Capítulo único.

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E cá estava eu, sentindo o vento tão intenso passar pelo meu rosto, fazendo meus cabelos flutuarem, olhando pra cima e pensando em como cheguei até aqui, por que cheguei aqui? Me chamo Cristine mas todos me chamam de Cris tenho vinte e oito anos, não me considero nem gorda nem magra, sou ,saudável e tenho longos cabelos pretos, dizem que meus olhos ficam verdes no sol mas eles são castanhos bem claro, um tom de mel se assim posso dizer, minha boca é carnuda mas nada exagerado, vou a academia dia sim e dia não, sou formada em gastronomia e já visitei muitos países procurando os melhores sabores que eu poderia sentir, isso me estimulava e me dava sentido, isso e é claro meu marido Nate, de trinta e quatro anos com aparência de vinte e dois, musculoso, de olhos azuis, bem alto cerca de 1,90m, ele vai a academia quando pode, seus cabelos são castanhos claros quase loiros, ele é professor de duas universidades para ajudar no orçamento, não temos filhos mas gostavamos de viajar. Eu tenho uma irmã, Lucy de vinte anos que faz faculdade de advocacia, tenho muito orgulho dela apesar dela fazer tudo para tentar ser melhor que eu, ela é bem parecida comigo porém é mais magra, pelo que me lembro ela tem problema na tireóide o que faz ela ser excessivamente magra, mas nossos traços quando se trata do nosso rosto eles são quase idênticos, meu pai se chama Henry e minha mãe Namya, apesar das dificuldades da vida eles foram bons pais, hoje ambos de cabelos brancos e saudáveis na medida do possível, meu pai tem colesterol alto e minha mãe diabetes, espero que ela tome certinho a insulina, já tive que leva-la ao hospital inúmeras vezes para o hospital pelo mesmo motivo: ela não tomou a insulina corretamente. Lembro-me da minha família na minha formatura, foi um dos momentos mais felizes da minha vida, vi todos até mesmo Lucy sentindo orgulho de mim...Minha vida até aqui não foi ruim, foi? Mas por que estou aqui?

Isso tudo tem acontecido tão rápido, o motivo de eu estar aqui é que talvez não estivesse tudo bem tem muito tempo e eu vinha mascarando, meu marido sempre foi tão agressivo assim? Estavamos numa festa hoje, eu quis ir embora porque vi ele se insinuando pra umas garotas mesmo comigo e minha irmã na mesma festa,cheguei a comentar com ela sobre me divorciar dele, acho que não aguentei, mas olhando um pouco mais pra trás eu já queria ir embora, mas nunca pensei em chegar até aqui, quem diria não? Eu queria o divórcio, estava cansada de me sentir sufocada, pressionada, agredida, humilhada, eu estava cansada do Nate em minha vida, nos momentos difíceis eu nunca pude contar com ele, por que aguentei tudo isso? Pode ter sido muita paixão desenfreada por alguém que nunca me mereceu de verdade, no fim ele veio me agredindo no carro, foram dois tapas no rosto, da garagem até o elevador, a ideia de me perder o deixou mais louco e irado do que ele ja era, me lembro de dizer hoje, no elevador ao chegamos no nosso andar o vigésimo terceiro:
-Nate, eu quero o divórcio-Com convicção e olhando nos seus olhos, pude sentir a furia dele quando ele me segurou pelo braço e me jogou pra fora do elevador me fazendo então cair por tamanha força que ele fez.
-Você quer se separar de mim Cristine? Você tem outro alguém? Você está me traindo sua vadia?-Pude sentir seu ódio em cada palavra.
-Óbvio que não Nate! Só estou cansada disso, da forma agressiva que você me trata, você é um bossal. Estou indo pra casa da minha mãe, tire suas mãos imundas de mim antes que eu chame a polícia, estou cansada dos seus abusos, das suas agressões, desse relacionamento tóxico e sem nenhum tipo de respeito.-Abri a porta de casa e fui direto pro meu quarto, abri minha mala que eu já tinha usado para ir pra tantos lugares, experimentar tantos sabores deliciosos, desgustar ótimos vinhos, queijos, doces e pratos incríveis, agora ela seria meu passaporte pra uma vida tranquila longe do monstro que o Nate tinha se tornado ou sempre foi e eu vendava meus olhos pela paixão e fingia não ver.
-Ta certo então, vai la arruma tudo senão eu taco fogo nas suas roupas.-Ele inacreditavelmente disse aquilo rindo, em tom irônico, tirou seu terno o deixando jogado no sofá, logo seguiu em direção a pequena adega presente no nosso apartamento que ficava na sala próximo a cozinha e serviu-se de um caro e bom whisky, alargou sus gravata e abriu alguns botões da sua camiseta social, carregou aquela garrafa de whisky pra tudo que é lado, enquanto eu socava as roupas todas abarrotadas na mala porque eu só queria sair daquele lugar o mais rápido possível, peguei minhas chaves e fui abrindo a porta devagar já que não via o Nate, precisava aproveitar antes que ele tentasse me impedir. Acho que fui lenta de mais, ele ouviu o barulho da porta destrancar e saiu da sacada do prédio, jogando a garrafa de whisky na parede bem ao meu lado, recordo de ter arregalado os olhos, assustada eu só conseguia tremer, eu travei ali, deu tempo dele me agarrar e eu só consegui gritar:
-SOCORRO, SOCORRO POR FAVOR ALGUÉM ME AJUDE SOCORRO!!!!-Nate riu, e aquele sorriso maldoso seguido de uma gargalhada forçada como quem ri de dó foi a última visão que tive e a última coisa que eu ouvi, ninguém veio me ajudar, mas aposto que muitos ouviram a garrafa quebrar na parede, os gritos de Nate e toda aquela situação. Agora eu estou aqui, caindo como um pássaro sem asas, Nate teve mesmo coragem de me jogar daquela sacada, jamais imaginei que ele seria violento e sedento por sangue a esse ponto, não sei nem ao certo porque estou morrendo, eu só queria ter paz acho que finalmente a encontrei, só não da maneira como queria, pensei que encontraria essa paz ainda em uma longa vida.

-A chefe de cozinha Cristine Moumorato foi encontrada morta na calçada do prédio onde morava, o marido que estava no apartamento chorou ao falar da esposa dizendo que não consegue tirar da cabeça a cena de sua esposa se jogando após dizer que o amava. Cristine não tinha histórico de doenças psiquiátrica de nem fazia algum tipo de tratamento pra depressão. A família da vítima contesta a alegação do marido dizendo que Cristine jamais teria motivo, ideias ou se quer comentado sobre suicídio, os familiares acusam Nate Machust de ter jogado a esposa do vigésimo terceiro andar por Cristine querer se divorciar do acusado, sendo ela mais uma possível vítima de feminicídio. A polícia está investigando a situação e conta com o depoimento de uma testemunha, uma perícia realizada com um boneco de mesmo peso e altura que Cristine diz que a queda levou cerca de quatro segundos e ela morreu na hora de traumatismo craniano, foram encontradas inúmeras fraturas e órgãos perfurados causados pela queda e antes mesmo dela o que fez a polícia reconsiderar o depoimento de Nate. Nada foi concluído até agora e a policia continua com a investigação.-Dizia a repórter do noticiário pela televisão do apartamento de Cristine e Nate.

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