes vazias abraçando minha mochila com as surradas peças de roupa que consegui salvar.

Você quer conhecer minha história? Então vamos lá.

À dois anos atrás fui surpreendida em minha própria casa com três homens grandes o bastante pra causar mais do que medo. Confesso que achei que ali, naquele momento, eu iria sofrer muito mas sinceramente não pode-se comparar ao que estivera por vir. 

Os homens chegaram até mim com uma conversa sem sentido em que eu estava pagando pelas dívidas do meu pai.

Um alcoólatra morto numa briga de bar por não pagar o que devia quando fez diversos empréstimos para tentar suprir as dívidas de casa ao qual o mesmo não conseguia pagar. Eu não tinha estudo, meu pai sempre foi muito protetor apesar dos pesares e após eu sofrer ataques de bullying na escola em que estudava - quando mais jovem -  ele conseguiu me transferir para um novo colégio no mesmo bairro por conta da política americana dos alunos matriculados não poderem ser de outra região da cidade, porém ainda assim longe demais, o que levava de mim quase 7km para estudar e sem uma bicicleta, dinheiro para o ônibus e a asma que me perseguia desde pequena me fazendo desistir. 

Consegui um trabalho de garçonete numa pequena lanchonete na beira da estrada perto do subúrbio onde morávamos mas digamos que não era o melhor salário do mundo. Bem, considerando o que eu tenho agora que é nada eu não deveria ter reclamado na época.

O choque da notícia do meu pai morto sem a chance de dizer que o amava mais uma última vez me fez bloquear tudo a minha volta.

"Você tem direito de levar algumas roupas; alguma comida e dinheiro que seja seu garota, todo resto vai pagar a dívida de merda que seu velho deixou com o patrão." – disse.

Corri para meu quarto sendo seguida pelo outro grandalhão enquanto ele fiscalizava o que eu pegava. Consegui arrumar uma grande mochila de viagem com o essencial de roupas e o que eu precisava comer e ter para passar a noite.

Após sair da casa tudo que eu via era um futuro perdido, segui até a lanchonete para pedir ajuda ao seu Rubens que era o proprietário mas tive um total de 10 gritos ignorados mesmo que soubesse que ele estava em seu trailer atrás do local com a luz da cozinha acesa.

Depois de enfrentar dias entre conseguir passar a noite em algum abrigo, comer algumas sobras na lanchonete e chegar atrasada para trabalhar fui demitida para completar a tragédia. Muita desgraça para uma pessoa só, não?

Recebi meu dinheiro e fiz meu caminho para a cidade mais próxima e grande a qual eu poderia ter alguma chance. O ônibus para Atlanta foi o maior conforto que eu ia ter conseguido em meses sem meses ter me dado conta disso.

Às vezes me pergunto se teria dado mais certo se eu tivesse ficado na minha pequena cidade natal sem perspectiva por mais que eu não tivesse ninguém com quem contar naquele lugar.

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⏰ Last updated: May 14, 2019 ⏰

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The Hips of a Thief.Where stories live. Discover now