26 - Identidade

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Uma semana se passou, e graças a Mari e Pan, Wolf está quase completamente recuperado, ainda não pode se esforçar demais, mas ja consegue fazer suas coisas normalmente. Sabemos que Edgar sabe onde é nossa base, ele não deve saber que temos mais complexos parecidos com esse, mas ver que não causou muitos danos deve o ter deixado cauteloso, porém vamos também tomar uma posição ofensiva sobre a situação.


- Mãe quero discutir um problema que eu e os outros estamos suspeitando... - Digo.


- O de um possível traidor?


- Como você!?


- Glitch é muito inteligente. Estávamos contando com essa possibilidade faz um tem um tempo. Mas sabíamos desse ataque desde um dia antes de ele ocorrer. Glitch hackeou o sistema do império, e agora noventa e nove porcento da informação deles é nossa também.


Isso é muito bom. Se a gente monitorar os passos deles estaremos sempre a frente deles.


- Mas ao mesmo tempo, é como se eles soubessem disso. As comunicações estão escassas. Nori nos passa o principal, mas eles estão suspeitando dela agora. O fato de que ela nasceu do lado de nossa casa ainda ficou oculto por muito tempo. Mas quando veio à tona, ela não recebe mais informações sobre as missões antecipadamente. Precisamos também ter perdas pra não deixar tão claro que temos alguém infiltrado lá. Mas ao mesmo tempo, essa informação de Nori não é disponível para todos. Isso é limitado para nos do "alto" escalão. E para as pessoas que cuidam das comunicações.


- Logo você fala de aceitar perdas? Tony, eu sei que muita coisa aconteceu. Mas não podemos perder o foco. Justificar a morte de pessoas por um fim? Isso é o que foram sistemas caóticos antigos. Extermínio em massa, era o meio de se chegar ao fim desejado. E isso era bom?


- Mas eu não to falando de matar todo mundo. Eu acho que numa situação de guerra é normal pessoas morrerem.


- Você ainda tem muito o que aprender Tony. Quando perder alguém próximo a você, isso vai ser diferente. Eu sei que Wolf quase morreu, mas, ele ainda está com nós. Qual foi a sensação de achar que perdeu um amigo?


- Honestamente. Não sei descrever. É como se arrancassem um órgão meu.


- Agora imagine isso. Dia após dia. E mês após mês. Mas sabe. Isso nunca passa. É como se todos os dias eu levantasse e tivesse acabado de perder seu pai, e os pais da Marina de novo e de novo e de novo.


- Eu não...


- Tudo bem. Infelizmente é algo que você se acostuma. Não deveria. Mas acontece. Agora Tony, eu quero te perguntar uma coisa. - Ela olha para frente e meche no cabelo para não cobrir os olhos. Seus olhos cansados e escuros são, de um certo modo, reconfortantes. - Se você estivesse em um esquadrão de assalto. E alguém ficasse pra trás. O que você faria? Sendo o comandante do esquadrão?


Eu olho para o chão para pensar. Eu imagino pelo o que ela passou. Penso em Mari, em Pan, em Wolf. Eu simplesmente respondo:


- Nenhum homem deve ficar pra trás. Mesmo que isso custe a vida de todo o esquadrão. Um homem é mais importante que a missão.


Os olhos dela se enchem de lágrimas. Não sei de onde tirei essas palavras. Elas, simplesmente vieram. Ela levanta a mão ao rosto e enxuga as lagrimas com um grande sorriso no rosto.


- Seu pai teria orgulho de ter um filho como você.


Ela me abraça bem forte, como se eu a tivesse feito se lembrar de algo. Mas ela não me fala o que seria isso.


- Tony, amanhã vamos resolver uma tática de extração. Descanse. Isso vai ser bem planejado.


Dessa vez eu a abraço e nos despedimos. Ando em direção oposta a ela. Vou passar no dormitório de Wolf e ver como ele está. Viro algumas vezes em alguns corredores. Desço dois andares e entro na ala médica. Mari me avista e vem falar comigo.


- Tony! O que você veio fazer aqui? É o que eu to pensando?


- Se for aquele rabugento, é.


- Ele deve estar dois níveis abaixo, na ala de fisioterapia. Ou nos alojamentos médicos no mesmo andar. Mas conhecendo ele...


- Fisioterapia. - Falamos juntos.


Damos uma breve risada tomada pela preocupação. Saio da ala médica e entro novamente no elevador. Aperto o botão para descer ao nível 10, que pelo que sei deve ser uns cinquenta metros abaixo da terra. Cada antar tem em media três metros e meio de pé direito. Isso da uns três metros e oitenta por andar, mais o nível do estande de tiro e uns metros de terra sobre nossas cabeças, ainda tem mais vinte e cinco níveis abaixo, tanto de outros alojamentos, depósitos, centros de desenvolvimento e outras salas que são específicas. O segundo nível, que o ciborgue destruiu os tetos, está em reformas ainda. A previsão para a reforma é em até quatro dias, considerando que estão reforçando as paredes e estruturas, está sendo bem rápida.


Chego ao nível, o andar de recuperação é bem simples, tem salas nas extremidades, uma sala central rodeada por um corredor em formato retangular contínuo que sai em frente ao elevador. Basicamente todo o prédio tem esse formato retangular. As dimensões são as mesmas do estande de tiro. Saio do elevador e ando em direção à porta da sala central, é a sala da fisioterapia. As salas ao redor são alojamentos básicos para os feridos que estão em recuperação. Parece ser uma má ideia colocar feridos e debilitados tão perto da superfície. Mas pensando bem. Esse andar é um dos mais protegidos, e tem suprimentos para alguns dias de isolamento para varias pessoas. Os andares mais protegidos que esse são os últimos, que são os depósitos. Bem estou entrando na sala de fisioterapia e vejo Wolf levantar trezentos quilos em uma maca de supino.


- Você não acha isso um pouco exagerado?


Wolf apoia a barra com os cento e cinquenta quilos de cada lado no suporte e senta na própria maca.


- Isso é só um terço do meu limite. Na verdade é mais um aquecimento. Eu prometi que não ia levantar mais que quinhentos quilos.


- Você não existe.


Wolf ri. Se eu fosse tentar levantar meu máximo, acho que seria justamente uns trezentos quilos.


- Espera, você consegue levantar novecentos quilos?


- Meu recorde é novecentos e cinquenta e seis quilos - Ele diz sorrindo.


- Isso é exagerado - Digo rindo - Mas Wolf, eu vim aqui discutir uma outra coisa mais seria. - Seu semblante muda quase que imediatamente


- Já sei do que é.


Ficamos em silencio por alguns instantes enquanto lagrimas se formam aos olhos de Wolf.


- Quem... É... O... Ciborgue?


- Sully, o... - Wolf respira e engole a seco suas palavras que vão sair de sua boca. - Pai da Mari.

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Fala minha gente! Tudo certo?
Se gostaram do capítulo, deixem seu voto e comentem suas impressões.
Semana que vem vai ter desenho, por que tem uma cena que eu quero muito desenhar... então no capitulo 27 vai ter um desenho sim...
Espero que gostaram, e vamos la... agora os capítulos começam a ficar mais compridos e detalhados, mais ação e tambem um pouco mais de emoção...
Estamos a uns 10 capitulos do final da primeira parte (minha ideia por enquanto é ter umas quatro partes) mas vamos vendo como vai se desenrolando a história... minha ideia quando escrevi a primeira pagina era de umas cem paginas para concluir, mas escrevi sessenta pra terminar a primeira parte... então... kkkk
Vamos indo e até semana que vem!
Obrigado por ler ♥️😀



Uma Questão de HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora