Como um presente, ela percebeu, apesar da sua modéstia. Um talento extraordinário. E ela nem sequer tinha conhecido a casa toda. Anahí se virou para observar melhor a casa e ver os detalhes que lhe escaparam na primeira olhada. A decoração era simples e funcional. A mesa de jantar, assim como, a mesa de centro e a escada, era feita de madeira maciça, elegante e posicionada cuidadosamente entre a cozinha, a parede de vidro e a sala de estar, de modo que onde quer que você estivesse na sala conseguiria ver o mar e também tudo o que estava acontecendo na residência.
E alguma reunião tinha acontecido recentemente. Havia farelos de comida, canecas de café e pratos espalhados pela mesa de centro. E na bancada da cozinha tinha uma garrafa de leite vazia.
— Desculpe pela bagunça.
— Pelo menos agora eu acredito quando você diz que precisa de alguém para cuidar da casa.
Ele resmungou baixinho, e ela sorriu para si mesma encaminhando-se para a cozinha, passando a mão pela bancada feita de ardósia, com um acabamento macio e sedoso, quase preto, contrastando com as portas laminadas dos armários. Os armários eram brancos como o resto da casa, mas curiosamente mais suaves, e o fogão era uma placa de vidro preta embutida na bancada.
— Acha que poderia trabalhar na cozinha? — ele perguntou.
Anahí riu baixinho.
— Não. Eu ficaria o dia todo distraída, olhando para o mar.
— Depois de um tempo, você se acostuma.
— Nunca. Estou muito impressionada, Alfonso. Eu adoraria ver o resto da casa, vai me mostrar?
— Claro que sim — ele disse e a conduziu de volta ao hall de entrada.
— O que tem ali? — ela quis saber, apontando para uma outra abertura, esta com uma porta de correr semiaberta.
Alfonso puxou a porta para fechar antes que ela pudesse ver.
— Meu escritório. Está uma bagunça. Você nem precisa se preocupar com isso.
Ele a levou para o andar de cima e mostrou-lhe os quartos, todos com vista para o mar e com a mesma parede de vidro. Até o banheiro da suíte master tinha uma parede de vidro, de forma que a pessoa podia se deitar na banheira e observar o mar maravilhoso e infindável.
— Nossa! — ela disse mais uma vez, baixinho.
Anahí o imaginou deitado na banheira com um copo de vinho, um livro e o mar diante de si. Anahí olhou para ele. Como seria isso? Não! Ela não devia pensar essas coisas! Ainda mais se cogitava morar ali, como sua empregada. Empregada, pelo amor de Deus! Que palavra doida. Evocava a imagem de uma senhora de meia-idade, uma matrona atarracada de uniforme cinza engomado e avental branco circulando pela casa e controlando os outros empregados. Não uma sem-teto, grávida, de 24 anos, com curso universitário incompleto e nenhuma ideia do que fazer dali para a frente. Anahí sentiu seu sorriso se dissipar.
— Muito impressionante — ela comentou, esquadrinhando a área do chuveiro e se perguntando se seria fácil manter aqueles ladrilhos limpos.
É isso se concentre na parte prática, ela pensou, e seguiu de volta para a suíte master, evitando olhar para a grande cama de casal, cujos lençóis estavam amassados e convidativos, de frente para a janela.
— Sem cortinas — ela disse ao notar esse detalhe. — Aliás, não tem cortina em lugar nenhum. É porque se mudou há pouco tempo? Eu percebi que havia uma caçamba na entrada com material de construção.
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Lar da Paixão (ADP)
FanfictionSem dinheiro, grávida e sozinha, Anahí Puente queria se estabelecer e criar raízes. Afinal, recebera alguns golpes duros da vida. Quando Alfonso Herrera a encontrou morando na casa vazia que ele acabara de comprar, sabia que deveria ter pedido que e...